Daniela Carneiro apresentou ao STF um laudo que aponta irregularidades no documento que garantiu a permanência de Ednaldo no cargo
A deputada federal Daniela Carneiro (União Brasil-RJ), conhecida como Daniela do Waguinho, entrou com um pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) para afastar imediatamente Ednaldo Rodrigues da presidência da CBF. A parlamentar também solicitou que o tribunal reavalie o acordo homologado em fevereiro deste ano, que reconhecia a legalidade da eleição de Ednaldo em 2022. A petição se baseia em um laudo pericial que aponta que a assinatura do Coronel Nunes no documento seria falsa.
Segundo o laudo anexado à petição, a assinatura atribuída a Nunes, ex-presidente da CBF e então vice de Ednaldo, não teria sido feita de forma consciente, com dúvidas sobre sua autenticidade e sobre sua capacidade cognitiva no momento da assinatura. O próprio chefe do departamento médico da CBF, Jorge Pagura, já havia afirmado em 2023 que Nunes não estava em condições físicas e mentais para tomar decisões dessa natureza. O relatório pericial foi encomendado pelo vereador Marcos Dias (Podemos-RJ) e também foi enviado ao Ministério Público do Rio de Janeiro para investigação.
A ação ocorre enquanto o STF se prepara para retomar o julgamento sobre a constitucionalidade das mudanças no estatuto da CBF. Essas alterações, aprovadas em 2022, reduziram o poder dos clubes nas eleições internas da entidade. O acordo que permitiu Ednaldo reassumir o comando da CBF, após ser afastado pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro em dezembro de 2023, será revisado em julgamento marcado para 28 de maio. O relator do processo é o ministro Gilmar Mendes.
A petição da deputada pede que o acordo seja anulado com base no artigo 168 do Código Civil, que permite o cancelamento de atos jurídicos quando há vícios de consentimento. A defesa alega que “fatos novos e de extrema relevância” justificam a revisão da homologação. A CBF, procurada para comentar o caso, informou que não irá se manifestar neste momento.
A crise institucional na entidade ocorre em meio ao vácuo técnico na seleção brasileira, que está sem treinador desde que Ednaldo anunciou a saída de Dorival Júnior em março. As críticas à gestão aumentam, e a nova ofensiva judicial pode colocar ainda mais pressão sobre a permanência de Ednaldo no comando da Confederação Brasileira de Futebol.