Ribeirão Preto inicia combate ao Aedes aegypti com tecnologia apoiada pela Fiocruz

Mais de 3 mil armadilhas serão instaladas em duas etapas para reduzir a proliferação do mosquito transmissor da dengue

Ribeirão Preto começou a adotar uma nova estratégia para combater o mosquito Aedes aegypti, responsável pela transmissão da dengue, Zika e Chikungunya. A ação conta com o suporte da Fiocruz Amazônia e inclui a implantação de três mil Estações Disseminadoras de Larvicidas (EDLs), equipamentos fornecidos pelo Ministério da Saúde.

A implantação ocorrerá em duas etapas. A primeira fase, já em andamento, contempla a instalação de 1.200 armadilhas em residências de bairros como Vila Virgínia, Parque Ribeirão, Jardim Piratininga e Vila Guiomar. A escolha dessas regiões foi feita com base em critérios técnicos, como o número de casos registrados, o histórico de infestação e a concentração populacional.

Já a segunda etapa da operação está prevista para o mês de julho e será voltada a áreas classificadas como pontos estratégicos da cidade. Esses locais ainda serão definidos por meio de análises epidemiológicas, considerando a evolução dos dados sobre a circulação do vetor.

As EDLs funcionam como armadilhas que utilizam um recipiente com água, uma tela e um larvicida em pó. Quando o mosquito entra em contato com o larvicida dentro do pote, carrega o produto ao sair, espalhando-o por outros criadouros. Esse processo ajuda a eliminar as larvas em diferentes locais, mesmo onde não há armadilhas instaladas.

Para garantir a eficácia da ação, agentes de endemias farão visitas regulares aos imóveis participantes, com o objetivo de acompanhar o desempenho das EDLs e realizar ajustes, se necessário. A expectativa é que a tecnologia contribua significativamente para a redução dos focos do mosquito na cidade.

Aos 77 anos, corredora recordista mundial impressiona com fôlego de uma jovem de 25, revela estudo

Estudo revela os fatores fisiológicos e comportamentais por trás do sucesso atlético de Jeannie Rice, corredora e recordista mundial, aos 77 anos

Jeannie Rice, atleta master que começou a correr aos 35 anos, teve seu desempenho estudado por Bas Van Hooren e Michele Zanini, que realizaram testes de esforço com ela em laboratório. Durante o experimento, Rice correu em esteira com intensidade crescente, enquanto os pesquisadores mediam sua frequência cardíaca, consumo de oxigênio (VO2 máx.) e níveis de lactato. Esses dados forneceram um retrato detalhado de sua capacidade aeróbica e eficiência fisiológica, revelando uma performance comparável à de uma mulher de 25 anos.

O destaque do estudo foi o impressionante consumo máximo de oxigênio de Rice, considerado uma das principais explicações para sua habilidade de competir em alto nível em diferentes distâncias. Seu VO2 máx. elevado pode ser atribuído à grande massa magra e, especialmente, a uma frequência cardíaca máxima muito superior à esperada para sua idade, 180 batimentos por minuto, frente à média de 135 bpm para mulheres não treinadas da mesma faixa etária.

Além da aptidão fisiológica, o estudo destaca a consistência e o tipo de treinamento de Rice como fatores decisivos. Com uma rotina de 80 km semanais, que sobe para até 120 km em preparação para maratonas, a atleta realiza três sessões de intervalo semanais, geralmente sem esforço máximo, e treina a maioria das vezes em ritmos fáceis. Ela também pratica musculação com pesos leves para fortalecer o tronco. Esse padrão de treino, semelhante ao de atletas mais jovens de elite, pode ser replicado com sucesso por atletas master.

A resiliência de Rice a lesões é outro fator que impressiona. Em mais de três décadas de prática, ela sofreu apenas uma fratura, causada por um tropeço em uma pedra aos 76 anos. Os autores do estudo sugerem que essa resistência está ligada à baixa exposição ao estresse e ao controle cuidadoso da intensidade do treino. A longevidade esportiva de Rice reforça a importância de estratégias preventivas para minimizar lesões em atletas idosos.

