Novas propostas legislativas e uso de tecnologia visam enfraquecer quadrilhas e reduzir crimes digitais
O Ministério da Justiça e Segurança Pública está intensificando as ações para combater os furtos e roubos de celulares, que, segundo a pasta, se tornaram a “porta de entrada” para organizações criminosas, facilitando a prática de outros delitos. A prioridade do governo é atacar essas modalidades criminosas tanto com mudanças legais quanto com o uso de tecnologias mais eficientes.
Alterações na Legislação para Enfrentar Quadrilhas
O Ministério da Justiça propôs duas frentes principais de ação. A primeira é uma mudança na legislação para aumentar as penas de quem furtar para beneficiar terceiros, como os chefes de quadrilhas, ou quem comprar celulares roubados. Com a proposta de furto qualificado, o criminoso poderia ser condenado a penas de 2 a 8 anos de prisão, enquanto o furto simples tem pena de 1 a 4 anos, sem necessariamente resultar em prisão. Além disso, o novo projeto também propõe o aumento da pena de receptação qualificada, com penas que podem chegar a 12 anos, caso o criminoso tenha comprado celulares com a intenção de revendê-los.
Essas medidas têm como objetivo enfraquecer as quadrilhas especializadas em furtos e roubos de celulares, como a chamada “mainha do crime”, que foi presa em São Paulo no início do ano. Ela agia facilitando o roubo de celulares e revendendo os aparelhos, sendo uma das principais figuras do tipo de crime digital que a proposta visa combater.
Uso de Tecnologia para Ajudar na Recuperação de Aparelhos
Outra frente do combate é o uso da tecnologia. O Ministério da Justiça vai implementar novas funções no programa Celular Seguro, permitindo o bloqueio imediato de aparelhos furtados ou roubados. Uma medida que promete aumentar a efetividade da iniciativa é o envio de mensagens para quem tentar reativar um celular com chip novo, alertando sobre a restrição do aparelho e orientando o novo dono a entregá-lo à polícia.
Inspirado em um programa do governo do Piauí, a ação já mostrou resultados positivos, com a recuperação de mais de mil celulares no primeiro trimestre de 2024 no estado. O Piauí, além de emitir notificações, rastreia aparelhos via rede de telefonia, e outros estados, como Amazonas, estão adotando medidas semelhantes.
A Nova Dinâmica do Crime e Seus Impactos
O aumento dos furtos e roubos de celulares está diretamente ligado ao crescimento de crimes digitais, especialmente após a pandemia, quando o uso de aplicativos e transações financeiras por Pix se intensificou. O Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontou que, em 2023, os estados de São Paulo, Teresina e Manaus foram os que mais registraram ocorrências de roubo ou furto de celulares, com destaque para a capital paulista, que registrou cerca de 20% de todos os casos do Brasil, apesar de representar apenas 5% da população nacional.
Para a socióloga Samira Bueno, o aumento desses crimes reflete uma sensação de insegurança crescente, pois os roubos de celular acontecem em qualquer lugar e afetam pessoas de todas as classes sociais. A facilidade de realizar fraudes digitais com os dados dos aparelhos furtados tem ampliado ainda mais o impacto desses crimes, já que muitos criminosos conseguem realizar transações financeiras e compras usando as contas e dados dos donos dos celulares.
Expectativas para o Futuro
Além das propostas de mudanças na legislação e das inovações tecnológicas, o governo também destacou a importância de integrar as forças de segurança para enfrentar essa nova dinâmica criminosa. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mencionou, em recentes declarações, que o combate aos furtos de celular é crucial para proteger a população e evitar que o país se torne um “centro de ladrões de celular”, reforçando o compromisso do governo em combater essa forma de criminalidade que gera uma grande sensação de insegurança nas ruas.