Cantor Leonardo é adicionado à ‘Lista Suja’ do trabalho escravo; entenda

O cantor Leonardo, cujo nome verdadeiro é Emival Eterno da Costa, foi incluído pelo governo na ‘lista suja’ do trabalho escravo do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) após uma fiscalização na Fazenda Talismã, localizada em Jussara, Goiás. A fazenda, avaliada em R$ 60 milhões, foi alvo da operação, na qual seis trabalhadores foram encontrados em condições análogas à escravidão.

A assessoria do cantor informou ao g1 que o caso se refere a uma parte da propriedade que estava arrendada para outra pessoa, que cultivava soja. Segundo a assessora, Leonardo não tinha conhecimento das práticas de trabalho escravo.

“Não é do Leonardo. O Ministério do Trabalho fez esse processo e o Leonardo se defendeu com todas as provas”, afirmou.

A lista, atualizada nesta segunda-feira (07), inclui 176 empregadores que submeteram trabalhadores a condições análogas à escravidão. Além do nome do cantor, a documentação detalhou a situação encontrada na Fazenda Talismã.

Entre os empregadores listados, 20 foram identificados por práticas de trabalho análogo à escravidão no setor doméstico. As atividades econômicas com maior número de inclusões incluem a produção de carvão vegetal, com 22 empregadores, criação de bovinos (17), extração de minerais (14), e cultivo de café e construção civil, ambos com 11.

A atualização da lista também resultou na exclusão de 85 empregadores que completaram dois anos desde a inclusão no cadastro.

Heineken está entre as empresas que aparece na Lista Suja de trabalho escravo

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) divulgou a última edição da “Lista Suja” do trabalho escravo, que inclui um número recorde de empregadores. A lista, publicada a cada seis meses desde 2003, acrescentou 204 novos empregadores nesta edição, sendo a maior inclusão já registrada.

Confirma aqui a lista completa.

Surpreendentemente, a famosa cervejaria Kaiser, vinculada ao Grupo Heineken no Brasil, foi uma das empresas adicionadas.

A maioria dos novos empregadores incluídos na lista atua nos setores de produção de carvão vegetal, criação de gado, serviços domésticos, cultivo de café e extração de pedras. Os estados com o maior número de novos casos são Minas Gerais, São Paulo, Pará, Bahia, Piauí e Maranhão. A Lista Suja revela que esses empregadores submeteram 3.773 trabalhadores a condições semelhantes à escravidão. No entanto, vale ressaltar que entrar na lista exige esgotar os recursos administrativos contra as infrações detectadas pelos fiscais.

Aumento da pobreza, especialmente devido à pandemia, e o apoio do novo governo à fiscalização contra o trabalho escravo são apontados como fatores que explicam o recorde no número de novos empregadores. Condições precárias de trabalho, alojamentos inadequados e falta de armazenamento adequado de alimentos são comuns nessas situações. Além disso, o resgate de mulheres submetidas a essas condições no trabalho doméstico tem aumentado. Grandes empresas também estão na lista, destacando a importância da sociedade brasileira em saber o que acontece em suas cadeias de produção.

O Grupo Heineken, surpreso com a inclusão, informou que o caso ocorreu em 2021 com uma de suas prestadoras de serviços, a Transportadora Sider. A empresa afirma ter prestado apoio aos trabalhadores afetados e tomado medidas para garantir que seus direitos fundamentais fossem restabelecidos. Desde então, o grupo tem trabalhado para aprimorar suas práticas relacionadas à terceirização e ao cumprimento do Código de Conduta. A reportagem aguarda um posicionamento da Transportadora Sider sobre o caso.

Edição: Maria Claudia/Agência Brasil