Empresária formada em Ribeirão recebe condecoração do Prêmio Nobel de Paz

Nascida em Caxias do Sul (RS), crescida em Sinop (MT) e formada em Ribeirão Preto (SP), a farmacêutica e empresária Liege Slomp é uma mulher plural e, como ela mesma diz, viajada. Com um trabalho que tem como objetivo promover a inclusão de profissionais mais velhos ou PcD’s (Pessoas com Deficiência) na indústria farmacêutica, Liege conquistou, em 2022, o título de Oficial de Paz da Organização das Nações Unidas (ONU) e, agora, se prepara para ser recipiendária da medalha que homenageia o Batalhão de Suez, vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 1988.

A honraria de Oficial de Paz da ONU premia e reverencia autoridades civis, militares e eclesiásticas que tenham se destacado em ações humanitárias e manutenção da paz no Brasil ou no exterior. A medalha, segundo a organização, é um reconhecimento pelo trabalho sério, responsável e impactante e pelas mudanças de vida obtidas com dele.

Inclusão e dedicação credenciaram ao prêmio

Bacharel em Farmácia pelo Centro Universitário Barão de Mauá e Mestre em Biotecnologia pela Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp), Liege dedicou cerca de 10 anos de sua carreira à indústria farmacêutica, como propagandista e gerente de treinamento. Em 2019, após o diagnóstico de autismo do único filho, Theo, a profissional decidiu abandonar a carreira e focar em outro movimento: a produção de conteúdo.

“No início, eu queria desmistificar o que é o propagandista farmacêutico, porque poucas pessoas conhecem e, ainda assim, muitas conhecem errado”, comenta Liege. “Mesmo com vergonha, a aceitação foi boa, teve um engajamento inesperado e, em pouco tempo, as pessoas começaram a pedir cursos. Estudei marketing digital, lancei o primeiro curso on-line e, então, fui crescendo e me desenvolvendo”, relembra.

Quando o mundo se isolou, em decorrência da pandemia de covid-19, o “Receita de Propagandista” – projeto criado pela empresária – já estava consolidado e estruturado. “Foi o período em que mais cresci e, com isso, tive acessos aos principais líderes da indústria, como CEOs e Vice-Presidentes”, comenta Liege que, nessa época, promoveu cerca de 50 bate-papos com profissionais da alta gestão.

Desde o começo do projeto, o tema inclusão – especialmente de profissionais mais velhos – estava em pauta. “É um movimento que começou lá atrás e que se fortaleceu ao longo dos anos e tenho o orgulho de ter contribuído para isso. Hoje, o etarismo está na agenda ESG (Ambiental, Social e Governança, na sigla em inglês) e muitas indústrias têm linhas inteiras para profissionais 40+ e 50+”, destaca.

Em seu curso, Liege ressalta que dos 551 alunos aprovados e que hoje estão empregados, 111 têm mais de 40 anos e oito têm mais que 50 anos de idade. “Sempre levantei a bandeira da inclusão, inclusive de PcD’s, e fiz o possível para abrir as portas da indústria farmacêuticas para qualquer pessoa. Com muito esforço e dedicação, esse cenário vem se transformando nos últimos cinco anos, que foi quando fundei a empresa”, celebra a profissional.

As honrarias conquistadas

Com esse trabalho inclusivo, Liege recebeu, em 2022, o título de Oficial de Paz da ONU. Segundo a empresária, os critérios para o título não são divulgados e os vencedores são avisados por meio de um representante oficial da organização. “Eles disseram que meu nome foi votado em uma disputa com três concorrentes. Segundo a instituição, fui citada pela importância, seriedade e impacto do meu trabalho na sociedade”, conta Liege.

Dois anos depois, uma nova conquista. O Batalhão de Suez – contingente do Exército Brasileiro enviado ao Oriente Médio no conflito entre Israel, Egito e seus vizinhos árabes a partir de 1956 – recebeu, em 1988, o Prêmio Nobel da Paz. O título, entretanto, ainda não foi entregue aos oficiais e estava apenas no papel.

Mas, no dia 29 de agosto de 2024, os militares finalmente receberão as homenagens oficiais e escolheram uma civil, que já havia recebido o título de Oficial de Paz, para ser condecorada. A convidada, para a surpresa da profissional, foi Liege.

“A ficha ainda não caiu nem da primeira medalha e, agora, vou receber mais uma. Saber que as pessoas veem meu trabalho e meu propósito é gratificante. É um sentimento especial de reconhecimento que eu jamais esperei receber”, finaliza.