Fora das pistas, Rice leva uma vida ativa e sociável. Em entrevista ao Washington Post, contou que adora dançar e sair com amigos, embora evite eventos sociais na semana anterior a uma corrida importante. Sua filosofia de equilíbrio entre diversão e disciplina contrasta com o estereótipo do atleta extremamente regrado, e mostra que é possível ter alto desempenho sem abrir mão da leveza no dia a dia.

Inspirada por Joan Benoit Samuelson, primeira campeã olímpica da maratona feminina, Rice quer seguir correndo até os 80 anos. Já conquistou seis ouros no Campeonato Mundial Master de 2024, nas provas que vão dos 800 metros à meia maratona, e bateu recordes mundiais na faixa etária dos 70 aos 79 anos. Sua trajetória desafia os limites do envelhecimento e é um exemplo vivo do que é possível alcançar com paixão, disciplina e inteligência no treinamento.

Anvisa aprova novo medicamento para Alzheimer

Anvisa libera medicamento que desacelera a progressão da doença em estágios iniciais

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o uso do medicamento donanemabe, desenvolvido pela farmacêutica Eli Lilly, para tratar casos iniciais de Alzheimer. A aprovação contempla pacientes adultos que apresentam comprometimento cognitivo leve ou demência em fase inicial, desde que exames médicos confirmem a presença de placas amiloides no cérebro, característica típica da doença.

Os testes clínicos do donanemabe duraram cerca de um ano e meio e envolveram pessoas em diferentes estágios da enfermidade. Um dos grupos avaliados reunia pacientes com níveis mais baixos da proteína tau, o que indica um quadro menos avançado. Nesses casos, o avanço do Alzheimer foi retardado em até 35%. Já entre o público geral diagnosticado, a redução do declínio foi de 22% em comparação ao uso de placebo.

Um dado que chama atenção é a diminuição de até 39% no risco de evolução da doença para estágios mais severos entre os pacientes que utilizaram o novo medicamento. A eficácia foi medida com base na Escala Integrada de Avaliação da Doença de Alzheimer, que avalia memória, raciocínio lógico e capacidade funcional no dia a dia.

O donanemabe é administrado por via injetável, com aplicações mensais. Seu principal diferencial é o foco na eliminação das placas amiloides, uma das causas do Alzheimer. Estudos indicam que, após a remoção completa dessas placas, pode ser possível interromper o tratamento, o que torna o acompanhamento mais previsível e favorece o planejamento tanto para os profissionais de saúde quanto para os familiares dos pacientes.

A doença de Alzheimer é responsável por cerca de 70% dos casos de demência em todo o mundo. De acordo com a Alzheimer’s Disease International (ADI), cerca de 55 milhões de pessoas vivem com algum tipo de demência atualmente. O Alzheimer compromete a memória, afeta o comportamento e interfere nas tarefas mais simples do cotidiano, impactando significativamente a qualidade de vida dos pacientes e seus cuidadores.

Ribeirão Preto dá início à vacinação nas escolas municipais; confira quem pode ser imunizado

Ação foca em adolescentes de 9 a 14 anos e exige autorização dos responsáveis

A Prefeitura de Ribeirão Preto iniciou uma nova campanha de vacinação voltada aos alunos do ensino fundamental da rede municipal. A iniciativa, que começou nesta semana, tem como objetivo atualizar a caderneta de vacinação de estudantes com idades entre 9 e 14 anos, reforçando a proteção contra doenças preveníveis.

Para participar da campanha, os alunos precisam apresentar uma autorização assinada pelos pais ou responsáveis. Esse consentimento é fundamental e será recolhido por meio de um termo enviado previamente às famílias. Somente com o documento preenchido e assinado será possível a aplicação das vacinas.

Após o recebimento do termo, cada caso será avaliado individualmente pelas equipes de saúde, que irão verificar quais imunizações estão em dia e quais ainda são necessárias. Essa análise garante que os estudantes recebam apenas as vacinas de que realmente precisam.

