Risco de incêndios continua alto no interior de SP; veja previsão em Ribeirão

O risco de incêndios continua alto nesta quinta-feira (19) em várias áreas do interior de São Paulo, incluindo a região de Ribeirão Preto. De acordo com a Climatempo, a situação é crítica, com grande parte do interior paulista em nível de emergência, representado pela cor roxa no mapa de risco.

A previsão do tempo indica que as condições seguem estáveis, sem expectativa de chuva para Ribeirão Preto ao longo do dia. A umidade relativa do ar pode cair para níveis entre 21% e 30% durante a tarde, agravando o cenário de seca.

Essa combinação de tempo seco e baixa umidade favorece a propagação de incêndios e pode aumentar a presença de fumaça na região.

PREVISÃO EM RIBEIRÃO PRETO:

Quinta-feira (19):

Dia de sol com muitas nuvens à tarde. À noite a nebulosidade diminui.

Temperatura máxima de 36° e mínima de 21°. Sem previsão de chuva.


Sexta-feira (20):

Sol com algumas nuvens durante o dia. À noite o céu fica com muitas nuvens, mas não chove.

Temperatura máxima de 37° e mínima de 23°.


Sábado (21):

Sol com muitas nuvens durante o dia e períodos de céu nublado. Noite com poucos nuvens.

Temperatura máxima de 35° e mínima de 23°. Sem previsão de chuva.

Domingo (22):

Sol com algumas nuvens. Não chove.

Temperatura máxima de 38° e mínima de 23°.


Fonte: Climatempo

Tempo seco, incêndios e chuva preta devem persistir por mais três meses

O Brasil está passando por uma seca histórica que já atinge 1.400 cidades em nível extremo ou severo. Para os próximos dias, a chegada de uma frente fria deve amenizar o tempo seco e trazer alívio durante a semana, com possibilidade de chuva entre domingo (15/09) e segunda-feira (16/09). Contudo, a partir de 23 de setembro, a expectativa é que o país volte ao cenário atual.

O meteorologista Carlos Raupp, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG/USP) e conselheiro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP), explica que a previsão climática sazonal para os próximos três meses indica persistência do atual cenário de baixa umidade e altas temperaturas nas regiões Centro-Oeste, Norte, Nordeste e Sudeste.

“As chuvas ficarão concentradas no Sul do País e o tempo mais seco na maior parte do Brasil”, diz.

Segundo o meteorologista, o país ainda está sendo impactado com o fim do fenômeno El Niño.

“Tivemos uma atuação do fenômeno desde o ano passado até o primeiro semestre de 2024, com um período muito seco, chuvas abaixo do normal nas regiões Norte e Centro-Oeste, e chuvas intensas no Sul. A situação atmosférica está respondendo ao término do El Niño, então, há um bloqueio atmosférico, um sistema de alta pressão que inibe a formação de chuvas e impede a passagem de frentes frias, que não conseguem chegar nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. Isso leva a altas temperaturas e a não ocorrência de chuvas”, complementa.

Além disso, a maior incidência da radiação solar e a falta de formação de nuvens geram essa onda de calor. “O cenário favorece a propagação de incêndios e a concentração de poluentes próximos à superfície. Nesse sistema de alta pressão, a atmosfera fica bastante estável e essa estabilidade desfavorece a dispersão vertical dos poluentes que tem fonte local, como os incêndios no interior do Estado e a poluição com emissão veicular e de indústrias na Região Metropolitana de São Paulo”, acrescenta o meteorologista.

A capital paulista fica mais cinza porque o bloqueio atmosférico impede que os poluentes se dispersem na vertical e fiquem concentrados na baixa troposfera. “O que leva também ao agravamento da qualidade do ar. Outro aspecto para essa concentração de poluentes é o transporte dessas fumaças que vêm das queimadas de biomassa na Amazônia. Tudo isso faz com que as condições da qualidade do ar sejam 30 vezes maiores do que o razoável para a saúde humana”, observa.

