Ygor Catatau é banido do futebol brasileiro e outros jogadores são punidos por envolvimento em manipulação de apostas

Após um julgamento realizado na última terça-feira (6), a 5ª Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) anunciou a exclusão definitiva de Ygor Catatau, ex-atleta do Sampaio Corrêa e Vasco, do cenário do futebol no Brasil. Além disso, ele foi sancionado com uma multa de R$70 mil. O jogador, atualmente atuando no futebol do Irã, foi denunciado pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) por estar envolvido em um caso de manipulação de apostas esportivas.

Outros jogadores envolvidos no caso também receberam punições. Matheusinho e Paulo Sérgio receberam uma suspensão de 720 dias, além de multa no valor de R$ 70 mil cada um. Os três jogadores punidos têm o direito de apelar da decisão perante o Pleno do STJD.

O julgamento, ocorrido das 12h às 18h, registrou momentos de tensão entre os advogados e o presidente da mesa, Otacilio Araujo. Além de Ygor Catatau, outros quatro jogadores que atuaram pelo Sampaio Corrêa em 2022 também foram julgados: Allan Gódoi e Paulo Sérgio, que estão no Operário-PR, André Queixo, que defende o Ituano e Mateusinho, atualmente no Cuiabá.

A pena mais severa foi imposta a Ygor Catatau, com a sua exclusão definitiva do futebol e uma multa de R$ 70 mil. Matheusinho e Paulo Sérgio receberam uma suspensão de 720 dias e multa no mesmo valor. Allan Gódói foi absolvido, enquanto André Queixo foi multado em R$ 50 mil.

Apesar da exclusão, Ygor Catatau poderá continuar sua carreira no exterior, pois a decisão não terá efeito imediato fora do país. O advogado do jogador, Felipe Macedo, anunciou que irá apelar contra a pena.

Foto – Rafael Ribeiro / Vasco

STJD marca julgamentos de mais 5 jogadores envolvidos em esquema de apostas

Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) segue com os julgamentos de jogadores envolvidos no esquema de apostas. Mais cinco jogadores tiveram as datas dos julgamentos conhecidas. Eles são investigados na Operação Penalidade Máxima I.

Allan Godói (Operário-PR), André Luiz (Ituano), Mateusinho (Cuiabá), Paulo Sérgio (Operário-PR) e Ygor Ferreira (Sampaio Corrêa) serão julgados na próxima terça-feira, 6 de junho, às 11h30. 

Denunciados em diferentes artigos do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), as punições podem variar desde multa de até R$ 100 mil até o banimento do futebol. 

PRIMEIROS JULGAMENTOS

Nos primeiros julgamentos, o STJD decidiu banir do futebol o jogador Marcus Vinícius Alves Barreira, conhecido como Romário, por participação no esquema de apostas descoberto pela Operação Penalidade Máxima. Além disso, o ex-atleta do Vila Nova terá de pagar multa estipulada em R$ 25 mil.

Gabriel Domingos, também ex-jogador do Vila Nova, foi suspenso por 720 dias e recebeu multa de R$ 15 mil.

OPERAÇÃO PENALIDADE MÁXIMA

O Ministério Público de Goiás está investigando diversos atletas por envolvimento em esquemas de apostas. Ao todo, 15 jogadores receberam denuncias formais e nove pessoas já foram detidas por serem intermediários nos tratos entre atletas e os apostadores.

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Foto – Fernando Leite/Assessoria de Comunicação Social do MPGO

Promotor do MP diz que identificou fraudes em outros jogos do Brasileirão de 2022

Um dos responsáveis pela Operação Penalidade Máxima, que investigou e denunciou jogadores e apostadores envolvidos em manipulação de partidas do futebol brasileiro, o promotor Fernando Cesconetto, do Ministério Público de Goiás, afirmou que detectou “possíveis fraudes” em outras partidas do Brasileirão de 2022 investigadas, além das que já são de conhecimento público.

“Já identificamos outras possíveis fraudes em jogos da Série de 2022. Realizamos interrogatórios de atletas profissionais e prosseguimos com as investigações”, afirmou o promotor durante depoimento na CPI da Manipulação de Resultados instaurada na Câmara dos Deputados. A CPI promoveu sua primeira audiência nesta terça-feira.