As vacinas disponíveis na campanha incluem as doses contra HPV, meningite, febre amarela e a tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola). As equipes de saúde visitarão as escolas ao longo das próximas semanas para garantir que todos os alunos com autorização sejam atendidos.

Casa Branca altera versão oficial dos EUA sobre origem da Covid-19 e afirma vazamento chinês

Site atualizado por aliados de Trump sustenta teoria de vazamento em laboratório e critica gestão anterior

O governo dos Estados Unidos atualizou o site oficial da Casa Branca nesta sexta-feira (18) e passou a adotar uma nova posição sobre as origens da Covid-19. A página, agora reformulada sob influência da gestão do ex-presidente Donald Trump, afirma que o coronavírus provavelmente se originou de um incidente em laboratório — e acusa a administração anterior, liderada por Joe Biden, de favorecer a tese de origem natural da doença para proteger uma narrativa política.

A nova versão do site, intitulada “Lab Leak — A Verdade sobre as Origens da Covid-19”, estampa uma imagem de Donald Trump no topo e afirma que autoridades de saúde pública, como o infectologista Anthony Fauci, esconderam a possibilidade de vazamento laboratorial ao promoverem um único estudo como base científica. Um dos principais argumentos apresentados é a distância de apenas 7 km entre o laboratório de virologia de Wuhan e o mercado municipal da cidade, onde os primeiros casos foram registrados.

Durante a pandemia, a teoria do vazamento sempre esteve no centro de debates acalorados. A maioria das pesquisas científicas, no entanto, continua apontando a transmissão de um animal para seres humanos como a explicação mais plausível. A Organização Mundial da Saúde (OMS), que chegou a realizar uma investigação em 2021, inicialmente descartou a hipótese de um vazamento, mas depois declarou que a falta de dados fornecidos pela China impediu conclusões definitivas.

Estudos mais recentes reforçaram a ligação entre o vírus e o mercado de animais de Huanan, em Wuhan. Em 2023, pesquisadores chineses divulgaram dados inéditos que mostraram amostras do local contendo tanto o coronavírus quanto material genético de animais selvagens — o que sugere uma possível origem zoonótica. Esses achados coincidem com outras pesquisas revisadas por pares, consolidando um consenso científico de que o vírus provavelmente passou de animais para humanos. Ainda assim, como não há evidência conclusiva sobre o elo exato da transmissão, teorias alternativas continuam sendo exploradas.

A publicação da nova versão do site coincide com o retorno de Donald Trump à presidência e com novas tensões diplomáticas entre Washington e Pequim. A Casa Branca também aproveita a mudança para acusar o governo chinês de falta de transparência e de dificultar investigações internacionais, em um momento em que as relações entre os dois países se deterioram devido à imposição de tarifas comerciais e outras disputas econômicas.

Além disso, a CIA chegou a divulgar um relatório em janeiro deste ano que aponta para um possível vazamento de laboratório como causa da pandemia. No entanto, o próprio diretor da agência, John Ratcliffe, afirmou que o nível de confiança na informação era “baixo”, o que significa que os dados disponíveis são insuficientes, contraditórios ou inconclusivos. A mudança de narrativa por parte da Casa Branca reacende o debate global sobre como a Covid-19 começou — um tema ainda envolto em incertezas, disputas políticas e a ausência de provas definitivas.

Brasil e China fortalecem parceria estratégica na saúde para a construção do primeiro hospital inteligente do país

Projeto prevê modernização do SUS, desenvolvimento conjunto de vacinas e produção nacional de medicamentos a partir de 2025

O Governo Federal deu mais um passo para fortalecer a cooperação estratégica com a China nas áreas de saúde e tecnologia. Em reunião realizada na última quarta-feira (16), o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, recebeu o embaixador chinês Zhu Qingqiao para discutir ações conjuntas voltadas à inovação no Sistema Único de Saúde (SUS). Um dos principais projetos debatidos foi a construção do primeiro hospital digital do Brasil, que será instalado em São Paulo e contará com mais de 800 leitos.

