Votos de Moraes, Flávio Dino e Luiz Fux na 1ª Turma confirmam acusação de tentativa de golpe de Estado
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) deu um passo significativo nesta quarta-feira, 26, ao formar uma maioria de votos favoráveis à aceitação da denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e sete aliados. Com três ministros já se posicionando a favor, a ação pode resultar em um processo penal, cujas possíveis consequências incluem penas de prisão. O julgamento se refere à tentativa de golpe de Estado ocorrida em 2022, com a Procuradoria-Geral da República (PGR) acusando os envolvidos de formarem uma organização criminosa com o objetivo de fragilizar o Estado Democrático de Direito.
A denúncia e os denunciados
Os oito denunciados, considerados pelo Ministério Público como o “núcleo crucial” da tentativa de golpe, incluem Bolsonaro, ex-ministros e outros membros do governo anterior. Entre os acusados estão figuras de destaque como o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem e o ex-comandante da Marinha Almir Garnier. Eles são acusados de planejar ações coordenadas para subverter a ordem constitucional e, entre os crimes imputados, estão a tentativa de golpe de Estado e a formação de organização criminosa.
Votos favoráveis e argumentos apresentados
O voto do ministro Alexandre de Moraes, relator da ação, foi decisivo para a formação da maioria. Moraes detalhou que o grupo agiu de maneira organizada, com divisão de tarefas e liderança de Bolsonaro, utilizando desinformação sobre o sistema eleitoral para incitar o golpe. O ministro também fez referência aos violentos atos de 8 de janeiro, quando os Três Poderes foram invadidos, e destacou que a tentativa de ruptura foi orquestrada mesmo após a derrota eleitoral. Flávio Dino seguiu o voto de Moraes, enfatizando a gravidade da tentativa de golpe e a necessidade de prosseguir com a instrução processual para avaliar as responsabilidades de cada acusado.
O voto de Luiz Fux e divergências sobre o local de julgamento
O voto do ministro Luiz Fux também consolidou a maioria favorável à aceitação da denúncia. Fux, embora concordasse com os argumentos de Moraes e Dino sobre a gravidade dos crimes, discordou em relação ao local de julgamento, sugerindo que o plenário do STF fosse responsável pela análise, ao invés da Primeira Turma. Ele ainda abordou a complexidade dos crimes e destacou que o processo penal deve considerar o contexto de cada ato e a participação dos envolvidos, inclusive defendendo uma análise cuidadosa das penas a serem aplicadas.
O impacto do julgamento e próximos passos
Caso os votos restantes, de Cristiano Zanin e Cármen Lúcia, sigam a mesma linha, os oito acusados se tornarão réus e enfrentarão um processo penal. A fase seguinte será de instrução processual, onde as partes envolvidas poderão apresentar provas e testemunhos. O resultado final dependerá da análise dos ministros, que decidirão se houve crime e, caso haja condenação, as penas serão determinadas.
A defesa dos acusados e desafios no processo
Durante a sessão de terça-feira, 25, as defesas dos denunciados argumentaram que, embora reconhecessem a articulação para o golpe, seus clientes não teriam participado diretamente dos atos. Além disso, questionaram a quantidade de documentos apresentados e a falta de acesso completo às provas. Alegaram, ainda, que a denúncia era inepta, pedindo sua rejeição. Com a continuidade do julgamento, a fase processual segue com grandes implicações para o futuro político e judicial dos acusados.