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Saúde mental vai além de sintomas e medicamentos; Veja a complexidade do assunto

Foto: Pixabay

O Instituto Datafolha divulgou recentemente um estudo que lança luz sobre a percepção dos brasileiros sobre sua saúde mental e bem-estar psicológico. Os resultados revelam uma realidade complexa, com cerca de 70% dos entrevistados relatando ter uma saúde mental boa ou ótima, ao mesmo tempo em que mencionam preocupações relacionadas à ansiedade e dificuldades para dormir e comer. Essa pesquisa, no entanto, destaca a dificuldade de se criar parâmetros rígidos nesse campo, uma vez que a saúde mental não pode ser simplesmente medida por sintomas.

Ao contrário da medicina tradicional, que se baseia em manuais padronizados de sintomas e diagnósticos, a saúde mental é um território mais amplo e subjetivo. Como ressalta Thiago Marques Leão, pesquisador do Departamento de Política, Gestão e Saúde da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, uma boa saúde psicológica não significa a ausência completa de sintomas, e a presença de sintomas não indica necessariamente uma condição insatisfatória.

No entanto, a pesquisa aponta que a visão predominante na sociedade brasileira ainda tende a medicalizar a saúde mental, buscando soluções imediatas para o mal-estar por meio de medicamentos. O excesso de diagnósticos e medicalização pode, de certa forma, simplificar a complexidade das experiências individuais e limitar as possibilidades de tratamento, muitas vezes ignorando as raízes sociais dos problemas de saúde mental.

A ressignificação da saúde mental, como destaca Thiago Leão, envolve uma compreensão mais profunda das interações entre experiências individuais e fatores sociais, como expectativas sociais em relação a gênero, maternidade, trabalho e felicidade. Muitas vezes, as pressões sociais e os preconceitos não correspondidos podem impactar negativamente o bem-estar mental das pessoas. Portanto, reconhecer o impacto direto e indireto das complexidades sociais nas relações interpessoais é essencial para entender a saúde mental de forma mais completa.

Além disso, o sofrimento psicológico deve ser visto de maneira mais ampla, não apenas como algo negativo, mas também como um componente intrínseco à experiência humana. O desconforto e o mal-estar podem ser importantes para a reflexão e o crescimento pessoal, e buscar soluções exclusivamente baseadas em medicamentos pode, em alguns casos, prejudicar esse processo de ressignificação das experiências individuais.

No cenário brasileiro, fatores como desigualdade social, racial e de gênero desempenham um papel crucial na saúde mental da população. Grupos sociais mais vulneráveis frequentemente internalizam ideais sociais prejudiciais, o que pode levar a problemas de saúde mental. Por exemplo, mulheres brasileiras enfrentam demandas inconciliáveis relacionadas à casa e ao trabalho, muitas vezes sendo desvalorizadas e sentindo-se inadequadas em ambos os espaços. Esse cenário é agravado quando há condições sociais precárias, dificultando ainda mais o acesso ao sistema público de saúde.

Portanto, a saúde mental é um campo complexo e multifacetado, que vai além de sintomas e medicamentos. A compreensão integral desse tema requer uma abordagem mais ampla, considerando não apenas os aspectos individuais, mas também os fatores sociais que moldam nossas experiências psicológicas e emocionais.

Informações: Jornal da USP

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Ao contrário da medicina tradicional, que se baseia em manuais padronizados de sintomas e diagnósticos, a saúde mental é um território mais amplo e subjetivo. Como ressalta Thiago Marques Leão, pesquisador do Departamento de Política, Gestão e Saúde da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, uma boa saúde psicológica não significa a ausência completa de sintomas, e a presença de sintomas não indica necessariamente uma condição insatisfatória.

No entanto, a pesquisa aponta que a visão predominante na sociedade brasileira ainda tende a medicalizar a saúde mental, buscando soluções imediatas para o mal-estar por meio de medicamentos. O excesso de diagnósticos e medicalização pode, de certa forma, simplificar a complexidade das experiências individuais e limitar as possibilidades de tratamento, muitas vezes ignorando as raízes sociais dos problemas de saúde mental.

A ressignificação da saúde mental, como destaca Thiago Leão, envolve uma compreensão mais profunda das interações entre experiências individuais e fatores sociais, como expectativas sociais em relação a gênero, maternidade, trabalho e felicidade. Muitas vezes, as pressões sociais e os preconceitos não correspondidos podem impactar negativamente o bem-estar mental das pessoas. Portanto, reconhecer o impacto direto e indireto das complexidades sociais nas relações interpessoais é essencial para entender a saúde mental de forma mais completa.

Além disso, o sofrimento psicológico deve ser visto de maneira mais ampla, não apenas como algo negativo, mas também como um componente intrínseco à experiência humana. O desconforto e o mal-estar podem ser importantes para a reflexão e o crescimento pessoal, e buscar soluções exclusivamente baseadas em medicamentos pode, em alguns casos, prejudicar esse processo de ressignificação das experiências individuais.

No cenário brasileiro, fatores como desigualdade social, racial e de gênero desempenham um papel crucial na saúde mental da população. Grupos sociais mais vulneráveis frequentemente internalizam ideais sociais prejudiciais, o que pode levar a problemas de saúde mental. Por exemplo, mulheres brasileiras enfrentam demandas inconciliáveis relacionadas à casa e ao trabalho, muitas vezes sendo desvalorizadas e sentindo-se inadequadas em ambos os espaços. Esse cenário é agravado quando há condições sociais precárias, dificultando ainda mais o acesso ao sistema público de saúde.

Portanto, a saúde mental é um campo complexo e multifacetado, que vai além de sintomas e medicamentos. A compreensão integral desse tema requer uma abordagem mais ampla, considerando não apenas os aspectos individuais, mas também os fatores sociais que moldam nossas experiências psicológicas e emocionais.

Informações: Jornal da USP

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