Polícia aponta que parte de comissão do patrocínio do Corinthians foi parar em empresa ligada ao PCC

Relatório preliminar indica que mais de R$ 1 milhão foram repassados à UJ Football Talent, ligada a integrante da facção, segundo delação e investigações

Relatórios da Polícia Civil de São Paulo revelam que parte da comissão paga pela casa de apostas “Vai de Bet” em contrato de patrocínio com o Corinthians acabou repassada para a empresa UJ Football Talent Intermediação Ltda. Segundo as investigações, a empresa estaria associada ao Primeiro Comando da Capital (PCC) e atua como uma de suas frentes no mercado do futebol. O valor identificado no repasse é de R$ 1.074.150,00, de um total de R$ 1,4 milhão pagos pela intermediação do contrato.

A UJ Football é vinculada a Danilo Lima de Oliveira, conhecido como “Tripa”, apontado como membro do PCC. A informação consta na delação do empresário Vinicius Gritzbach ao Ministério Público. Gritzbach, que denunciou o envolvimento de Tripa em crimes como sequestro e ameaças de morte, foi assassinado a tiros em novembro de 2023, na saída do Aeroporto de Guarulhos. Em sua delação, ele relatou ter sido levado a um “tribunal do crime” após ser acusado pela facção de envolvimento em mortes internas e de esconder R$ 100 milhões pertencentes ao grupo.

A investigação foi conduzida pelo Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC), que produziu um relatório preliminar mapeando o caminho do dinheiro. Segundo a polícia, a comissão paga pelo clube passou por pelo menos quatro empresas diferentes antes de chegar à UJ Football. Um organograma feito pelo delegado Tiago Fernando Correia ilustra esse fluxo financeiro, que, segundo o documento, caracteriza um esquema de lavagem de dinheiro.

A delegacia afirma que o Corinthians foi vítima de um esquema criminoso sofisticado.

“Parece-nos nítido, destarte, que aqueles que deram causa ao desvio de dinheiro dos cofres do Sport Club Corinthians Paulista se utilizaram das tradicionais estratégias de lavagem de dinheiro para, não só introduzir os valores no sistema financeiro e distanciar o capital ilícito da sua origem, visando, assim, evitar uma associação direta com a infração antecedente”,
diz trecho do relatório.

O inquérito ainda está em andamento, e o relatório divulgado é preliminar. Até o momento, o clube não se manifestou oficialmente sobre as investigações, e a reportagem não conseguiu contato com a defesa de Danilo “Tripa”. A denúncia levanta preocupações sobre a presença do crime organizado nos bastidores do futebol brasileiro e sobre os mecanismos de fiscalização em contratos de patrocínio de grandes clubes.

Esquema bilionário de fraudes no INSS envolvia propina, associações falsas e milhares de aposentados

Investigações da Polícia Federal apontam que ao menos R$ 6,3 bilhões foram desviados com falsos descontos em aposentadorias entre 2019 e 2024

A Polícia Federal revelou um dos maiores esquemas de fraudes já registrados contra aposentados no Brasil. Segundo o inquérito, associações de fachada descontavam mensalidades indevidas diretamente dos benefícios pagos pelo INSS, usando assinaturas falsas e aliciando servidores públicos com propina. A estimativa é que os prejuízos possam ter alcançado R$ 6,3 bilhões em cinco anos. A operação, batizada de “Sem Desconto”, levou à prisão de seis suspeitos e ao afastamento de servidores, incluindo o agora ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto.

De acordo com a investigação, o esquema era composto por entidades criadas apenas para desviar recursos, muitas vezes presididas por idosos ou pessoas sem vínculo direto com os beneficiários. As associações conseguiam acessar dados de aposentados e pensionistas com a ajuda de servidores, cadastrando-os sem autorização para descontos mensais. Em alguns casos, aposentados foram registrados em mais de uma entidade no mesmo dia, com erros idênticos nas fichas — o que reforça a tese de fraude em massa.

A Controladoria-Geral da União (CGU) revelou que só no primeiro semestre de 2024 houve mais de 742 mil pedidos de cancelamento de descontos não autorizados. Em 95,6% dos casos, os próprios aposentados afirmaram não reconhecer o vínculo com as entidades. A CGU também apontou que a liberação de descontos em lotes, sem autorização individual, contribuiu para o crescimento explosivo do problema. Os valores descontados cresceram rapidamente:

  • 1º semestre de 2023: R$ 639 milhões
  • 2º semestre de 2023: R$ 1 bilhão
  • 1º semestre de 2024: R$ 1,63 bilhão

Entre os investigados, está Antonio Carlos Camilo Antunes, apelidado de “Careca do INSS”. Ele seria o articulador financeiro do grupo, movimentando mais de R$ 24 milhões em apenas cinco meses e controlando associações fraudulentas por meio de procurações com plenos poderes. A PF também investiga o repasse de valores a familiares de servidores da cúpula do INSS, incluindo esposas e filhos de procuradores e diretores da autarquia.

