O Centro de Pesquisas do Varejo (CPV), mantido por SINCOVARP (Sindicato do Comércio Varejista) e CDL RP (Câmara de Dirigentes Lojistas), realizou pesquisa para apurar o impacto da implantação do corredor de ônibus no Comércio da Av. Dom Pedro I, no bairro Ipiranga, zona norte de Ribeirão Preto (SP). Trata-se de um dos mais importantes corredores de Varejo e Serviços da cidade.
A pesquisa apurou que desde o início da operação do corredor de ônibus, em outubro de 2022, as vendas no Comércio da Av. Dom Pedro I tiveram queda média de 45%. Sobre o movimento de clientes, a redução média foi de 42%, segundo os empreendedores que atuam em diversos segmentos. 95,5% dos empresários entrevistados disseram que foram diretamente impactados pelo corredor de ônibus.
“O fluxo de clientes é fundamental para o desempenho do Comércio. A proibição total de estacionamento na avenida, bem como a faixa exclusiva para ônibus, prejudicaram muito o acesso dos consumidores às lojas e as vendas acompanharam a queda do movimento. Isso representa uma perda de faturamento muito significativa, principalmente para micros e pequenos negócios”, explica Diego Galli Alberto, pesquisador e coordenador do CPV.
Entre as 66 empresas que responderam à pesquisa, 51% são MEs (Microempresas), 25% são MEIs (Microempreendedores Individuais), 9% são EPPs (Empresas de Pequeno Porte), 9% são Grandes Empresas e 6% se identificaram como Médias Empresas.
Emprego
O levantamento também apurou que, desde o início da operação do corredor de ônibus, houve uma redução média de 33% nos quadros de funcionários dos estabelecimentos da Av. Dom Pedro I.
“Com a queda de vendas e do faturamento, enxugar o quadro de funcionários acabou sendo uma das principais medidas de contenção de gastos. Pequenos negócios têm fluxo de caixa muito apertado e podem literalmente quebrar se não tiverem equilíbrio financeiro”, afirma o pesquisador.
Projeção futura
Também foi perguntado o que os(as) empreendedores(as) esperam do futuro da Av. Dom Pedro I em médio e longo prazos, dentro de uma escala de 1 a 5, em que 1 significa “muito pessimista” e 5 “muito otimista”.
Na perspectiva de médio prazo, considerando até o final do segundo semestre de 2024, o nível de confiança ficou em 1,9 ponto, classificado como pessimista. Na perspectiva de longo prazo, considerando os próximos 12 meses até o final do primeiro semestre de 2025, o nível de confiança ficou em 2,0 pontos, também avaliado como pessimista.
Livre manifestação
A pesquisa também deixou um campo de preenchimento para que os empreendedores apontassem livremente os fatores que teriam influência no nível de otimismo/pessimismo manifestado. Os tópicos mais citados foram:
1 – A proibição total de estacionamento na via
2 – A definição da faixa do corredor como exclusiva para ônibus
3 – O sistema de Área Azul que não estaria conseguindo amenizar os impactos da proibição de estacionamento
“As manifestações na pesquisa ainda confirmaram que os empreendedores esperam a revisão e suspensão das regras atuais do corredor de ônibus, em 2025, com a realização de estudos que busquem soluções alternativas para a mobilidade na região da Av. Dom Pedro I. Ficou claro que os empresários concordam que melhorias na mobilidade são bem-vindas, mas sem que isso prejudique tanto o Comércio”, analisa Galli.
O pesquisador também destaca que o Comércio Varejista é o segundo pilar mais importante da economia local. “Alinhamos a aplicação dessa pesquisa ao estudo que já realizamos mensalmente para medir o desempenho de vendas, a empregabilidade e o índice de confiança dos empreendedores do Varejo de Ribeirão Preto”, finaliza.