Câmara de SP quer CPI para apurar padre Julio Lancelloti

Após o recesso parlamentar em janeiro, a Câmara Municipal de São Paulo está prestes a instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar Organizações Não Governamentais (ONGs) na região da Cracolândia. O requerimento para a criação da CPI já foi protocolado, visando analisar ONGs que fornecem alimentos, utensílios para uso de substâncias ilícitas e tratamento aos usuários na área. O vereador Rubinho Nunes, autor da proposta, foca na atuação do padre Julio Lancellotti e do movimento A Craco Resiste, alegando que alguns indivíduos lucram politicamente com a situação caótica na Cracolândia.

A proposta gerou controvérsias, sendo contestada pelo líder do PT na Câmara, vereador Senival Moura, que a vê como uma tentativa de cercear vozes críticas. A vereadora do PT, Luna Zarattini, protocolou uma denúncia contra Rubinho Nunes na Corregedoria da Câmara. Em resposta, o padre Julio Lancellotti, alvo principal da CPI, destacou não pertencer a nenhuma ONG vinculada ao Poder Público Municipal. O movimento A Craco Resiste afirmou não ser uma ONG, mas um projeto de militância contra a opressão na região da Cracolândia.

Ronaldinho Gaúcho participa de sessão da CPI das Pirâmides Financeiras

O ex-jogador Ronaldinho Gaúcho compareceu à reunião da CPI das Pirâmides Financeiras nesta quinta-feira, 31, em Brasília. Sua presença era aguardada depois de não ter comparecido à comissão mesmo após duas convocações, levando à solicitação de uma condução coercitiva.

A comissão o identifica como fundador e sócio-proprietário da 18K Ronaldinho, uma empresa relacionada à venda de criptomoedas, que prometia ganhos diários de até 2%. A empresa bloqueou contas e deixou de pagar investidores, tornando Ronaldinho réu em 2020 em uma ação que busca compensação de R$ 300 milhões para investidores prejudicados.

O ex-jogador esteve na CPI acompanhado de seu advogado e do irmão, Roberto Assis, que também é empresário de Ronaldinho e já foi ouvido pela comissão anteriormente.

“Eu, mais do que ninguém, quero que tudo isso seja solucionado. É o meu nome que está sendo prejudicado, é o meu nome que estão mencionando”, disse Ronaldinho.

Gaúcho afirmou estar disposto a cooperar com a CPI e negou ter recebido intimação para depor. Ronaldinho também negou qualquer envolvimento com a empresa citada pela comissão, alegando que sua defesa tentou marcar o depoimento, mas não recebeu resposta dos e-mails enviados à CPI.

Sobre sua associação com a empresa de criptomoedas, ele disse: “Não é verdade que sou fundador e sócio-proprietário da empresa. Eu nunca fui sócio da empresa. Os sócios utilizaram indevidamente o meu nome para criar a razão social dessa empresa.”

Embora tenha usado peças publicitárias da empresa em questão, Ronaldinho reiterou que o contrato era para licenciamento de imagem para uma empresa de relógios. Ele afirmou que não processou por uso indevido de imagem, mas planeja fazê-lo quando os sócios forem localizados.

Ronaldinho manteve silêncio em várias outras questões, amparado por um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal que lhe permite se resguardar em situações que possam incriminá-lo.

A CPI, que investiga esquemas de pirâmides financeiras com criptomoedas, tem conclusão prevista para 28 de setembro. Nesta quinta-feira, a comissão conduzirá uma audiência pública para discutir melhorias na legislação de criptomoedas.

Bauermann consegue habeas corpus do STF para não depor na CPI da Manipulação de Resultados

Eduardo Bauermann recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para não depor na CPI da Manipulação de Resultados e conseguiu decisão favorável. O ministro André Mendonça concedeu habeas corpus ao zagueiro do Santos, desobrigando o atleta a prestar depoimento perante os deputados na CPI que busca avançar no esquema fraudulento de apostas em jogos das Séries A e B do Campeonato Brasileiro de 2022.

A defesa de Bauermann, liderada pelo advogada Ana Paula da Silva Correa, argumentou que a convocação na condição de investigado do jogador é um “constrangimento ilegal”, uma vez que ele já foi investigado e denunciado pelo Ministério Público de Goiás pela participação no esquema de apostas.

Para sustentar sua decisão favorável ao jogador, Mendonça mencionou o entendimento da Segunda Turma do STF de que o direito à não autoincriminação “abrange a faculdade de comparecer” ao depoimento, entendendo que “ninguém é obrigado a se incriminar”, logo não existe a obrigatoriedade ou sanção pela ausência no interrogatório.

A decisão do ministro do STF deixa a cargo de Bauermann ir ou não ao depoimento em audiência marcada para esta terça-feira, na Câmara dos Deputados. Como ele recorreu ao STF para não comparecer à sessão, será ausência certa.

“Considerada a prévia manifestação do paciente, realizada por meio deste remédio constitucional, no sentido de pretender exercer seu direito de permanecer calado, bem assim considerado o fato de figurar como réu em processo relacionado aos mesmos fatos objeto da CPI, cabe resguardar-lhe a faculdade de comparecer ao ato, inclusive visando prestigiar o pleno exercício da ampla defesa”, escreveu Mendonça.

A decisão de Mendonça abre um precedente para que outros jogadores investigados pela Operação Penalidade Máxima, do MP de Goiás, recorram ao STF para também se recusarem a falar na CPI. Requerimentos de convocações de outros atletas já foram aprovados pelos deputados na semana passada.

Bauermann e Romário, outro convocado a depor na condição de investigado, não haviam sido localizados pela CPI até a tarde de segunda-feira para depor, uma vez que não tinham respondido às tentativas de contato. Se forem à CPI, eles têm a prerrogativa legal de permanecer em silêncio perante os parlamentares.

O jogador do Santos já foi julgado em primeira instância pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). O zagueiro teve pena leve, de modo que pegou apenas 12 jogos de gancho porque a denúncia foi desqualificada pelos auditores.

VIA FUTEBOL INTERIOR

Foto – Ivan Storti/Santos FC