Fórum em Ribeirão Preto debate os impactos do clima no agronegócio

Evento gratuito reúne produtores e especialistas nesta quarta-feira (7) para discutir estratégias de adaptação e resiliência

O Fórum Agro Regional acontece nesta quarta-feira (7), em Ribeirão Preto, com foco nos desafios climáticos enfrentados pelo agronegócio. Com início às 8h30 no Dabi Business Park, o evento tem como tema central “Impacto Climático no Agro: estratégias de adaptação e resiliência” e deve reunir produtores rurais, pesquisadores e representantes de empresas do setor. As inscrições são gratuitas e devem ser feitas online.

A programação inclui painéis temáticos, estudos de caso e momentos de interação com o público. Um dos destaques será o painel “Impactos climáticos na agroeconomia regional”, que contará com a presença de representantes de grandes propriedades e cooperativas, como Alex Fogaça (Pedra Agroindustrial), Enison Lopes (Enin Cafés Especiais) e Luciana Dalmagro (Fazenda Alta Conquista), sob a mediação de Henrique Galvani (Arara Seed).

A organizadora Maira Zampiér destaca que o evento também pretende dar visibilidade aos produtores afetados por episódios recentes, como as queimadas na região. Já na abertura, Maira e Diego Siqueira, da Quanticum, apresentarão uma retrospectiva climática contextualizando o cenário local.

Luciana Dalmagro, produtora e empreendedora rural, ressalta que a sustentabilidade deixou de ser uma escolha e se tornou um fator essencial para a sobrevivência do agronegócio. Para ela, a continuidade dos negócios no campo depende diretamente do comprometimento com práticas sustentáveis, especialmente diante das mudanças climáticas.

“As novas gerações já enxergam a sustentabilidade como uma condição indispensável para qualquer atividade econômica. Se não houver esse compromisso, o negócio perde o seu valor”, afirmou Luciana.

Agrishow intensfica movimento no aeroporto de Ribeirão Preto

Evento impulsiona aviação comercial e executiva, além de acelerar investimentos em modernização do terminal

Durante a semana da 30ª edição da Agrishow, realizada entre 28 de abril e 2 de maio, o Aeroporto Dr. Leite Lopes, em Ribeirão Preto, registrou um aumento expressivo no fluxo aéreo. Houve um crescimento de 46% no número de pousos e decolagens, reflexo direto da movimentação intensa gerada por uma das maiores feiras do agronegócio do país.

O terminal também contabilizou um aumento de 17% no volume de passageiros em voos comerciais durante o evento. A aviação executiva teve papel de destaque, sendo a principal responsável por um crescimento de 68% nas vendas de combustível aeronáutico. Para o CEO da Rede Voa, Marcel Moure, a Agrishow reforça o papel estratégico do aeroporto na economia regional. “Seus reflexos no Aeroporto de Ribeirão Preto são bastante expressivos”, afirmou.

Desde outubro de 2023, o aeroporto está passando por um processo de modernização, com previsão de investimento de R$ 15 milhões. A fase dois das obras deve ser concluída até o meio deste ano, enquanto a terceira está programada para 2026. O projeto inclui a criação de novas áreas comerciais, com ênfase em alimentação, varejo e serviços.

Entre os planos de expansão, está também a internacionalização do terminal e a construção do Cone, um condomínio de negócios voltado para empreendimentos de logística e indústria, consolidando o aeroporto como um polo de desenvolvimento para Ribeirão Preto e região.

Agrishow 2025 bate recorde com R$ 14,6 bilhões em intenções de negócios

Feira também registrou número histórico de visitantes e destaque para soluções com inteligência artificial

A 30ª edição da Agrishow, realizada em Ribeirão Preto, terminou nesta sexta-feira (2) com resultados expressivos. Segundo a organização, o evento alcançou R$ 14,6 bilhões em intenções de negócios, um crescimento de 7% em relação a 2024, quando o total foi de R$ 13,6 bilhões. O montante representa um novo recorde, especialmente no segmento de máquinas e implementos agrícolas.

