Síndrome do Coração Partido; Como a perda de um parceiro afeta a saúde daquele que fica

Os versos da famosa canção de Cássia Eller capturam a experiência universal da perda e do luto. A morte de alguém conhecido é sempre difícil, e quando se trata de um parceiro, as consequências podem ser ainda mais graves, levando a problemas de saúde, como distúrbios do sono, depressão e ansiedade, conhecidos como “Efeito Viuvez” ou “Síndrome do Coração Partido”.

O Efeito Viuvez pode causar impactos sérios na saúde, incluindo uma condição médica chamada Cardiomiopatia Induzida por Estresse, onde o coração enfraquece devido ao estresse intenso. Embora nem todos os enlutados desenvolvam essa síndrome, o luto pode ter efeitos significativos na saúde física e mental. Pesquisas mostram que o risco de morte de um cônjuge sobrevivente aumenta nos primeiros meses após a perda, especialmente em casais idosos. Homens idosos e viúvos são particularmente vulneráveis.

Um estudo publicado neste ano na revista de saúde norte-americana PLOS One, que evidencia que os homens correm um risco maior de morrer após perder a parceira: após estudar dados de quase um milhão de cidadãos dinamarqueses casados, os pesquisadores também descobriram que os homens tinham 70% mais chances de morrer do que os que não perderam a parceira. No caso das mulheres, 27% eram mais propensas à morte do que as que não se tornaram viúvas.

A psicóloga Maria Julia Kovács ressalta que cada caso é distinto e que não se pode generalizar. “Quando, por exemplo, a pessoa é muito idosa ou já tem um processo de adoecimento, ou alguma condição que requer atenção psicológica ou psiquiátrica, que dificulta o processo de elaboração do luto, pode ser que ela seja mais propensa à Síndrome do Coração Partido em um período curto de tempo; outras pessoas têm um processo de luto mais longo, que pode ser chamado de complicado, porque a intensidade, o sofrimento é muito grande e a capacidade e vontade de viver nesse mundo sem a pessoa querida é tão penosa que o luto se arrasta por anos”. 

Maria ainda aconselha que, se alguém estiver enfrentando esses desafios, é essencial buscar ajuda e apoio, pois o luto é um processo que exige coragem e força. Não hesite em conversar com o indivíduo afetado e considerar opções como terapia e apoio terapêutico para ajudar na recuperação. Em resumo, enfrentar o luto requer apoio, empatia e, quando necessário, assistência profissional.

*Matéria do Jornal da USP