Pesquisas apontam que mudanças climáticas afetam a qualidade nutricional e aumentam a contaminação do grão
Cientistas têm emitido alertas sobre os impactos do aquecimento global na produção de alimentos, e um dos exemplos mais preocupantes envolve o arroz — alimento básico para mais da metade da população mundial. De acordo com estudos recentes, o aumento das temperaturas e a elevação dos níveis de dióxido de carbono (CO₂) na atmosfera podem tornar o arroz menos nutritivo e até tóxico em determinadas condições.
O principal risco está ligado à maior absorção de metais pesados, como o arsênio, que ocorre com mais facilidade em solos alagados e em temperaturas elevadas. Com o aumento das inundações e das ondas de calor, essas condições se tornam mais comuns, favorecendo a contaminação do grão. O arsênio é um elemento naturalmente presente no solo, mas em concentrações elevadas pode causar sérios danos à saúde humana, como problemas neurológicos, cardiovasculares e até câncer.
Além da contaminação por metais, o aumento do CO₂ também interfere diretamente na qualidade nutricional do arroz. Estudos mostram que, sob maior concentração de dióxido de carbono, as plantas crescem mais rapidamente, mas com menor acúmulo de nutrientes essenciais como zinco, ferro e proteínas. Isso pode agravar quadros de desnutrição em países que têm no arroz a base de sua alimentação diária, especialmente entre populações vulneráveis.
Outro fator preocupante é a liberação de compostos tóxicos durante o cultivo em ambientes com baixa oxigenação, típicos de plantações de arroz alagadas. Nessas condições, microrganismos presentes no solo passam a produzir metano e outras substâncias nocivas que podem ser absorvidas pelas raízes das plantas, contaminando os grãos ao longo de seu desenvolvimento.
As mudanças climáticas também alteram o ciclo de cultivo e aumentam a incidência de pragas e doenças, o que pode levar ao uso mais intenso de defensivos químicos. Esse cenário agrava ainda mais o risco de resíduos tóxicos no produto final, afetando diretamente a segurança alimentar e a saúde dos consumidores.
Diante desse panorama, pesquisadores reforçam a necessidade urgente de medidas para conter o avanço do aquecimento global, além de investimentos em tecnologias agrícolas que reduzam a contaminação e protejam a qualidade do arroz. O desafio é garantir a segurança alimentar de bilhões de pessoas em um mundo cada vez mais afetado pelas mudanças climáticas.