Rios voadores e chuva preta

“Temos esses jatos de baixos níveis, que são um escoamento que vêm do Norte do Brasil e chegam até aqui, na região Sudeste. Também são conhecidos como rios voadores ou rios atmosféricos, que trazem esses materiais particulados da Amazônia para cá, agravando o cenário atual da alta concentração de poluentes, que já é corroborada pela própria atuação do bloqueio atmosférico afetando a região de São Paulo”, detalha.

Com a fuligem transportada por esses corredores de umidade, o material particulado afeta a formação de nuvens, pois age como núcleo de condensação. “Esses materiais acabam agindo na nucleação das gotas de chuva, o que acaba gerando essa chuva preta”, aponta.

Apesar da mudança de tempo prevista para os próximos dias, o meteorologista alerta que eventos como esses continuarão a ser registrados.

Saiba quais são as principais medidas preventivas para evitar queimadas em áreas urbanas e rurais

O Estado de São Paulo está em alerta: são mais de 16 regiões sobre o risco de incêndios florestais, de acordo com o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE), da Defesa Civil. Em todo o país, o número de incêndios florestais praticamente dobrou se comparado com o mesmo período do mês de agosto de 2023. Em São Paulo, as áreas de maior risco são: capital paulista, Região Metropolitana de São Paulo, Araçatuba, Araraquara, Barretos, Bauru, Campinas, Franca, Itapeva, Marília, Presidente Prudente, Registro, Ribeirão Preto, São José dos Campos, São José do Rio Preto e Sorocaba.

Para orientar a população sobre quais medidas devem ser tomadas neste período de seca intensa, a engenheira agrônoma Marília Gregolin, diretora do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP), elenca as principais prevenções a serem adotadas tanto nas áreas urbanas quanto nas rurais.

“Estamos em uma situação difícil com altas temperaturas e umidade relativa do ar muito baixa, o que cria ambientes propícios a incêndios, que ocorrem com maior frequência nesta época do ano. Uma das principais medidas a serem tomadas é com relação ao descarte inapropriado de bitucas de cigarro. Muitas vezes o descarte pela janela do veículo, por exemplo, pode causar um princípio de queimada. Além disso, não se deve jogar lixo ou entulhos em terrenos baldios ou à margem de rodovias. Não utilizar o fogo para limpeza de terrenos e optar pela roçagem ou a capina. E, claro, também não optar pela queima de resíduos”, complementa.

Sobre as queimadas em áreas agrícolas, a engenheira ressalta que a vegetação seca facilita a expansão do fogo, pois as faíscas se espalham rapidamente. “O solo precisa de matéria orgânica para manter a sua umidade, sendo uma forma de evitar incêndio e queimada em áreas agrícolas. Também é preciso evitar o fogo para a formação ou renovação de pasto”, recomenda. Outro ponto elencado pela engenheira é com relação aos aceiros, que são faixas de terra sem vegetação, que geralmente ficam próximas às cercas. “Quanto mais larga for a faixa de terra sem vegetação, melhor, porque evita que o fogo se alastre”, observa Marília.

Reduzir a presença de materiais inflamáveis próximos às áreas de cultivo, como gasolina, álcool, tintas vernizes e solventes, e substâncias removedoras, também é outra recomendação da engenheira. “É importante prevenir incêndios e queimadas na agricultura ou próximo às áreas cultivadas porque, além de destruir toda a lavoura, causando prejuízo enorme ao produtor rural, também reduz a qualidade do solo. Outros fatores preocupantes são o aumento no número de mortes de animais, impacto na saúde humana, ocasionando problemas respiratórios, principalmente em crianças e idosos. Há ainda a preocupação com o efeito estufa e o impacto direto no agravamento da crise climática”, relata.

Os incêndios e queimadas próximos às rodovias trazem riscos para os usuários das estradas, afetando a visibilidade dos motoristas, o que pode causar acidentes. “Ações de conscientização e campanhas de sensibilização são fundamentais para evitar queimadas”, finaliza a engenheira.