Veja como hábitos do dia a dia podem acarretar sintomas de olho seco

Muitas horas de exposição à telas, altos níveis de poluição nas cidades e uso de ar-condicionado constante. Essas são algumas condições que podem desencadear a chamada doença do olho seco, caracterizada pela diminuição da produção de lágrimas. A doença afeta cerca de 20 milhões de brasileiros, em sua maioria os jovens, e traz, dentre os sintomas, desconforto ocular, e pode ter a sua ocorrência ligada aos hábitos do dia a dia.

O mês de julho, conhecido como Julho Turquesa, marca a importância da conscientização desse problema. A dra. Mônica Alves, médica oftalmologista, comenta sobre o tema. “O olho seco não é uma doença de um sintoma só. Irritação, ardência, sensação de areia nos olhos, coceira, olhos vermelhos, lacrimejamento, sensação de secura, dentre muitos outros fazem parte dessa lista. Os sintomas podem mudar ao longo do dia e ter diferentes graus de incômodo. Cada paciente manifesta a doença de uma maneira diferente.”

COMO FUNCIONA A DOENÇA E COMO DIAGNOSTICAR

A lágrima é um líquido produzido pelas glândulas lacrimais, composta por água, sais minerais, proteínas e gordura, com a função de lubrificar, limpar e proteger o olho das agressões causadas por substâncias estranhas ou micro-organismos. O Ministério da Saúde caracteriza a doença do olho seco como um problema na produção ou na qualidade da lágrima que provoca o ressecamento da superfície do olho, da córnea e da conjuntiva.

Para identificar o olho seco, o oftalmologista, além da análise clínica, também realiza um questionário para entender o grau e a intensidade dos sintomas e do incômodo vivido pelo paciente. Além disso, o especialista também deve considerar um teste que avalie qualquer alteração ocular”, complementa a médica.

CAUSAS

Em 2023, a Tear Film & Ocular Surface Society (TFOS), sociedade americana dedicada a estudar e investigar questões ligadas ao filme lacrimal e da superfície ocular, publicou um consenso que avaliava a ocorrência de doenças da superfície ocular e estilo de vida. “Para isso, foram considerados uma série de fatores, como nutrição, exposição ambiental, fatores climáticos, exposição digital, dentre outros”, explica a médica. “O objetivo final era de entender o que no estilo de vida moderno pode causar doenças oculares, e todos esses itens têm correlação.”

“A ocorrência de olho seco foi um destaque nesse estudo”, comenta. Cidades grandes com altos níveis de poluição, muito tempo de exposição ao ar-condicionado ou a telas, o uso de cosméticos, questões de saúde mental, dentre outros fatores que causam o olho seco. E, de fato, hoje os estudos epidemiológicos comprovam o aumento da ocorrência da doença.”

TRATAMENTO

A Dra. Mônica conta que o tratamento ocorre a partir da aplicação de lágrimas artificiais, ou seja, de lubrificantes oculares, que muitas vezes se apresentam na forma de colírios. Dessa forma, o paciente consegue ter um alívio dos sintomas, mas as visitas ao oftalmologista não devem ser negligenciadas.

“É importante que os profissionais da saúde deem importância ao relato do paciente e que ele seja avaliado por um todo. Por outro lado, muitas vezes, o paciente tende a fazer uma automedicação, que pode piorar o problema”, adiciona a especialista.

“Pacientes que vivem com a doença em estágio moderado ou grave possuem um alto impacto na qualidade de vida. É uma pessoa que deixa de fazer coisas rotineiras, como ir a lugares com ar-condicionado. O olho seco não pode ser negligenciado, independente do grau e da intensidade dos sintomas”, finaliza Mônica.

Sobre a AbbVie em Oftalmologia

Na AbbVie, estamos comprometidos em fazer comque a visão dure uma vida toda. Com um legado de mais de 75 anos em saúde ocular, temos orgulho de oferecer 125 produtos para cuidados oftalmológicos que ajudam a preservar e proteger a visão de pacientes em todo o mundo. Tratamos doenças da parte frontal até a posterior do olho, incluindo glaucoma, doenças da superfície ocular e doenças da retina.

Saúde ocular: diagnóstico precoce evita desenvolvimento de problemas na visão

Celebrado em 10 de julho, o Dia Mundial da Saúde Ocular alerta para a prevenção e diagnóstico precoce das doenças oculares. Os problemas oculares podem ocorrer em todos os tipos de pessoas, sobretudo, em idosos, que devido ao processo de envelhecimento passam por alterações na visão, advindas de fatores naturais ou não. Catarata, glaucoma, retinopatia diabética e degeneração macular relacionada à idade são algumas das doenças que mais acometem a saúde ocular da população idosa.

Somente no estado, de acordo com dados da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP), foram realizados 3.964 procedimentos clínicos ambulatoriais por glaucoma em 2023. De janeiro a abril deste ano, foram 1.289 casos. Causada por uma pressão intraocular elevada, a doença pode levar a perda gradual da visão e se não tratada, pode causar cegueira.

