Julho Amarelo: conheça as formas de prevenção às hepatites virais

Estima-se que apenas uma em cada 20 pessoas com hepatite viral sabe que está doente. A ausência de manifestações clínicas iniciais dificulta o diagnóstico precoce, levando à detecção muitas vezes quando a infecção já está em fase avançada, o que pode resultar em complicações adicionais. Por isso, a campanha Julho Amarelo tem o objetivo de alertar a população sobre a prevenção e o diagnóstico das hepatites virais.

As hepatites virais são inflamações no fígado causadas por diferentes vírus. Alguns tipos podem se tornar crônicos, levando a danos progressivos no fígado ao longo do tempo, o que aumenta o risco de cirrose e câncer hepático. As hepatites também podem causar uma série de complicações graves, incluindo insuficiência hepática aguda, que é potencialmente fatal.

CONHEÇA OS DIFERENTES TIPOS DE HEPATITE

Hepatite A

Transmitida principalmente através do consumo de água ou de alimentos contaminados, a hepatite A é geralmente uma doença aguda e autolimitada, durando algumas semanas e com menor risco ao paciente. A vacinação, incluída no calendário vacinal do governo federal, é uma medida eficaz de prevenção.

Hepatite B

Pode ser transmitida através do contato com sangue contaminado, uso compartilhado de agulhas, relação sexual desprotegida ou de mãe para filho durante o parto. Apresenta poucos ou nenhum sintoma inicial, dificultando o diagnóstico precoce. A vacinação também é uma forma de prevenção.

Hepatite C

Transmissível através do contato com sangue contaminado, a hepatite C não apresenta sintomas iniciais e é de difícil diagnóstico. Não há vacina disponível para esse tipo de hepatite. “Sempre se torna uma doença crônica, permanecendo no organismo enquanto não for tratada”, explica o hepatologista do Hospital Evangélico de Sorocaba.

Hepatite D

Mais comum no norte do Brasil e em outros países, a infecção pelo vírus D depende da presença do vírus da hepatite B. Ou seja, a pessoa só pode ser infectada pelo vírus D se já tiver contraído o vírus B. A hepatite D pode se tornar crônica se não tratada.

Hepatite E

Transmitida principalmente através da água contaminada, a hepatite E é comum em áreas com más condições de saneamento. Geralmente é uma doença aguda, podendo ser mais grave em mulheres grávidas.

SINTOMAS E DIAGNÓSTICO

Os sintomas das hepatites virais variam de acordo com o tipo de vírus, idade do paciente e condição de saúde.

“Os pacientes podem apresentar sintomas leves como fadiga, febre, perda de apetite, náusea, vômitos e icterícia (coloração amarelada da pele e dos olhos), além de quadros mais graves com dores abdominais, fraqueza intensa e até coma”, exemplifica Dr. Hidalgo.

Qualquer sintoma que lembre uma infecção pelo vírus deve ser investigado por meio de avaliação médica detalhada e coleta de sangue para pesquisa do vírus. Após isso, em caso positivo, o médico poderá orientar sobre o tratamento indicado para cada tipo específico de hepatite.

MEDIDAS DE PREVENÇÃO

As medidas de prevenção variam conforme o tipo de hepatite. Para as hepatites A e E, cuja transmissão ocorre pelo consumo de água ou alimentos contaminados, recomenda-se a prática de hábitos saudáveis. “Higiene das mãos e alimentos, uso de água limpa e evitar o compartilhamento de copos e garrafas são medidas que podem reduzir o risco de contaminação”, orienta o médico.

Para as hepatites B, C e D, transmitidas pelo contato com sangue contaminado, é indicado evitar o uso compartilhado de agulhas e seringas, utilizar preservativos nas relações sexuais e ter cuidado com o compartilhamento de materiais em barbearias (lâminas e barbeadores) e salões de beleza (alicates e cortadores de unha), por exemplo.

Ministério da Saúde lança documentário sobre estratégias de prevenção contra HIV e hepatites virais

O Ministério da Saúde, em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e cerca de 60 Organizações da Sociedade Civil (OSCs) brasileiras, lançou um documentário com os resultados de ações preventivas contra o HIV e as hepatites virais. A produção traz a experiência de ações realizadas junto a populações-chave e prioritárias, por meio da abordagem de educação entre pares.

O documentário “A estratégia de pares como resposta ao HIV/aids e às hepatites virais no Brasil” está disponível no canal oficial do Ministério da Saúde no YouTube e traz relatos de beneficiários e de representantes de OSCs que atuaram nas atividades de prevenção, diagnóstico e vinculação aos serviços de saúde realizadas em diversos municípios brasileiros. No total, foram promovidas mais de 60 mil intervenções como testagens, distribuição de preservativos, rodas de conversa, entre outras.

As ações apresentadas foram inspiradas na estratégia “Viva Melhor Sabendo”, uma forma de prevenção combinada que utiliza a abordagem de educação entre pares para alcançar populações-chave e prioritárias para vinculá-las à rede de serviços do Sistema Único de Saúde (SUS).

De acordo com o diretor do Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis, a parceria com a sociedade civil e as ações entre pares são fundamentais para a resposta preventiva. “Infelizmente, a epidemia de HIV, hepatites virais e outras IST estão concentradas em populações mais vulnerabilizadas ou em maior exposição ao risco, tais como: gays, travestis, trabalhadores do sexo, pessoas em situação de rua, entre outras. Devido ao estigma e à discriminação que lamentavelmente ainda ocorrem na sociedade – inclusive nos serviços de saúde – muitas dessas pessoas nem procuram esses serviços. Portanto, ações de educação e prevenção entre pares nos diversos contextos sociais são essenciais para minimizar barreiras e promover acesso à saúde”, afirma Draurio Barreira.