Além do desempenho comercial, a feira também registrou um recorde de público, com 197 mil visitantes ao longo dos cinco dias. A procura foi tão intensa que os ingressos se esgotaram antecipadamente na maioria das datas. A edição deste ano teve como diferencial a forte presença de tecnologias voltadas à inteligência artificial e o reforço da participação da agricultura familiar.

Apesar dos números positivos, o presidente da Agrishow, João Carlos Marchesan, alertou sobre os próximos passos:
“Só será possível a concretização desse volume de negócios com um plano Safra robusto e juros compatíveis à necessidade do setor”, afirmou.

A próxima edição da Agrishow já tem data marcada: acontecerá entre 27 de abril e 1º de maio de 2026, novamente em Ribeirão Preto.

Agrishow mira expansão para 2026 e modernização do agronegócio brasileiro

Feira em Ribeirão Preto deve crescer em área para atrair mais expositores estrangeiros a partir de 2026

O presidente da Agrishow, João Marchesan, anunciou planos para ampliar o espaço da feira agrícola realizada anualmente em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Com a crescente procura por estandes, especialmente por empresas estrangeiras interessadas em atuar no Brasil, a área da feira será expandida em 2026. A intenção é fortalecer a presença internacional do evento e criar novas oportunidades de negócios no setor agropecuário.

A Agrishow, que começou em 1994 com apenas 50 expositores e 15 mil visitantes, hoje conta com cerca de 800 empresas participantes e ocupa uma área de 520 mil metros quadrados. “Não temos mais espaço. O crescimento tem sido constante e precisamos acompanhar essa demanda”, declarou Marchesan. Para ele, a abertura para o mercado externo é estratégica para atrair novas tecnologias e investimentos ao país.

Durante a edição de 2025, os ingressos se esgotaram já no feriado de 1º de maio, e a expectativa era de encerrar os cinco dias de evento com aproximadamente 210 mil visitantes. Segundo o presidente da feira, a estrutura logística também é desafiadora: cerca de 100 mil veículos passam pelo local ao longo da semana, exigindo ampla infraestrutura em serviços como alimentação, energia, saneamento e segurança.

Mesmo diante da limitação no crédito rural com juros acessíveis, Marchesan destacou que os produtores seguem investindo com recursos próprios ou financiamentos privados, mesmo com taxas que chegam a 20% ao ano. Ele reforça que o crescimento da área plantada e da demanda global por alimentos exige constante modernização. “O produtor sabe que precisa investir para acompanhar o ritmo do mercado”, afirmou.

Marchesan também apontou o enorme potencial do país para crescer de forma sustentável. De acordo com ele, mais de 40 milhões de hectares degradados podem ser recuperados e inseridos na produção agrícola sem necessidade de desmatamento. A renovação da frota de máquinas, muitas delas com mais de uma década de uso, é vista como passo crucial para elevar a produtividade do campo.

Etanol ganha protagonismo na Agrishow 2025 como motor da transição energética no campo

Tratores, aviões e pulverizadores movidos ao biocombustível refletem avanço tecnológico brasileiro

A 30ª edição da Agrishow, em Ribeirão Preto, evidencia o papel cada vez mais relevante do etanol no agronegócio nacional. A feira apresenta diversas máquinas agrícolas — como tratores, pulverizadores e até aeronaves — que utilizam o biocombustível como fonte de energia. Essa tendência reforça o compromisso do setor com práticas sustentáveis e a redução de emissões na produção agroindustrial.

Segundo João Marchesan, presidente da Agrishow, o Brasil reúne condições únicas para liderar essa transição. “A cada edição da Agrishow, temos mais expositores apresentando equipamentos movidos a etanol e outras fontes renováveis. E o mais interessante é perceber que todo esse desenvolvimento acontece aqui no Brasil”, afirmou. Ele destaca que o país, como segundo maior produtor mundial de etanol, deve não apenas continuar exportando o combustível, mas também liderar na oferta de tecnologia agrícola sustentável.

Um exemplo do uso consolidado do etanol está na aviação agrícola, com a aeronave Ipanema 203, da Embraer, que funciona exclusivamente com o biocombustível. Com 180 unidades vendidas nos últimos três anos, o modelo está presente na feira como símbolo da inovação brasileira. A pesquisa sobre o uso do etanol vai além do campo: ele também é estudado como matéria-prima para o SAF (combustível sustentável de aviação), com potencial de descarbonizar o transporte aéreo.

