Voepass demite diretores e anuncia mudança no comando da empresa

A VoePass Linhas Aéreas divulgou uma nota informando mudanças significativas em sua diretoria, que incluem a demissão de responsáveis pelas áreas de manutenção, segurança operacional e operações.

Segundo o comunicado, José Luiz Felício Filho, atual presidente e cofundador da empresa, assumirá a liderança executiva e a gestão das operações, mantendo seu cargo de presidente e acumulando novas funções. Com mais de 30 anos de experiência como piloto, Felício é o comandante mais antigo da companhia e está na presidência desde 2004. O CEO, Eduardo Busch, ficará encarregado das questões jurídicas da VoePass.

Os executivos Eric Cônsoli, que liderava a Manutenção, David Faria, que chefiava a Segurança Operacional, e Marcel Moura, responsável pelas Operações, foram dispensados. A nota destaca que a VoePass reconhece e agradece as valiosas contribuições que esses profissionais trouxeram à empresa.

Carlos Alberto Costa, o comandante Diego Hangai, que está na VoePass há 13 anos, e o comandante Raphael Limongi ocuparão os cargos deixados vago nas diretorias de Manutenção, Segurança Operacional e Operações, respectivamente.

Todas as nomeações para as novas posições de liderança ainda precisam ser aprovadas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), conforme as regulamentações em vigor, segundo a empresa.

Essas mudanças ocorrem após um acidente trágico com uma aeronave que resultou na morte de 62 pessoas no dia 9 de agosto, em Vinhedo (SP).

Voepass suspende novos voos após acidente aéreo

A Voepass, com sede em Ribeirão Preto, anunciou a suspensão da operação de quatro novas rotas até o dia 26 de outubro. A decisão foi comunicada nesta terça-feira (10) e afeta os destinos de Aracati (CE), Campina Grande (PB), Chapecó (SC) e Juazeiro do Norte (CE). No mês passado, a empresa já havia interrompido os voos diários para nove outros destinos até o final de outubro.

A companhia explicou que a suspensão das novas rotas é necessária para ajustar suas operações em resposta ao acidente aéreo ocorrido em Vinhedo, interior de São Paulo, em 9 de agosto, que resultou na morte de 62 pessoas. Os voos para os destinos indicados serão retomados após o replanejamento das rotas, previsto para ocorrer até 26 de outubro.

A Voepass informou que os passageiros com bilhetes para os trechos cancelados serão compensados ​​de acordo com a Resolução 400 da ANAC.

AUDIÊNCIA PÚBLICA SOBRE O ACIDENTE

Nesta terça-feira, também foi realizada uma audiência pública na Câmara dos Deputados sobre o acidente ocorrido com um avião da Voepass. A reunião foi convocada pelo coordenador da comissão externa, deputado Bruno Ganem (Pode-SP).

Durante o encontro, representantes do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) coletaram informações sobre a investigação do acidente, incluindo as transcrições das comunicações entre os pilotos e a torre de controle, obtidas a partir da caixa-preta.

O chefe do Cenipa, brigadeiro Marcelo Moreno, afirmou que a aeronave estava em condições adequadas para voar com formação de gelo e que a tripulação estava treinada para tais condições. Além disso, o brigadeiro revelou que, de acordo com o relatório preliminar, o sistema de descongelamento da aeronave foi acionado três vezes durante o voo após a indicação de que existia formação de gelo na aeronave, pelo sistema chamado de Eletronic ice detector.

LINHAS COM OPERAÇÕES SUSPENSAS

NORDESTE

  • Porto Seguro (BA)
  • Salvador (BA)
  • Aracati (CE)
  • Fortaleza (CE)
  • Juazeiro do Norte (CE)
  • Campina Grande (PB)
  • Mossoró (RN)
  • Natal (RN)

SUL

  • Cascavel (PR)
  • Chapecó (SC)

SUDESTE

  • Confins (MG)
  • São José do Rio Preto (SP)

CENTRO-OESTE

  • Rio Verde (GO)

Acidente Voepass: Cenipa confirma extração completa dos dados das caixas-pretas do voo; Confira mais informações sobre o acidente aéreo

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) anunciou que conseguiu extrair com sucesso todas as informações das caixas-pretas do avião da Voepass, que sofreu um acidente em Vinhedo, São Paulo, na última sexta-feira (09).

De acordo com o brigadeiro Moreno, a extração foi realizada com 100% de sucesso, e todos os dados, incluindo as gravações de voz e de dados de voo, foram recuperados. Esses registros correspondem ao período imediatamente antes do trágico acidente.

O acidente com o voo da Voepass, que tinha como base Ribeirão Preto, resultou na morte de 62 pessoas, sendo 58 passageiros e quatro membros da tripulação. Moreno também informou que as caixas-pretas do avião foram analisadas, confirmando que a tripulação não fez nenhuma declaração de emergência aos órgãos de controle de tráfego aéreo.

O relatório preliminar da investigação deve ser divulgado dentro de 30 dias.

O QUE SE SABE SOBRE O ACIDENTE

O avião ATR-72-500 da Voepass havia passado por manutenção após um “dano estrutural” registrado cinco meses antes do acidente.

De acordo com uma reportagem do Fantástico, da TV Globo/EPTV, exibida no domingo (11), o avião havia apresentado uma falha no sistema hidráulico durante um voo em março. Esse problema foi detectado e registrado após um voo entre Recife e Salvador, quando a cauda da aeronave colidiu com a pista, causando um “dano estrutural”. Após o incidente, o avião ficou em Salvador por 17 dias e, em 28 de março, foi enviado para manutenção na oficina da Voepass em Ribeirão Preto.

A reportagem de Álvaro Pereira Júnior revela que a aeronave só voltou a operar comercialmente em 9 de julho. No entanto, o avião enfrentou uma despressurização em voo e teve que retornar a Ribeirão Preto para reparos. Após a correção, a aeronave voltou ao serviço em 13 de julho e continuou a operar até o acidente.

A Polícia Civil de São Paulo abriu um inquérito para investigar o acidente aéreo, enquanto as investigações do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) continuam em andamento para esclarecer as circunstâncias do acidente.

Em resposta ao acidente, a Voepass declarou que a aeronave PS-VPB, ATR-72, do voo 2283, havia decolado de Cascavel-PR sem restrições e com todos os sistemas operacionais em condições adequadas.