A proposta é transformar a infraestrutura da saúde pública com o uso de inteligência artificial e soluções digitais. O hospital será financiado com apoio do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), o banco dos BRICS, e funcionará como modelo de gestão hospitalar moderna e eficiente. Além disso, Padilha destacou que a digitalização do SUS deve gerar impactos sociais amplos, como o combate à fome e à pobreza.

A parceria sino-brasileira também prevê a produção nacional de 20 milhões de frascos de insulina Glargina até 2025, em colaboração com empresas como Biomanguinhos (Fiocruz), Biomm e Gan&Lee. A insulina será destinada a pacientes com diabetes tipo 2, que representam a maioria dos casos da doença no Brasil. Segundo o ministro, essa produção interna reforça a soberania do país no acesso a medicamentos essenciais.

Outro destaque do encontro foi a cooperação para o desenvolvimento de vacinas, incluindo uma nova vacina contra a dengue, produzida pelo Instituto Butantã em parceria com a empresa chinesa Uchi Biologics. A ampliação da escala de produção deve acelerar o fornecimento do imunizante para a população brasileira.

Ao final da reunião, o embaixador Zhu Qingqiao destacou que a relação entre Brasil e China está sendo consolidada como uma base estratégica para os próximos 50 anos, com foco em desenvolvimento sustentável, inovação e justiça social. Para o ministro Padilha, “essa aliança é fundamental para garantir um futuro mais justo, sustentável e com saúde de qualidade para todos”.

Nova pílula para perda de peso com GLP-1 da Eli Lilly avança em testes clínicos

Versão oral pode ser alternativa às injeções como Ozempic e Wegovy

A farmacêutica Eli Lilly anunciou um avanço significativo no desenvolvimento da primeira pílula com ação semelhante ao GLP-1, substância usada em medicamentos como Ozempic e Wegovy, famosos pelo auxílio na perda de peso e controle do diabetes tipo 2. Segundo a empresa, o novo comprimido experimental atingiu os objetivos de um estudo crucial, demonstrando eficácia na redução dos níveis de açúcar no sangue e na perda de peso entre os participantes.

A grande expectativa agora gira em torno da conveniência que essa nova formulação pode oferecer. Atualmente, os medicamentos com GLP-1 disponíveis no mercado são todos injetáveis, o que representa um obstáculo para muitos pacientes. A versão em comprimido, chamada orforglipron, promete ser uma alternativa mais acessível e prática, tanto para os usuários quanto para os sistemas de saúde que enfrentam desafios logísticos com o armazenamento refrigerado dos injetáveis.

Jeffrey Emmick, vice-presidente sênior de desenvolvimento de produtos da Lilly, destacou que a possibilidade de um medicamento oral amplia o alcance do tratamento. “Isso realmente nos dá a oportunidade de alcançar muito mais pacientes do que se consegue com um injetável”, afirmou. Ele também ressaltou que muitos pacientes demonstram resistência ao uso de medicamentos aplicáveis por injeção, o que limita a adesão ao tratamento.

A fabricação da nova pílula também deve ser mais escalável. Segundo a empresa, a produção de comprimidos de pequenas moléculas é mais simples e ampla do que a de medicamentos injetáveis. A Lilly enfrentou problemas de escassez após o lançamento de seu GLP-1 injetável, e a nova formulação oral pode ajudar a suprir uma demanda crescente por tratamentos para obesidade e diabetes.

Os testes com o orforglipron ainda estão em andamento, e os resultados divulgados são apenas os primeiros de uma série de estudos clínicos. A expectativa da Eli Lilly é que o medicamento possa ser aprovado e lançado nos próximos anos, oferecendo uma nova opção de tratamento diário para pacientes com diabetes tipo 2 e também para quem busca emagrecimento com suporte médico.

