STF quer monitorar internet 24 horas em busca de ataques à instituição e fake news

O Supremo Tribunal Federal (STF) lançou uma licitação para contratar uma empresa especializada no combate à desinformação online, com o objetivo de promover um ambiente digital mais seguro e saudável. O contrato, avaliado em R$ 345 mil por um período de 12 meses, inclui o monitoramento contínuo das redes sociais e o rastreamento de usuários 24 horas por dia, sete dias por semana.

Nos últimos anos, o STF tem intensificado seus esforços para enfrentar a disseminação de notícias falsas na internet, especialmente devido ao frequente ataque à sua imagem, associada a ações com consequências negativas. A nova medida visa a análise detalhada do impacto das informações relacionadas ao tribunal na sociedade, além da identificação das origens e públicos das campanhas de desinformação.

Identificação de Usuários por Georreferenciamento

Para garantir um ambiente digital mais seguro, especialmente com as eleições se aproximando, a empresa contratada monitorará plataformas como Facebook, Twitter, YouTube, Instagram, Flickr, TikTok e LinkedIn. O edital especifica que a empresa deve utilizar uma ferramenta capaz de identificar públicos, formadores de opinião, discursos adotados, e realizar o georreferenciamento das postagens. Entre as ações previstas estão:

  • Análise da imagem do STF;
  • Identificação de temas relevantes relacionados ao tribunal nas plataformas digitais;
  • Emissão de relatórios diários, semanais e mensais;
  • Avaliação do impacto das mobilizações em torno de temas relacionados à Corte;
  • Rastreamento e identificação de autores de publicações, especialmente as de cunho negativo.

As informações coletadas poderão ser compartilhadas diretamente com a Polícia Federal, visando inibir ameaças aos ministros e proteger sua integridade física. Esta iniciativa representa uma investida significativa do STF para combater a desinformação e garantir um ambiente digital mais confiável para os brasileiros.

Quase 90% dos brasileiros admitem ter acreditado em fake news

Quase 90% da população brasileira admite ter acreditado em conteúdos falsos. É o que revela uma pesquisa do Instituto Locomotiva e obtida com exclusividade pela Agência Brasil. Segundo o levantamento, oito em cada dez brasileiros já deu credibilidade a fake news. Mesmo assim, 62% confiam na própria capacidade de diferenciar informações falsas e verdadeiras em um conteúdo.

Sobre o conteúdo das notícias falsas que acreditaram, 64% era sobre venda de produtos, 63% diziam respeito a propostas em campanhas eleitorais, 62% tratavam, de políticas públicas, como vacinação, e 62% falavam de escândalos envolvendo políticos. Há ainda 57% que afirmaram que acreditaram em conteúdos mentirosos sobre economia e 51% em notícias falsas envolvendo segurança pública e sistema penitenciário.

O instituto ouviu 1.032 pessoas com 18 anos de idade ou mais entre os dias 15 e 20 de fevereiro. Na opinião de 65% dos entrevistados, as notícias falsas são distribuídas com a ajuda de robôs e inteligência artificial. A cada dez pessoas, oito reconhecem que há grupos e pessoas pagas para produção e disseminação de notícias falsas.

O maior risco da desinformação para 26% da população é a eleição de maus políticos, enquanto 22% acreditam que o perigo maior e atingir a reputação de alguém e 16% avaliam como maior problema a possibilidade de causar medo na população em relação a própria segurança. Há ainda 12% que veem como maior risco prejudicar os cuidados com a saúde. 

Ingenuidade e vergonha

Ser enganado por uma notícia falsa gera um sentimento de ingenuidade para 35% das pessoas, 31% ficam com raiva e 22% sentem vergonha.

Um quarto da população (24%) afirma já ter sido acusado de espalhar informações falsas por pessoas que têm uma visão de mundo diferente.

O presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, defende medidas educativas como forma de combater a disseminação de conteúdos mentirosos. “Para enfrentar essa questão, há um desafio para as instituições públicas de formular estratégias que incluam a promoção da educação midiática e a verificação rigorosa das fontes de informação, para fortalecer a comunicação do país e garantir que a população receba informações precisas e confiáveis”, afirma.

*Com informações de Agência Brasil