Temperatura Global nas Alturas: O futuro climático pode ter chegado mais cedo que o esperado
O ano de 2024 representou um marco climático alarmante, com as temperaturas médias globais da superfície do ar superando 1,5°C acima dos níveis pré-industriais por 12 meses consecutivos. Embora esse fenômeno seja preocupante, ele não significa automaticamente que a meta do Acordo de Paris tenha falhado. Dois estudos publicados na Nature Climate Change oferecem uma análise aprofundada do impacto desse aquecimento extremo e suas implicações para o futuro do clima global.
O estudo conduzido por Alex J. Cannon sugere que esse período prolongado de aquecimento extremo indica que o limite de 1,5°C do Acordo de Paris pode ter sido ultrapassado antes do esperado. Utilizando simulações do CMIP6, o estudo revela que, mesmo em cenários com rigorosas reduções de emissões, há uma probabilidade significativa de que o limite já tenha sido superado, especialmente considerando os cenários de altas emissões. O evento El Niño de 2023-2024 foi um fator importante para o aumento das temperaturas, mas outros elementos, como a erupção do vulcão Tonga e mudanças nas emissões de enxofre, também desempenharam papéis significativos.
O segundo estudo, liderado por Emanuele Bevacqua, sugere que 2024 pode marcar o início de um período crítico de 20 anos em que o aquecimento médio global atingirá ou superará 1,5°C. Isso está de acordo com a metodologia do Acordo de Paris, que utiliza médias de longo prazo para estabelecer suas metas. Os modelos climáticos indicam que, se essa tendência continuar, o fato de 2024 ter ultrapassado esse limite já marca o início de uma nova fase, com sérios desafios para o cumprimento das metas climáticas globais.
Além dos aspectos globais, o aumento das temperaturas está diretamente relacionado ao agravamento de eventos climáticos extremos. O calor recorde de 2024 foi acompanhado por ondas de calor intensas, incêndios florestais devastadores e secas severas, afetando milhões de pessoas ao redor do mundo. Áreas como o sul da Europa, oeste dos Estados Unidos e partes da Austrália enfrentaram incêndios sem precedentes, enquanto a Ásia e a África sofreram com inundações catastróficas. Esses eventos não apenas causaram danos imediatos, mas também aumentaram a vulnerabilidade de comunidades, especialmente em países em desenvolvimento.
Embora o ano de 2024 não indique necessariamente a falha do Acordo de Paris, ele serve como um alerta significativo sobre a necessidade de ações mais robustas para mitigar as mudanças climáticas. Os estudos destacam a urgência de políticas eficazes de redução de emissões e adaptação para evitar que os impactos das mudanças climáticas se tornem irreversíveis. O desafio agora é acelerar essas ações para proteger as futuras gerações e o equilíbrio ambiental do planeta.