Pesquisa inédita revela quais alimentos encurtam ou prolongam sua vida
Comer uma bolacha recheada pode custar até 40 minutos de vida saudável. Já uma simples banana pode render mais de oito minutos extras. Essas estimativas surpreendentes vêm de um novo estudo feito por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), que aplicaram no Brasil uma ferramenta internacional chamada HENI — um índice nutricional que calcula o tempo de vida saudável perdido ou ganho a cada porção de alimento. Os dados acendem o alerta sobre o que colocamos no prato todos os dias.
A pesquisa analisou os 33 alimentos mais consumidos pelos brasileiros, com base em dados oficiais da alimentação nacional. Segundo os cientistas, o resultado geral é negativo: a dieta média do brasileiro tira quase 6 minutos de vida saudável por porção. Entre os vilões estão bolachas recheadas, carnes processadas, refrigerantes e pizza. Do outro lado, alimentos simples como peixe, banana, feijão e suco natural aparecem como verdadeiros aliados da saúde.
Mas calma: comer um biscoito não vai matar ninguém na hora. Os especialistas explicam que o risco não está no consumo pontual, e sim na repetição constante de alimentos com pontuação negativa, que acabam tomando o lugar de opções mais saudáveis. O HENI serve justamente para alertar o público sobre o impacto do padrão alimentar como um todo — e mostrar que pequenas trocas no cardápio podem fazer muita diferença.
A lista dos piores alimentos inclui, além da bolacha recheada (–39,69 minutos), carne suína (–36 minutos), margarina, presunto e empanados. Já os campeões do bem são o peixe de água doce (+17 minutos), banana (+8), feijão (+6,5) e arroz integral (+4,7). A ideia é encarar a alimentação como uma balança: alguns alimentos retiram tempo, outros acrescentam — e o que vale no fim é o saldo final da dieta.
Outro achado preocupante foi a “monotonia alimentar”: ou seja, os brasileiros comem pouca variedade e repetem os mesmos itens, muitas vezes pobres em nutrientes e com alto grau de processamento. Ingredientes da biodiversidade nacional, como pequi, taioba e açaí puro, quase não aparecem nos hábitos alimentares. A falta de diversidade compromete a qualidade nutricional e limita os benefícios à saúde.
Além da saúde, o meio ambiente também entra na conta. Os pesquisadores calcularam o impacto ambiental dos alimentos, mostrando que produtos de origem animal, como carne bovina, têm alto custo ecológico — com emissões de CO₂ acima de 20 kg por porção. A pizza de mussarela, por exemplo, gasta mais de 300 litros de água por fatia. A mensagem do estudo é clara: escolher melhor o que se come pode proteger tanto o corpo quanto o planeta.