Alta atinge maior patamar desde janeiro, e tensões no Oriente Médio aumentam risco de impacto no fornecimento
Os preços do petróleo registraram forte alta nesta sexta-feira (13), após novos ataques de Israel contra alvos no Irã, o que gerou retaliações e elevou o temor de uma possível interrupção no fornecimento global de energia. O barril tipo Brent, referência internacional, subia 6,59% e era negociado a US$ 73,93 por volta das 11h, chegando a alcançar US$ 78,50, maior valor desde 27 de janeiro. Já o WTI, referência dos EUA, avançava 6,66%, sendo cotado a US$ 72,57 — sua maior marca desde 21 de janeiro.
Os ganhos diários registrados nesta sexta-feira foram os mais intensos desde 2022, quando o início da guerra na Ucrânia provocou uma explosão nos preços do setor energético. O temor atual gira em torno da possibilidade de que o conflito afete o Estreito de Ormuz, rota por onde circula cerca de 20% de todo o petróleo consumido no mundo. Até o momento, o fluxo da região permanece inalterado, segundo autoridades iranianas.
A escalada no conflito começou com ataques israelenses a instalações nucleares, fábricas de mísseis e líderes militares iranianos. O Irã respondeu prometendo uma retaliação “severa”. Ainda assim, suas instalações de refino e armazenamento continuam funcionando normalmente, segundo a Companhia Nacional Iraniana de Refino. O presidente dos EUA, Donald Trump, pediu um novo acordo nuclear ao Irã para evitar novas ofensivas.
Especialistas apontam que, se o estreito for fechado ou sofrer impacto direto, os preços do petróleo podem saltar para até US$ 130 por barril. No entanto, se o conflito não se expandir, analistas como Paula Zogbi, da Nomad, avaliam que a tendência de alta deve se estabilizar. Já a Agência Internacional de Energia informou que acompanha o cenário de perto e que dispõe de mais de 1,2 bilhão de barris em reservas emergenciais. A OPEP, por outro lado, criticou esse tipo de anúncio, alegando que ele causa pânico desnecessário nos mercados.
O aumento acumulado de US$ 10 por barril nos últimos três dias ainda não reflete qualquer interrupção real na produção ou no transporte de petróleo. Analistas do Barclays e da Rystad apontam que, embora o risco seja real, a possibilidade de um conflito regional prolongado ainda parece limitada. A expectativa é que o mercado teste a resiliência dessa alta nos próximos dias, mas que uma correção ocorra caso não haja novos episódios de escalada.
Nos mercados financeiros, o impacto da crise foi imediato. Bolsas da Ásia e Europa encerraram o dia em queda, com destaque para o índice DAX (Alemanha), que caiu 1,14%, e o Nikkei (Japão), com recuo de 0,89%. Nos Estados Unidos, o Dow Jones registrava queda de 1,11% por volta das 14h, enquanto o S&P 500 e o Nasdaq também operavam em baixa. Em contraste, o ouro avançava 1,32%, reforçando seu papel de ativo de segurança em momentos de tensão geopolítica.