Casa Branca altera versão oficial dos EUA sobre origem da Covid-19 e afirma vazamento chinês

Site atualizado por aliados de Trump sustenta teoria de vazamento em laboratório e critica gestão anterior

O governo dos Estados Unidos atualizou o site oficial da Casa Branca nesta sexta-feira (18) e passou a adotar uma nova posição sobre as origens da Covid-19. A página, agora reformulada sob influência da gestão do ex-presidente Donald Trump, afirma que o coronavírus provavelmente se originou de um incidente em laboratório — e acusa a administração anterior, liderada por Joe Biden, de favorecer a tese de origem natural da doença para proteger uma narrativa política.

A nova versão do site, intitulada “Lab Leak — A Verdade sobre as Origens da Covid-19”, estampa uma imagem de Donald Trump no topo e afirma que autoridades de saúde pública, como o infectologista Anthony Fauci, esconderam a possibilidade de vazamento laboratorial ao promoverem um único estudo como base científica. Um dos principais argumentos apresentados é a distância de apenas 7 km entre o laboratório de virologia de Wuhan e o mercado municipal da cidade, onde os primeiros casos foram registrados.

Durante a pandemia, a teoria do vazamento sempre esteve no centro de debates acalorados. A maioria das pesquisas científicas, no entanto, continua apontando a transmissão de um animal para seres humanos como a explicação mais plausível. A Organização Mundial da Saúde (OMS), que chegou a realizar uma investigação em 2021, inicialmente descartou a hipótese de um vazamento, mas depois declarou que a falta de dados fornecidos pela China impediu conclusões definitivas.

Estudos mais recentes reforçaram a ligação entre o vírus e o mercado de animais de Huanan, em Wuhan. Em 2023, pesquisadores chineses divulgaram dados inéditos que mostraram amostras do local contendo tanto o coronavírus quanto material genético de animais selvagens — o que sugere uma possível origem zoonótica. Esses achados coincidem com outras pesquisas revisadas por pares, consolidando um consenso científico de que o vírus provavelmente passou de animais para humanos. Ainda assim, como não há evidência conclusiva sobre o elo exato da transmissão, teorias alternativas continuam sendo exploradas.

A publicação da nova versão do site coincide com o retorno de Donald Trump à presidência e com novas tensões diplomáticas entre Washington e Pequim. A Casa Branca também aproveita a mudança para acusar o governo chinês de falta de transparência e de dificultar investigações internacionais, em um momento em que as relações entre os dois países se deterioram devido à imposição de tarifas comerciais e outras disputas econômicas.

Além disso, a CIA chegou a divulgar um relatório em janeiro deste ano que aponta para um possível vazamento de laboratório como causa da pandemia. No entanto, o próprio diretor da agência, John Ratcliffe, afirmou que o nível de confiança na informação era “baixo”, o que significa que os dados disponíveis são insuficientes, contraditórios ou inconclusivos. A mudança de narrativa por parte da Casa Branca reacende o debate global sobre como a Covid-19 começou — um tema ainda envolto em incertezas, disputas políticas e a ausência de provas definitivas.

China reage às tarifas dos EUA e suspende entregas de aviões da Boeing

Decisão afeta diretamente o setor aéreo e agrava tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo

A China decidiu suspender as entregas de aeronaves da fabricante americana Boeing para suas companhias aéreas, em resposta direta à nova rodada de tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos chineses. A medida foi divulgada nesta terça-feira (15) pela Bloomberg e representa mais um capítulo na crescente disputa comercial entre os dois países. Washington havia anunciado recentemente tarifas de até 145% sobre mercadorias importadas da China.

Além de interromper a entrada de novos aviões da Boeing, o governo chinês recomendou que as empresas aéreas locais deixem de adquirir peças e equipamentos de aeronaves de fornecedores norte-americanos. Essa orientação deve aumentar significativamente os custos de manutenção da frota já em operação no país, composta em grande parte por aeronaves americanas.

Pequim também estuda formas de apoiar financeiramente as companhias que têm jatos da Boeing sob contratos de leasing, diante do impacto causado pelas tarifas elevadas. A decisão busca proteger o setor aéreo doméstico de prejuízos mais profundos, em um momento de tensão crescente nas relações comerciais bilaterais. Até agora, a Boeing não se manifestou oficialmente sobre a decisão.

A fabricante americana enfrenta um cenário delicado. A China, que é um de seus maiores mercados em crescimento, já demonstrava preferência pela rival europeia Airbus. Agora, com a nova restrição, a posição da Boeing no país se fragiliza ainda mais. As ações da empresa chegaram a cair 2% no início do pregão, reflexo da preocupação dos investidores com as consequências desse novo entrave.

As principais companhias aéreas chinesas – Air China, China Eastern Airlines e China Southern Airlines – tinham planos para receber 45, 53 e 81 aviões da Boeing, respectivamente, até 2027. A suspensão dessas entregas representa um grande revés não apenas para a fabricante americana, mas também para o fluxo comercial entre os dois países, que já vinha sofrendo com instabilidades desde o ano passado.

