Safra recorde da oleaginosa lidera desempenho do setor, que responde por um quarto da expansão econômica no período
A agropecuária foi o grande destaque da economia brasileira no primeiro trimestre de 2025, com um crescimento expressivo de 12,2% em comparação ao último trimestre de 2024. O desempenho impulsionou o avanço de 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) no período, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (30) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Na comparação com o primeiro trimestre de 2024, o PIB cresceu 2,9%, sendo que cerca de 25% desse resultado veio do setor agropecuário, de acordo com o instituto.
O IBGE considera que o agro representa cerca de 6,5% do PIB, ao contabilizar apenas as atividades primárias como cultivo e criação de animais. No entanto, quando se incluem os ramos ligados ao setor — como insumos, logística e exportações —, esse percentual sobe para 23%, segundo a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e a consultoria Cogo Inteligência em Agronegócio. “Esse crescimento se espalha para a cadeia toda: sementes, fertilizantes, defensivos, máquinas, exportação, transporte e armazenagem”, explicou Carlos Cogo, diretor da consultoria.
O principal motor do agro no trimestre foi a soja, que deve registrar safra recorde de 168 milhões de toneladas em 2024/25, conforme a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). A colheita, que acontece entre janeiro e maio, já estava 97,7% concluída na primeira semana de maio. Outras culturas também contribuíram: milho (11,8%), arroz (12,2%) e fumo (25,2%) tiveram projeções de crescimento expressivo na produção.
Especialistas, no entanto, alertam que a forte influência da soja no início do ano tende a diminuir ao longo dos próximos trimestres. “É um número concentrado no primeiro trimestre e parte do segundo, o que torna difícil sustentar esse ritmo até o fim do ano”, avalia Juliana Trece, da FGV.
Apesar disso, as perspectivas seguem positivas para o campo. De acordo com Carlos Cogo, o clima tem favorecido outras safras, como algodão, café, cana-de-açúcar e feijão. “Mesmo com perdas causadas por incêndios, a produção de açúcar deve ser recorde. E o café, embora menor do que o esperado, tem um alto valor de mercado neste ano”, comentou. A colheita do café ocorre até setembro, e a da cana segue até novembro no Centro-Sul.