A expansão do etanol no setor agrícola reforça o protagonismo do Brasil na agenda ambiental global e mostra que o biocombustível, além de ser uma alternativa limpa, já é realidade prática em diversas frentes do agronegócio. A Agrishow 2025 consolida esse movimento, abrindo espaço para novas tecnologias e soluções energéticas sustentáveis no campo.

Aquecimento global pode tornar o arroz tóxico, alertam cientistas

Pesquisas apontam que mudanças climáticas afetam a qualidade nutricional e aumentam a contaminação do grão

Cientistas têm emitido alertas sobre os impactos do aquecimento global na produção de alimentos, e um dos exemplos mais preocupantes envolve o arroz — alimento básico para mais da metade da população mundial. De acordo com estudos recentes, o aumento das temperaturas e a elevação dos níveis de dióxido de carbono (CO₂) na atmosfera podem tornar o arroz menos nutritivo e até tóxico em determinadas condições.

O principal risco está ligado à maior absorção de metais pesados, como o arsênio, que ocorre com mais facilidade em solos alagados e em temperaturas elevadas. Com o aumento das inundações e das ondas de calor, essas condições se tornam mais comuns, favorecendo a contaminação do grão. O arsênio é um elemento naturalmente presente no solo, mas em concentrações elevadas pode causar sérios danos à saúde humana, como problemas neurológicos, cardiovasculares e até câncer.

Além da contaminação por metais, o aumento do CO₂ também interfere diretamente na qualidade nutricional do arroz. Estudos mostram que, sob maior concentração de dióxido de carbono, as plantas crescem mais rapidamente, mas com menor acúmulo de nutrientes essenciais como zinco, ferro e proteínas. Isso pode agravar quadros de desnutrição em países que têm no arroz a base de sua alimentação diária, especialmente entre populações vulneráveis.

Outro fator preocupante é a liberação de compostos tóxicos durante o cultivo em ambientes com baixa oxigenação, típicos de plantações de arroz alagadas. Nessas condições, microrganismos presentes no solo passam a produzir metano e outras substâncias nocivas que podem ser absorvidas pelas raízes das plantas, contaminando os grãos ao longo de seu desenvolvimento.

As mudanças climáticas também alteram o ciclo de cultivo e aumentam a incidência de pragas e doenças, o que pode levar ao uso mais intenso de defensivos químicos. Esse cenário agrava ainda mais o risco de resíduos tóxicos no produto final, afetando diretamente a segurança alimentar e a saúde dos consumidores.

Diante desse panorama, pesquisadores reforçam a necessidade urgente de medidas para conter o avanço do aquecimento global, além de investimentos em tecnologias agrícolas que reduzam a contaminação e protejam a qualidade do arroz. O desafio é garantir a segurança alimentar de bilhões de pessoas em um mundo cada vez mais afetado pelas mudanças climáticas.

Agrishow destaca uso de IA para reduzir defensivos e aumentar a produtividade no campo

Pulverização seletiva com sensores inteligentes melhora o controle agrícola e promove sustentabilidade

Na 30ª edição da Agrishow, uma das principais feiras do agronegócio brasileiro, soluções com inteligência artificial se destacaram como ferramentas decisivas para uma agricultura mais eficiente e sustentável. Sensores de alta precisão e sistemas de análise em tempo real estão sendo utilizados para monitorar lavouras com grande nível de detalhe, facilitando a identificação de pragas, doenças e falhas no plantio de forma automatizada.

Um dos destaques foi o sistema Save Farm, da Irene Solutions, que utiliza câmeras e algoritmos para realizar a pulverização seletiva. Instaladas nas barras dos pulverizadores, essas câmeras identificam a presença exata de ervas daninhas e ativam apenas os bicos necessários para aplicar herbicidas. “Essas câmeras fazem o controle individual dos bicos de pulverização, usando algoritmos de inteligência artificial, que fazem a análise do solo e identificam a presença da erva daninha ou do alvo específico que está buscando para fazer o acionamento da pulverização”, explica Diógenes dos Santos Machado, diretor de produto da empresa.

Como funciona a tecnologia?