Vacina contra Chikungunya desenvolvida pelo Butantan é aprovada pela Anvisa

Imunizante é o primeiro do país contra a doença e poderá ser aplicado em adultos a partir dos 18 anos

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou nesta segunda-feira (14) o registro definitivo da vacina contra a chikungunya desenvolvida pelo Instituto Butantan, em São Paulo, em parceria com a farmacêutica franco-austríaca Valneva. A autorização foi publicada no Diário Oficial da União e marca um avanço significativo no combate à doença, que é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti — o mesmo vetor da dengue e do zika vírus. Com isso, a vacina poderá ser aplicada em adultos com 18 anos ou mais em todo o Brasil.

Essa é a primeira vacina autorizada no país para prevenção da chikungunya, doença viral que já afetou mais de 620 mil pessoas no mundo apenas em 2024, com Brasil, Paraguai, Argentina e Bolívia entre os países mais impactados. Os sintomas podem variar de quadros leves a dores articulares intensas e crônicas, que podem durar anos e impactar diretamente a qualidade de vida dos pacientes. Em casos mais graves, a infecção pode até levar à morte.

A eficácia do imunizante foi comprovada em um estudo clínico de fase 3, publicado na revista The Lancet Infectious Diseases, com adolescentes brasileiros. Após uma única dose, 100% dos voluntários que já tinham tido contato com o vírus apresentaram anticorpos neutralizantes, e entre aqueles sem infecção prévia, a taxa foi de 98,8%. Após seis meses, a proteção permaneceu em 99,1% dos participantes. Os efeitos colaterais relatados foram, em sua maioria, leves ou moderados, como dor no corpo, febre, dor de cabeça e fadiga.

Apesar da aprovação pela Anvisa, a distribuição em larga escala ainda depende de novos passos. O Instituto Butantan está desenvolvendo uma versão da vacina com componentes nacionais, mais adequada à realidade do Sistema Único de Saúde (SUS). A inclusão do imunizante no Programa Nacional de Imunizações (PNI) ainda será avaliada pela Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS). A expectativa, segundo o diretor do Butantan, Esper Kallás, é de que a vacinação comece pelas regiões endêmicas do país.

A chikungunya é causada por um vírus transmitido principalmente pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus. Os sintomas mais comuns são febre alta, dores intensas nas articulações, dores musculares, manchas vermelhas e dor de cabeça. Embora nem todos os infectados apresentem sintomas, os impactos mais duradouros da doença — como dores crônicas nas articulações — tornam o avanço na prevenção uma conquista importante para a saúde pública.

USP de Ribeirão Preto busca voluntários para estudo com canabidiol, veja quem pode participar;

Pesquisa quer analisar efeitos de formulações da Cannabis na ansiedade de homens saudáveis

Pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto estão recrutando voluntários para um estudo científico com canabidiol, substância derivada da planta Cannabis sativa. A pesquisa busca analisar os efeitos de três formulações diferentes da substância em doses únicas sobre a ansiedade.

O estudo é voltado para pessoas do sexo masculino, com idade entre 18 e 35 anos, que estejam em bom estado de saúde e residam em Ribeirão Preto ou região. O projeto é conduzido pelo pós-graduando em saúde mental João Luís Simei, sob orientação do professor José Alexandre Crippa, referência nacional em pesquisas com canabinoides.

Interessados em participar devem entrar em contato pelo e-mail joao.simei@usp.br. A equipe reforça que as vagas são limitadas e podem ser encerradas a qualquer momento, conforme o preenchimento dos critérios de seleção.

A pesquisa busca aprofundar o conhecimento sobre os efeitos terapêuticos do canabidiol e pode abrir caminho para novas abordagens no tratamento de transtornos de ansiedade.

Personalidade e insônia: Estudo da USP revela conexões importantes

Pesquisa investiga como traços de personalidade influenciam o desenvolvimento da insônia

Um estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP) revelou que os traços de personalidade podem ter uma relação direta com o desenvolvimento e a perpetuação da insônia. A pesquisa, publicada no Journal of Sleep Research, indicou que pessoas com altos índices de neuroticismo — caracterizadas por uma instabilidade emocional — apresentam maior prevalência de distúrbios de sono. Por outro lado, indivíduos com alta abertura à experiência, uma característica associada à curiosidade e à criatividade, tendem a ter menos dificuldades para dormir.