O tratamento para o glaucoma é feito inicialmente com colírios. Entretanto, a doença não tem cura. Por isso, a importância do monitoramento para ter o diagnóstico precoce e evitar a perda total da visão. “São sinais de atenção a pressão intraocular acima de média e a alteração nos nervos ópticos, detectáveis no exame de fundo de olho. Além disso, o histórico familiar também deve ser analisado, pois em alguns casos a doença é hereditária”, explica Rodrigo Toledo Mota, oftalmologista e gerente médico do Ambulatório Médico de Especialidades (AME) Mauá.

A catarata, também comum na população acima dos 60 anos, é causada por fatores como envelhecimento do cristalino, traumatismos ou complicações por alguma doença, resultando nas vistas embaçadas ou turvas. “Alguns casos também podem ser influenciados pela diabetes ou uso de colírios com corticóide sem indicação médica”, afirma o especialista.

Na retinopatia diabética, o alto nível de açúcar no sangue altera o funcionamento dos vasos sanguíneos, danificando o fluxo de sangue para os órgãos do corpo. Já na degeneração macular, a idade é o fator de desenvolvimento da perda de visão parcial ou total em idosos.

Em todos os casos, existem medidas que podem evitar o desenvolvimento ou o agravamento dos problemas oculares como:

Consultar regularmente o oftalmologista
Realizar exames oftalmológicos de rotina ajuda a detectar precocemente problemas de visão. No caso de qualquer trauma ou alteração nas vistas, é recomendável marcar uma consulta. Para idosos, o ideal é passar por uma avaliação anualmente, ainda que não tenha sintomas.

Tenha uma alimentação balanceada
Os hábitos alimentares influenciam o funcionamento de todos os órgãos, principalmente os olhos, por isso, manter uma alimentação rica e variada em vegetais, proteínas e fibras é benéfico para todo o corpo.

Controlar doenças crônicas
Quadros de diabetes, hipertensão e demais comorbidades devem ser controladas para evitar complicações de saúde como as oculares, associadas a essas doenças.

Descansar a visão
Reduzir o cansaço visual causado por exposição a dispositivos eletrônicos ou luzes é fundamental para a saúde ocular. Além disso, é necessário fazer o uso correto dos óculos de grau e lentes de contato, quando indicadas, para evitar danos progressivos à visão.

Acesso à rede especializada

A SES destaca que as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) são a porta de entrada para iniciar o tratamento oftalmológico no Sistema Único de Saúde (SUS).

Após a primeira consulta na atenção básica, o paciente será encaminhado para os serviços especializados em oftalmologia do Estado ou do próprio município, dependendo do grau de complexidade de seu quadro clínico.

Nos Ambulatórios Médicos de Especialidades (AME), o paciente passa pelo tratamento e após esse período, caso tenha o diagnóstico que constate a irreversibilidade do quadro com baixa visão ou cegueira, o indivíduo pode ser encaminhado para a Rede Lucy Montoro Diadema, que oferece diversos atendimentos especializados em reabilitação física/motora e visual, destinados a proporcionar um cuidado integral e de qualidade aos pacientes.

Aqueles que são mais frequentemente acessados pelos pacientes da Reabilitação Visual incluem terapia ocupacional, nutrição, assistência social, orientação e mobilidade, e ortóptica.

Clima quente e ar-condicionado podem afetar a saúde dos olhos

A exposição prolongada a altas temperaturas e baixa umidade do ar, combinada com mudanças climáticas súbitas, pode criar um ambiente adverso para a saúde dos olhos, impactando não apenas o conforto visual, mas também a funcionalidade ocular. Além disso, ambientes internos com uso constante de ar-condicionado, comuns em espaços corporativos e cidades grandes, podem agravar esses problemas.

De acordo com o Dr. Pedro Antonio Nogueira Filho, oftalmologista-chefe do Pronto Socorro do H.Olhos – Hospital de Olhos, a baixa umidade do ar pode causar o ressecamento das membranas oculares, tornando os olhos suscetíveis a microrganismos, germes e partículas poluentes.

Para quem usa lentes de contato, o impacto pode ser ainda maior. As transições frequentes entre ambientes com ar-condicionado e calor externo podem acelerar a evaporação do filme lacrimal, causando desconforto e ressecamento das lentes. Nogueira Filho aconselha os usuários de lentes a adotar precauções específicas, como manter a hidratação, respeitar o tempo de uso e realizar uma limpeza adequada. Piscar os olhos algumas vezes ao entrar ou sair de locais com ar-condicionado também pode ajudar na lubrificação.

No entanto, mesmo aqueles que não usam lentes de contato não estão isentos de problemas oculares. A exposição prolongada a dispositivos eletrônicos, como celulares, tablets e computadores, pode contribuir para o surgimento da síndrome do olho seco, que apresenta sintomas como ardência, lacrimejamento, secura, vermelhidão e visão borrada no final do dia.

Prevenção

A prevenção desempenha um papel crucial na manutenção da saúde ocular. Além de manter a hidratação dos olhos, é recomendável reduzir o tempo de uso de dispositivos eletrônicos e fazer pausas regulares durante o uso. Um check-up anual com um oftalmologista é fundamental para acompanhar a saúde dos olhos e identificar problemas precocemente.

Portanto, a atenção aos cuidados com os olhos é essencial, especialmente em ambientes propensos a variações climáticas e em uma era digital em que a exposição a telas é constante.