Equipe com pesquisadores da USP é finalista de competição internacional de tecnologia e biodiversidade

Como acelerar a catalogação e o conhecimento da biodiversidade das florestas tropicais e criar soluções para protegê-las? O Xprize Rainforest, uma competição internacional iniciada há quatro anos pela Fundação Alana e pela XPrize Foundation, vai premiar o melhor projeto com US$ 10 milhões. Dos 800 projetos que começaram a competição, em 2019, apenas seis foram classificados para a etapa final, que acontecerá em 2024, em local a ser definido. Das seis equipes, uma é brasileira, a Brazilian Team – três são dos Estados Unidos, uma da Espanha e a outra é da Suíça. O anúncio oficial dos finalistas ocorreu durante o 31st International Congress for Conservation Biology, realizado em Kigali, Ruanda.

Brazilian Team, que tem sede na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP em Piracicaba, conta com a participação de mais de 50 pesquisadores e profissionais técnicos de várias universidades e centros de pesquisa do Brasil e do exterior. A competição tem como principal objetivo melhorar a compreensão sobre o ecossistema de florestas tropicais visando à preservação. Para isso, incentiva a aplicação de tecnologias inovadoras que possibilitem o levantamento de dados, interpretação das informações e aplicação de possíveis soluções na floresta analisada. 

“Estamos disputando para ganhar esta competição. A melhor equipe deve ser decidida nos detalhes. Largamos na frente, porque a maior parte do time vive e pesquisa na floresta tropical. Usar os dados que gerarmos na proposição de soluções para manter a floresta em pé e trazer melhor qualidade de vida para os habitantes das florestas é a direção que vamos seguir nesta final no próximo ano”, destaca coordenador do Brazilian Team, Vinicius Souza, professor e pesquisador da Esalq e ex-diretor da Escola Nacional de Botânica Tropical do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (ENBT/JBRJ). 

A competição

As semifinais foram disputadas no mês de junho deste ano em Singapura, na Ásia, com a participação de 13 equipes. Cada uma delas teve 24 horas para testar suas tecnologias em áreas definidas de floresta. As selecionadas na etapa semifinal foram capazes de pesquisar amplos espaços florestais envolvendo tecnologias de captura de imagens, bioacústica e coleta de amostras físicas, principalmente para a identificação através do DNA. Com apenas três drones e um robô terrestre, configuração mínima do projeto desenvolvido pela equipe, analisaram em 24 horas, em detalhes, 60 hectares de floresta. Em 48 horas, prazo limite, as equipes apresentaram relatórios analíticos sobre a riqueza de espécies presentes na área avaliada. O Brazilian Team identificou mais de 200 espécies de plantas e animais daquela área florestal de Singapura.

Segundo Souza, se vencedora na final, a equipe pretende direcionar o prêmio para compor um fundo voltado ao desenvolvimento de pesquisas e capacitação com foco na conservação e restauração da floresta amazônica e da Mata Atlântica. “Foram anos de trabalho de toda a equipe e chegamos até aqui porque todos se dedicaram e deram o máximo. Será grande a responsabilidade de representar ao mesmo tempo o Brasil, o Hemisfério Sul e a comunidade científica de países que muitas vezes são considerados coadjuvantes nos grandes avanços científicos”, reforça.

equipe

Com apoio da Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (Fealq), o Brazilian Team é composto de ecólogos, engenheiros robóticos, taxonomistas, entre outros profissionais e pesquisadores, em sua maioria brasileiros, mas também de países como França, Colômbia, Espanha, Portugal, Estados Unidos e Bélgica, e de várias instituições, como USP, Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Universidade de Taubaté (Unitau), Pl@ntNet (Cirad, Inria), Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS), Écola Normale Supérieure (ENS), entre outras. 

“Acredito que é inédita a ação conjunta de tantas instituições, do Brasil e do exterior, em um só time; de alguns dos principais pesquisadores das áreas biológicas, exatas e humanas, em prol de agilizar o processo de estudo da biodiversidade. Por si só isso já é uma imensa vitória”, conclui o coordenador do Brazilian Team. 

O projeto

O projeto do Brazilian Team integra conhecimentos e ferramentas já existentes, como drones, dispositivos bioacústicos e sequenciadores portáteis de DNA, utilizando inteligência artificial e outras técnicas para desenvolver tecnologias e um protocolo que deem rapidez e replicabilidade aos estudos sobre a biodiversidade das florestas tropicais. A proposta é que essas tecnologias e protocolo, baseados em metodologia científica e que possibilitam comparações entre diferentes ambientes, sejam de alta precisão, de baixo custo e de fácil utilização.

Segundo Souza, “ao longo do desenvolvimento de nossas estratégias percebemos que a tecnologia avançou de forma impressionante nas ferramentas de inteligência artificial, reconhecimento de imagens e estudo do DNA, o que permite que qualquer pessoa identifique plantas e animais de forma rápida e precisa”. A dificuldade para que isso seja feito hoje é que, embora tenhamos bons catálogos sobre a nossa flora e fauna, é preciso construir com urgência bancos de dados de fotografias e informações de DNA. “Precisamos gerar dados sobre o DNA das plantas, fazer boas fotografias e formar pessoas capazes de garantir que as identificações das amostras deste banco de dados estejam precisas. Só assim toda esta tecnologia vai funcionar bem.”  

Saiba mais sobre o XPrize Rainforest na página do projeto e sobre o Brazilian Team neste link. Interessados em apoiar o Brazilian Team podem enviar e-mail para brazilianteam@usp.br.

Também é possível acompanhar as ações do Time pelo Instagram.

Com informações do site da Fealq/USP

Via Jornal da USP