O sistema capta 30 imagens por segundo e analisa até 27 milhões de pixels por segundo por máquina, totalizando 3,3 milhões de imagens processadas por hora. Tudo isso acontece em tempo real e sem conexão com a internet, com capacidade de operação a até 25 km/h. Uma tela sensível ao toque, instalada na cabine do pulverizador, permite que o operador visualize diagnósticos, configure parâmetros e acompanhe toda a operação com precisão.

Além da eficiência operacional, a solução contribui fortemente para a sustentabilidade no campo. A Irene Solutions afirma que a tecnologia pode reduzir em até 95% o uso de defensivos agrícolas. A expectativa da empresa é alcançar 300 equipamentos em operação até o final de 2025 no Brasil e em outros países da América Latina, reforçando a Agrishow como palco para o avanço da agricultura digital.

Ribeirão Preto apresenta máquina inteligente de reciclagem na Agrishow

Equipamento transforma resíduos recicláveis em dinheiro ou doações e será instalado no Centro até maio

A Prefeitura de Ribeirão Preto lançou, na 30ª edição da Agrishow, uma máquina de coleta inteligente de recicláveis, desenvolvida em parceria com a Estre Ambiental e o Instituto Estre. A inovação tecnológica permite que os visitantes depositem materiais recicláveis e recebam um valor via PIX ou optem por doar à instituição GRAACC, que apoia crianças e adolescentes com câncer.

A novidade está em exibição no estande da Prefeitura na feira, onde os frequentadores podem conhecer o funcionamento do equipamento. Até o fim de maio, a máquina será instalada em pontos estratégicos da região central da cidade, como parte do Programa de Revitalização do Centro. O objetivo é estimular o descarte consciente e facilitar a adoção de práticas sustentáveis.

“O equipamento representa mais um passo em direção à modernização de Ribeirão Preto. Queremos uma cidade mais limpa e alinhada à economia circular. Além disso, a parceria com a Estre mostra nosso compromisso com a sustentabilidade”, declarou o prefeito Ricardo Silva.

A máquina é capaz de identificar automaticamente itens como latas, garrafas PET, aerossóis e embalagens longa vida. Ao utilizar a tela interativa, o cidadão escolhe entre acumular pontos ou doar. Cada item inserido gera créditos, que são revertidos em valor monetário ou doações. Todo o material recolhido será encaminhado à cooperativa local “Mãos Dadas”.

A iniciativa integra os esforços da Agrishow 2025 em promover inovação e sustentabilidade. O estande da Prefeitura está localizado na Rua E-13 do evento, que ocorre até 2 de maio em Ribeirão Preto e deve receber cerca de 195 mil pessoas.

Agrishow: Maior feira de tecnologia agrícola do Brasil começa com otimismo no campo e juros em alta

Evento reúne 200 mil visitantes em Ribeirão Preto e projeta R$ 15 bilhões em negócios, apesar dos desafios com juros e Plano Safra

A Agrishow 2025 começou nesta segunda-feira (28) em Ribeirão Preto (SP) e deve atrair até sexta-feira (2) cerca de 200 mil visitantes de mais de 70 países. Realizada em um espaço ao ar livre com área equivalente a 53 campos de futebol, a feira conta com 800 expositores nacionais e estrangeiros, consolidando-se como uma das maiores vitrines de tecnologia agrícola do mundo.

Com o tema “O Futuro do Agro de A a Z”, o evento oferece inovações como colheitadeiras de última geração, pulverizadores autônomos, sistemas conectados de irrigação e soluções digitais para agricultura e pecuária. Além disso, startups e agtechs também marcam presença, oferecendo ferramentas que vão desde o multicultivo até a comercialização de commodities. Um dos destaques visuais é a exposição que relembra os 30 anos de história da feira.

Apesar do ambiente propício para o avanço da produção agrícola, o cenário econômico impõe desafios. Produtores enfrentam dificuldades com as altas taxas de juros e a ausência de recursos do novo Plano Safra, ainda não anunciado. Na cerimônia de abertura, o presidente em exercício Geraldo Alckmin afirmou que o governo trabalha para ampliar o crédito rural, mas alertou para a necessidade de equalizar os juros para facilitar o financiamento.