A operação também resultou na apreensão de ao menos R$ 41 milhões em bens, como R$ 1,7 milhão em espécie, 61 carros de luxo avaliados em R$ 34,5 milhões, 141 joias e diversas obras de arte. Diante da gravidade do caso, o governo Lula suspendeu todos os descontos associativos e prometeu reembolsar os aposentados prejudicados. O ministro da Previdência, Carlos Lupi, admitiu que foi informado sobre a situação em 2023, mas só tomou providências um ano depois, o que gerou críticas e pressão por maior fiscalização do sistema.

Polícia investiga furto de equipamentos no AME de Ribeirão Preto; Prejuízo foi de R$ 180 mil

Um furto de equipamentos de informática está sendo investigado pela Polícia Civil em Ribeirão Preto, após causar um prejuízo estimado em R$ 180 mil ao Ambulatório Médico de Especialidades (AME). Segundo o Boletim de Ocorrência registrado, funcionários notaram a falta de 40 computadores, 19 monitores e três notebooks na última semana, o que levou à realização de um inventário para confirmar o desaparecimento dos itens.

Durante a investigação, câmeras de vigilância foram instaladas no local, registrando uma movimentação suspeita de um dos funcionários da área de informática. O indivíduo foi flagrado retirando equipamentos do AME fora do horário de trabalho, sem justificativa aparente. Embora confrontado pelos representantes da unidade, o funcionário alegou desconhecer a presença dos equipamentos em sua posse, apresentando versões conflitantes durante uma reunião realizada posteriormente pela direção do AME. As imagens foram entregues à Polícia Civil, que segue investigando o caso, sem detenções até o momento.

Bolsonaro e militares são investigados por tentativa de golpe

Nesta quinta-feira, 8, a Polícia Federal iniciou a operação “Tempus Veritatis” com o objetivo de investigar uma tentativa de golpe de Estado e a abolição do Estado Democrático de Direito. A ação, que recebeu o nome em latim que significa “hora da verdade”, foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

Uma das medidas determinadas pelo ministro foi a entrega do passaporte do ex-presidente Jair Bolsonaro em 24 horas, além de proibi-lo de entrar em contato com os investigados. A operação também tem como alvo aliados do ex-presidente, como Braga Netto, Augusto Heleno e Valdemar Costa Neto.

Até o momento, a operação já resultou na prisão de ex-assessores de Bolsonaro, Filipe Martins e Marcelo Câmara. A ação da Polícia Federal está cumprindo 33 mandados de busca e apreensão expedidos pelo STF, além de quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares diversas da prisão. Entre as medidas estão a proibição de contato com os demais investigados, suspensão do exercício de funções públicas e proibição de saída do país.

A operação está sendo realizada em diversos estados do país, incluindo Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e no Distrito Federal.

Arquidiocese de SP arquiva investigação sobre padre Júlio Lancellotti

A Arquidiocese de São Paulo anunciou o arquivamento da investigação envolvendo o padre Júlio Lancellotti, da Pastoral de Rua da capital paulista. O vídeo de conteúdo sexual, divulgado em 2020, já estava sob investigação pela Cúria Metropolitana paulista. A Arquidiocese, após não chegar à convicção suficiente sobre a materialidade da denúncia, seguiu as conclusões do Ministério Público de São Paulo e da Justiça Paulista, decidindo pelo arquivamento e informando à Santa Sé.

O advogado de Lancellotti, Luiz Eduardo Greenhalgh, afirmou que se trata de uma montagem, um vídeo falso. O vídeo foi entregue à Cúria Metropolitana e ao Ministério Público, resultando na conclusão de que não há materialidade na denúncia, levando ao arquivamento do inquérito. A Arquidiocese enfatiza que permanece atenta a elementos verdadeiros sobre os fatos denunciados, mantendo distância de interesses ideológicos e políticos. Sete vereadores que apoiaram a CPI retiraram o apoio, alegando terem sido enganados pelo autor da proposta, que não mencionava o padre.