Pesquisadores dos EUA desenvolvem tratamento que protege o cérebro e preserva memória
Pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia, em San Diego (EUA), anunciaram o desenvolvimento de uma nova terapia genética para o tratamento da doença de Alzheimer. Diferente dos medicamentos atuais, que buscam combater o acúmulo de proteínas no cérebro, a nova abordagem tem como foco a reprogramação do comportamento das células cerebrais, oferecendo uma alternativa mais duradoura e eficaz para conter o avanço da doença.
A doença de Alzheimer é uma das condições neurológicas mais comuns do mundo, afetando milhões de pessoas. No Brasil, cerca de 1 milhão de indivíduos convivem com a enfermidade, e projeções indicam que esse número pode quadruplicar nas próximas três décadas. A doença compromete a memória e a função cognitiva, sendo causada principalmente pelo acúmulo de proteínas que levam à morte de neurônios. Os tratamentos atuais apenas aliviam os sintomas, mas não impedem sua progressão.
Em testes realizados com camundongos já em fase sintomática da doença, a nova terapia conseguiu preservar a memória ligada ao hipocampo, região do cérebro essencial para o armazenamento de memórias. Além disso, os animais tratados apresentaram padrões de expressão genética semelhantes aos de camundongos saudáveis da mesma idade, o que sugere uma reversão de características prejudiciais típicas do Alzheimer.
A pesquisa, publicada na revista científica Signal Transduction and Targeted Therapy, foi liderada por Brian Head, professor da Faculdade de Medicina da UC San Diego e pesquisador do Departamento de Assuntos de Veteranos dos EUA. A coautoria sênior é de Shanshan Wang, também professor da mesma instituição. Os resultados representam um avanço significativo na busca por terapias mais eficazes e direcionadas para doenças neurodegenerativas.
A tecnologia de terapia genética utilizada foi licenciada em 2021 pela UC San Diego para a empresa Eikonoklastes Therapeutics. A mesma plataforma já recebeu da FDA a designação de medicamento órfão para tratamento da esclerose lateral amiotrófica (ELA). Apesar dos bons resultados em laboratório, os cientistas alertam que serão necessários novos estudos e testes clínicos para comprovar a eficácia e segurança da terapia em humanos.