A pesquisa foi conduzida pela psicóloga do sono Bárbara Araújo Conway, mestranda do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, com orientação da professora Renatha El Rafihi-Ferreira. O estudo, apoiado pela FAPESP, teve como foco investigar como os traços de personalidade podem influenciar a insônia, um transtorno que afeta cerca de 30% da população mundial e tem impacto significativo na saúde física e mental das pessoas.

Insônia no Brasil e a Relação com a Personalidade

No Brasil, especialmente em São Paulo, a prevalência da insônia é ainda mais alarmante, afetando cerca de 45% dos paulistanos, de acordo com o Estudo Epidemiológico do Sono (Episonoi). A insônia pode causar uma série de complicações de saúde, incluindo hipertensão, diabetes, ansiedade e depressão, o que prejudica gravemente a qualidade de vida. Por isso, entender os fatores que contribuem para o transtorno é essencial para tratar e prevenir esse problema.

Para examinar melhor essa relação, os pesquisadores usaram a teoria dos “3 Ps” da insônia — predisposição, precipitação e perpetuação — e analisaram o impacto do neuroticismo como um fator predisponente ao transtorno. A pesquisa investigou ainda como a ansiedade e a depressão poderiam atuar como mediadores entre o neuroticismo e a insônia, ajudando a explicar como traços de personalidade específicos podem influenciar a qualidade do sono.

Traços de Personalidade e Seus Efeitos no Sono

O estudo se baseou na teoria dos “Big Five” (Cinco Grandes) da psicologia, que define cinco traços fundamentais de personalidade: extroversão, neuroticismo, amabilidade, abertura à experiência e conscienciosidade. Cada um desses traços foi avaliado para entender sua relação com a insônia. De acordo com a pesquisa, indivíduos com alto neuroticismo — mais propensos a focar em aspectos negativos da vida e com maior instabilidade emocional — apresentaram índices mais altos de insônia. Já aqueles com maior abertura à experiência e maior amabilidade apresentaram menores níveis de insônia.

Curiosamente, a extroversão não mostrou diferença significativa entre os grupos de pessoas com e sem insônia, sugerindo que a tendência a ser mais sociável ou introvertido não tem um impacto tão claro sobre o sono quanto outros traços de personalidade, como o neuroticismo.

Metodologia e Resultados da Pesquisa

A pesquisa envolveu 595 participantes, com idades entre 18 e 59 anos, divididos em dois grupos: um grupo de pacientes com insônia diagnosticada e outro grupo-controle, composto por indivíduos sem queixas de sono. Para medir os níveis dos cinco traços de personalidade, foi utilizado um questionário específico da psicologia, que ajudou a identificar os índices de neuroticismo, amabilidade, abertura, conscienciosidade e extroversão.

Os resultados mostraram que os pacientes com insônia apresentaram níveis significativamente mais altos de neuroticismo e mais baixos de amabilidade, abertura e conscienciosidade, em comparação aos participantes sem insônia. Esses achados indicam uma forte associação entre o neuroticismo e a insônia, sugerindo que a instabilidade emocional pode contribuir para o desenvolvimento do transtorno do sono.

Ansiedade Como Fator Mediatizador

Em uma análise mais aprofundada, os pesquisadores descobriram que a ansiedade desempenha um papel mediador entre o neuroticismo e a insônia. Ou seja, a ansiedade parece ser um dos principais mecanismos que faz com que indivíduos com altos níveis de neuroticismo desenvolvam problemas relacionados ao sono. Este achado pode abrir portas para novas abordagens terapêuticas, que tratem tanto a ansiedade quanto os traços de personalidade como fatores que influenciam a insônia.

O estudo destaca a importância de considerar os traços de personalidade ao abordar o tratamento de distúrbios do sono. Isso pode levar a uma compreensão mais profunda sobre como os fatores psicológicos afetam o sono e, consequentemente, a saúde mental e física dos indivíduos.