Bruno Boni, beneficiário das ações entre pares e personagem do documentário relata sua experiência sendo uma pessoa que vive com HIV. “Até hoje eu vejo muito preconceito velado em unidades de saúde. Um pouco de conservadorismo, de associar o HIV a profissionais do sexo ou HSH [homens que fazem sexo com homens], aos gays, às pessoas trans, às travestis, mesmo eles sendo profissional da área da saúde. Isso socialmente vai virando um efeito dominó, porque vai chegando às famílias. Ali o preconceito vai aumentando”, diz Bruno.

Além dos relatos de pessoas que participaram das intervenções, o vídeo traz falas de representantes de OSCs e serviços de saúde que se envolveram nas iniciativas demonstrando a importância da estratégia para promoção do acesso à saúde das populações. “A nossa responsabilidade não é só fazer a testagem. A nossa responsabilidade é fazer o acompanhamento dessa pessoa até ela chegar à rede de serviço”, diz Sônia Cabral, psicóloga e fundadora da OSC Grupo Vale a Vida.

Ministério da Saúde

Seis em cada dez brasileiros com hepatite B não receberam diagnóstico. Saiba como identificar a doença

O Brasil tem pouco mais de 276 mil pessoas diagnosticadas com hepatite B, segundo dados divulgados no relatório Hepatites Virais 2023. Entretanto, estima-se que exista pelo menos um milhão de pessoas convivendo com o vírus no país. Isso significa que seis em cada dez infectados não conhecem o próprio quadro de saúde e, portanto, não tiveram a chance de receber tratamento. “É fundamental ampliarmos esses diagnósticos”, ressaltou a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Maciel.

A campanha “Hepatites, descubra se você tem”, lançada neste mês de julho, é um alerta para este público – lembrando que as Hepatites B e C podem não causar sintomas perceptíveis nos primeiros anos após o contágio. Neste 28 de julho, marcado pelo Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais, o Ministério da Saúde reforça o alerta para alguns sintomas:

  • Cansaço;
  • Tontura;
  • Enjoo e/ou vômitos;
  • Febre;
  • Dor abdominal; e
  • Pele e olhos amarelados.

Entretanto, esses sinais podem ocorrer apenas em uma fase avançada da doença, décadas após o contágio. A melhor maneira de descobrir é procurando uma Unidade Básica de Saúde mais próxima e manifestar o interesse em fazer o teste para a doença.

Compromisso com a eliminação

As hepatites virais fazem parte das chamadas doenças determinadas socialmente, sobre as quais há um compromisso do Brasil para a eliminação nos próximos sete anos. Em relação às hepatites B e C, a meta estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é diagnosticar 90% das pessoas com hepatites virais, tratar 80% das pessoas diagnosticadas, reduzir em 90% novas infecções e em 65% a mortalidade.

Para atingir a meta, o Ministério da Saúde adotou um novo protocolo de tratamento. Dessa forma, o país vai mais que dobrar os atuais 41 mil pacientes em tratamento para Hepatite B, chegando a 100 mil. As mudanças são baseadas em evidências científicas mais atuais e posicionam a política de combate à doença no Brasil como uma das mais avançadas do mundo.

Ministério da Saúde

Dia Mundial da Hepatite: OMS quer melhorar enfrentamento da doença

Com o tema Uma Vida, Um fígado, a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou a campanha deste ano do Dia Mundial da Hepatite, celebrado nesta sexta-feira (28). 

“Você tem apenas uma vida e apenas um fígado e a hepatite pode acabar com os dois”, alertou a entidade.

A objetivo da campanha da OMS é melhorar o enfrentamento da doença para cumprir a meta de eliminação até 2030.

A hepatite viral é uma infecção que atinge o fígado. A cada ano, a entidade contabiliza 3 milhões de novas infecções, e mais de 1 milhão de mortes em todo o mundo.

A doença é silenciosa, com sintomas que só aparecem quando a hepatite já está em fase avançada.

Por dia, a OMS contabiliza 8 mil novas infecções, mas a entidade alerta que este número é subestimado, já que há um “número enorme” de casos não diagnosticados e pessoas convivendo com a doença sem tratamento.

Entre os sintomas estão cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados.

Variantes

São cinco variantes diferentes de vírus da hepatite, mas as do tipo B e C são as mais preocupantes.

Hoje, de acordo com a OMS, existem ferramentas melhores de prevenção, diagnóstico e tratamento. Porém, muitas pessoas estão infectadas e não sabem.

Esse avanço silencioso pode causar casos mais graves, como explica a presidente do Movimento Brasileiro de Hepatites Virais, Neide Barros.

“Hoje a gente tem tratamento eficaz. Então a gente tem de se preocupar em detectar as pessoas com hepatites B e C, principalmente, para que elas venham a ser tratadas e que [os casos] não venham a se agravar depois, quando não mais condições de tratamento. A falta de tratamento pode levar à cirrose, câncer e a um transplante. Muitas vezes [o paciente] não chega ao transplante devido ao quadro estar bem avançado.”

De acordo com a OMS, apenas 10% das pessoas com hepatite B crônica são diagnosticadas. Desse total, 22% recebem tratamento o que equivale dizer que apenas 2% das pessoas infectadas se tratam.

Já em relação à hepatite C, somente 21% recebem diagnóstico, dessas 62% fazem tratamento.

Edição: Denise Griesinger

Fonte EBC