Ainda assim, a expectativa de negócios é otimista. Os organizadores projetam cerca de R$ 15 bilhões em intenções de venda, um aumento de 10% em relação ao ano anterior. O presidente da feira, João Carlos Marchesan, afirmou que a produtividade no campo e a redução nos custos de insumos compensam a instabilidade nos preços das commodities, mantendo o setor ativo.

A presença internacional também é forte, com compradores de países como Estados Unidos, Índia, Colômbia, Holanda e Hong Kong. Rodadas de negócios com representantes estrangeiros ocorrerão entre os dias 29 de abril e 1º de maio. No ano passado, essa iniciativa movimentou aproximadamente US$ 49 milhões (R$ 260 milhões), e os números devem crescer com o aquecimento do mercado de exportações agrícolas.

Além das inovações tecnológicas, a feira receberá ações institucionais. A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo transferirá suas atividades para o evento, onde anunciará projetos, pesquisas e investimentos em áreas como psicultura, pecuária sustentável e novas cultivares. O evento também não terá mais pousos e decolagens de aeronaves, uma medida adotada após o acidente com helicóptero na edição anterior.

Informações úteis para o visitante:

  • Data: até 2 de maio, das 8h às 18h
  • Local: Rodovia Prefeito Antônio Duarte Nogueira, Km 321, Ribeirão Preto (SP)
  • Ingressos: R$ 80 (online) e R$ 140 (na bilheteria local)
  • Estacionamento: valores entre R$ 70 e R$ 110 por dia

Guerra tarifária entre EUA e China impulsiona agro do Brasil, diz financial times

Com aumento de tarifas e tensões comerciais, Brasil se destaca como fornecedor estável para China e Europa

A intensificação da guerra tarifária entre Estados Unidos e China está gerando efeitos colaterais inesperados — e bastante positivos — para o setor agropecuário brasileiro. Segundo reportagem do jornal britânico Financial Times publicada neste domingo (13), a elevação das tarifas comerciais entre as duas maiores economias do mundo vem fortalecendo a posição do Brasil como principal fornecedor de alimentos para mercados estratégicos, como China e União Europeia.

De acordo com a publicação, o Brasil já havia se beneficiado da primeira onda de tarifas imposta ainda no governo Trump, mas agora colhe novos frutos após o anúncio de sobretaxas americanas que podem chegar a 145%. Com isso, o país ampliou sua liderança na exportação de soja, carne bovina e aves para os chineses. Só no primeiro trimestre de 2025, a exportação de carne bovina brasileira para a China cresceu 33%, enquanto a de frango subiu 19%. A soja brasileira também ganhou mais espaço, superando a concorrência norte-americana.

Essa movimentação no mercado global preocupa o setor agrícola dos EUA. A reportagem menciona que o presidente da Associação Americana de Soja, Caleb Ragland, chegou a publicar uma carta aberta pedindo que o ex-presidente Donald Trump busque um acordo com a China o quanto antes, diante das perdas crescentes de mercado. A China, por sua vez, tem restringido a entrada de carne bovina americana e limitado a importação de outros grãos como milho, trigo e sorgo.

Apesar da posição vantajosa, o Brasil ainda enfrenta desafios estruturais. O Financial Times ressalta gargalos logísticos no país, como limitações nos portos e problemas na infraestrutura de transporte. Mesmo assim, especialistas acreditam que o cenário favorável pode atrair investimentos estrangeiros para melhorar a logística brasileira, especialmente com o aumento da demanda internacional. A expectativa é que países como China e membros da União Europeia intensifiquem seus laços comerciais com o Brasil.

Por fim, o jornal britânico alerta para uma possível pressão sobre a capacidade de produção brasileira. Com a queda da participação dos EUA nas importações chinesas de alimentos — de 20,7% em 2016 para 13,5% em 2023 — e o crescimento do Brasil no mesmo período, de 17,2% para 25,2%, o país precisará se estruturar melhor para atender à crescente demanda. Segundo Pedro Cordero, da Federação Europeia de Manufatura de Alimentos, a disputa por produtos brasileiros poderá aumentar os preços dos alimentos caso a oferta não acompanhe o ritmo da procura.