Allano sofre ataques racistas após denunciar jogador do América-MG

Caso de injúria racial em jogo da Série B segue sob investigação policial e esportiva

Desde que denunciou o meia Miguelito, do América-MG, por injúria racial durante a partida contra o Operário-PR pela Série B, o atacante Allano tem sido alvo de ataques racistas nas redes sociais. Os comentários ofensivos incluem expressões como “mono” (termo pejorativo usado para chamar alguém de macaco, em espanhol) e emojis de gorilas, além de mensagens defendendo o jogador acusado, que foi preso em flagrante e liberado preventivamente na última segunda-feira, em Ponta Grossa.

O episódio ocorreu aos 30 minutos do primeiro tempo, quando Allano alegou ter sido ofendido com um insulto racial. O árbitro da partida, Alisson Sidnei Furtado, utilizou o protocolo antirracismo da CBF e Fifa, interrompendo o jogo por cerca de 15 minutos. Após a denúncia, Miguelito foi conduzido à delegacia e, após depoimento, recebeu voz de prisão em flagrante, sendo liberado para responder em liberdade.

Como consequência do caso, o perfil de Allano nas redes sociais teve os comentários restritos, mas as ofensas ainda são visíveis em algumas publicações. A Polícia Civil investiga a acusação e solicitou imagens da partida para analisar se houve registro da fala racista. O Ministério Público pode formalizar uma denúncia, transformando o caso em ação penal.

Além do processo criminal, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) acatou a denúncia contra Miguelito, que poderá ser suspenso por até 10 jogos e multado em R$ 100 mil, segundo o artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que trata de atos discriminatórios. O América-MG também foi denunciado e pode sofrer sanções como perda de mando de campo, pontos e obrigação de implementar ações antirracistas.

O Operário-PR não saiu ileso do processo. O clube também foi denunciado no artigo 213 do CBJD por conta do comportamento de um torcedor que atirou bebida alcoólica e cuspiu em jogadores adversários. O infrator foi identificado e retirado do estádio pela Polícia Militar.

A CBF emitiu uma nota oficial exigindo rigor nas apurações e reforçando seu compromisso no combate ao racismo no futebol. O julgamento do caso pelo STJD ainda não tem data definida, mas o impacto das denúncias já mobilizou autoridades esportivas, policiais e a opinião pública.

Meia do América-MG é preso após injúria racial contra jogador adversário, veja a fala proferida;

Miguelito permanecerá preso até a audiência de custódia, jogador está detido em Ponta Grossa-MG

O meia Miguelito, do América-MG, foi detido em flagrante em Ponta Grossa, no Paraná, após ser acusado de injúria racial contra o atacante Allano, do Operário-PR. O episódio ocorreu durante o confronto entre as equipes pela sexta rodada da Série B do Campeonato Brasileiro. O volante Jacy, companheiro de Allano, testemunhou a ofensa. Segundo a Polícia Civil, a frase proferida por Miguelito foi “Preto do c***”, o que configura crime conforme a Lei nº 7.716/89.

Após o apito final, os três envolvidos, Miguelito, Allano e Jacy, foram levados por policiais militares até a delegacia da 13ª Subdivisão Policial. Após prestar depoimento, Miguelito recebeu voz de prisão e permanecerá detido até a realização da audiência de custódia. O inquérito policial está em andamento e, se condenado, o jogador pode pegar até cinco anos de prisão.

Allano, jogador do Operário-PR, atuando na partida contra o América-MG — Foto: Giovani Baccin/OFEC

A denúncia foi formalizada ainda durante a partida, aos 30 minutos do primeiro tempo. Após a acusação feita por Allano, o árbitro Alisson Sidnei Furtado utilizou o gesto do protocolo antirracismo da Fifa e da CBF, cruzando os braços na altura do peito em forma de “X”. O jogo foi interrompido por cerca de 15 minutos, e uma nova confusão ocorreu entre torcedores do Operário e jogadores do América-MG.

A Polícia Civil já solicitou imagens da transmissão da partida, por meio do advogado do Operário-PR, para reforçar a investigação. O caso consta na súmula do jogo. Apesar da gravidade do episódio, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) ainda não se pronunciou oficialmente. O América-MG também não divulgou nota, mas o presidente do Conselho de Administração do clube, Alencar da Silveira, se manifestou separadamente.

Durante a partida, Allano foi advertido com cartão amarelo após uma falta em Miguelito. O meia do América-MG foi substituído no intervalo. O confronto terminou com vitória do Operário-PR por 1 a 0. A repercussão do caso reforça os debates sobre o combate ao racismo no futebol brasileiro.

Veja a nota do Operário-PR, sobre o ocorrido

Allano denunciou para a arbitragem falas racistas do camisa 7 do América-MG. O árbitro Alisson Sidnei Furtado acionou o protocolo de racismo, simbolizado por um X com os braços, e resolveu retornar a partida sem alterações.

Com a denúncia de racismo, a torcida do Operário mostrou indignação e, no momento, arremessou copo com líquido em direção ao banco de reservas visitante. O camisa 4 do América identificou e o torcedor foi retirado da arquibancada.

O Operário Ferroviário irá prestar todo apoio ao jogador Allano e lamenta a continuidade da partida sem modificações, uma vez que o protocolo foi acionado, e está buscando imagens claras que confirmem a alegação.

Veja a nota do América-MG

O América FC ,fiel à sua história centenária e aos princípios que a sustentam, vem a público prestar esclarecimentos e manifestar total solidariedade ao atleta Miguel Ángel Terceros Acuña, diante de acusações infundadas que tentam associar seu nome a conduta de cunho racista.

Após criteriosa apuração interna e análise dos fatos disponíveis, não foi identificada qualquer atitude, gesto ou declaração do jogador que possa, sob qualquer ângulo, ser interpretada como discriminatória. Ao contrário, Miguel Terceros sempre demonstrou conduta ética, respeito e espírito esportivo, sendo amplamente reconhecido no clube por seu profissionalismo e integridade.

O América FC reafirma, de forma enfática, seu compromisso inegociável com a igualdade, o respeito à dignidade humana e o combate a toda e qualquer forma de preconceito. Repudiamos qualquer tentativa de imputar condutas incompatíveis com esses valores a nossos atletas e colaboradores — ainda mais quando desprovidas de qualquer respaldo nos fatos.

Seguiremos firmes na defesa dos princípios que norteiam nossa instituição e na preservação da honra de todos que constroem, com dedicação e respeito, um futebol mais justo, inclusivo e humano.

Alencar da Silveira Júnior