Cesconetto disse que o MP já deu início a uma terceira investigação complementar para apurar novas suspeitas de manipulação de partidas. Ele explicou que ainda vai analisar um “farto material” proveniente de quebra de sigilo bancário e fiscal de pessoas envolvidas no esquema de apostas.

“Há dados que sequer chegaram ao nosso conhecimento até o momento, como a íntegra dos dados bancários que pedimos. Temos que analisar um farto material que pegamos, principalmente de equipamentos eletrônicos”, disse.

Outro membro do MP de Goiás a falar na CPI nesta terça foi o procurador-geral Cyro Terra Peres. Ele disse que as fraudes identificadas nas Séries A e B do Campeonato Brasileiro e em estaduais deste ano, como o Campeonato Gaúcho e o Paulistão, não comprometeram os resultados dos torneios.

“Essa investigação não detectou, pelo menos até agora, manipulações que comprometessem de forma sistêmica a lisura dos campeonatos, como Brasileiro e os regionais”, comentou Peres. “Identificamos pessoas pontualmente que praticaram ilícitos, se venderam, vamos dizer assim, mas são uma minoria de atletas que não honraram sua profissão, seu clube e sua história”.

PROMOTOR IDENTIFICOU MAIS FRAUDES

Cesconetto corroborou o que disse Peres quando perguntado pelo relator da CPI, Felipe Carreras (PSB-PE), se o esquema de apostas afetou o resultado das competições. “As partidas são específicas e, embora sejam penalmente relevantes, não afetaram a competição de maneira generalizada nem o resultado de quem seria campeão.”

Presidente do Vila Nova, Hugo Jorge Bravo também deu seu depoimento na CPI. Foi ele, que é major da PM de Goiás, que denunciou casos de manipulação de resultados cometidos dentro de seu próprio clube, dando início à operação do MP.

“Essa operação veio num momento muito importante para o futebol brasileiro. Eu posso dizer para vocês, tranquilamente, se isso não acontecesse, nos próximos três, quatro anos, o futebol estaria completamente contaminado”, previu o presidente do Vila Nova.

Hugo Jorge Bravo descobriu o esquema depois que soube que um atleta de seu time, Marcus Vinícius Barreira, conhecido como Romário, recebeu a promessa de ganhar R$ 150 mil para cometer um pênalti no duelo entre Vila Nova e Sport, pela última rodada da Série B de 2022.

O faro de policial lhe ajudou a colher mais informações e a fazer a denúncia ao MP, que deflagrou a primeira fase da operação em fevereiro e a segunda, em abril, quando, segundo Cesconetto, “os apostadores estavam se organizando para tentar fraudar novos eventos na Série A”.

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP-GO dividiu os membros da organização em quatro núcleos: financiadores, apostadores, intermediadores e administrativo. Os responsáveis pela apuração sinalizam que o tamanho dessa rede pode ser maior do que a conhecida hoje. Por isso, as apurações seguem para esgotar o tamanho e o alcance do grupo no futebol.

“Não descartamos que há outras pessoas envolvidos nesses núcleos, principalmente os que promovem essa intermediação entre os jogadores e apostadores. Não descartamos outros crimes, outros episódios de corrupção em âmbito esportivo na Série A”, frisou o promotor.

VAI ACABAR EM PIZZA?

Em uma de suas falas, o relator Felipe Carreras prometeu que a Comissão não iria “terminar em pizza”. “O futebol brasileiro está doente, está em crise. São muitas as interrogações que nós temos. Essa CPI, pode escrever, anotar e quebrar, não vai terminar em pizza.”

No entanto, muitos dos mais de 30 deputados que compõem a CPI esbravejaram contra o presidente Julio Arcoverde (PP-PI), que não permitiu a deliberação de requerimentos para o próximo encontro porque não havia mais tempo, já que, naquele momento, estavam começando as votações principais do plenário principal da Câmara.

Entre as 19 propostas, foi aprovada apenas a convocação de Rodrigo Alves, presidente da Associação Brasileira de Apostas Esportivas (ABAESP) para prestar depoimento. Na terça-feira da próxima semana, portanto, não haverá depoimentos e os deputados vão se reunir apenas para deliberar os requerimentos.

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Foto – Fernando Leite/Assessoria de Comunicação Social do MPGO