Essa nova medida chinesa está alinhada com a política adotada recentemente por Pequim, que também elevou as tarifas sobre importações dos Estados Unidos para até 125%. Especialistas alertam que a continuidade dessa guerra tarifária pode levar a uma desaceleração ainda maior no comércio bilateral, que movimentou mais de US$ 650 bilhões em 2024.

EUA impõem tarifas de 104% sobre produtos chineses em nova fase da Guerra comercial

Karoline Leavitt, secretária de imprensa da Casa Branca, confirmou nesta terça-feira (8) que, a partir de quarta-feira (9), os Estados Unidos aplicarão tarifas de 104% sobre produtos chineses.

Na coletiva de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt anunciou que as tarifas adicionais de 104% sobre os produtos da China entrariam em vigor à meia-noite, ou seja, a partir de quarta-feira. A decisão segue uma escalada nas tensões comerciais, com os EUA pressionando o governo chinês a recuar em suas tarifas, sob ameaça de medidas ainda mais drásticas.

Leavitt também criticou a postura da China, afirmando que o governo chinês estava cometendo um erro ao retaliar com tarifas contra os Estados Unidos. A secretária destacou a firme posição do presidente Donald Trump, afirmando que a América não se curvaria e insistiria na produção interna de bens essenciais para seus cidadãos.

Esta ação faz parte de uma série de medidas adotadas pelos EUA desde março, quando foram impostas tarifas de 20% sobre produtos chineses. Desde então, as taxas aumentaram, culminando com a imposição de 34% em abril. A nova tarifa de 50%, somada às anteriores, levaria o total a 104%.

Por sua vez, a China tem retaliado com tarifas próprias, incluindo um aumento de 34% sobre produtos dos EUA, além de restrições à exportação de minerais raros e ao comércio com empresas americanas. Em resposta, a mídia chinesa se posicionou afirmando que o país está preparado para a guerra de tarifas e usará a pressão dos EUA como uma oportunidade estratégica para avançar no seu desenvolvimento econômico.

Dólar atinge R$ 5,90, com “tarifaço” e mercados temem guerra comercial

O dólar atinge novos patamares e os mercados globais enfrentam uma queda acentuada devido às tensões comerciais entre EUA e outros países

O dólar continua em forte alta nesta segunda-feira (7), registrando um aumento significativo em meio ao clima de pânico nos mercados financeiros. A moeda americana atingiu a marca de R$ 5,9309, refletindo o crescente receio de uma guerra comercial global, especialmente após o anúncio do “tarifaço” do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Por volta das 13h, a cotação operava próxima aos R$ 5,92, com investidores preocupados com os impactos econômicos dessa escalada de tensões.

Esses temores começaram na quarta-feira (2), quando Trump revelou seu plano de tarifas recíprocas, aplicando taxas de 10% a 50% sobre as importações de mais de 180 países. Na sexta-feira (4), a situação se agravou, com a China anunciando uma retaliação ao aumentar suas tarifas sobre produtos americanos em 34%. Esse movimento elevou as tensões comerciais, e agora o mercado aguarda possíveis ações da União Europeia em resposta ao “tarifaço” dos Estados Unidos, o que tem levado muitos a temerem um conflito comercial global.

Além das preocupações com a guerra comercial, a alta das tarifas pode desencadear um aumento generalizado da inflação nos países envolvidos. O impacto disso seria o aumento dos preços de bens e serviços, reduzindo o consumo interno e a atividade econômica, com a possibilidade de uma desaceleração global ou até mesmo uma recessão. O mercado financeiro já reflete esse pessimismo, com as bolsas de valores globais em queda. Na Ásia, os índices sofreram quedas expressivas, com Hong Kong despencando 13,22% e o índice CSI 1000 da China caindo 11,39%. Na Europa, as bolsas também apresentam perdas significativas.

O mercado brasileiro não ficou imune aos efeitos desse clima de incerteza. O Ibovespa, principal índice da B3, abriu em queda e segue recuando, refletindo o pessimismo internacional. O dólar, por sua vez, manteve sua trajetória de alta, o que também afeta diretamente a economia brasileira, principalmente devido ao aumento dos custos de importação e aos efeitos da instabilidade externa. Até agora, o dólar acumula uma alta de 2,27% no mês, e o Ibovespa apresenta uma queda de 2,31% no mesmo período.

A escalada das tarifas foi uma das promessas de Trump durante sua campanha presidencial, e desde então, ele tem implementado uma série de taxas sobre países como México e Canadá, além de impostos sobre produtos específicos, como aço, alumínio e automóveis. Agora, a medida afeta de maneira mais ampla a economia global, com temores de uma crise maior, à medida que mais países podem se envolver em um ciclo de retaliações. A China, por exemplo, já anunciou a imposição de restrições à exportação de terras raras para os EUA, o que pode impactar ainda mais a produção de tecnologias como chips e outros componentes essenciais para o setor digital.

Dólar em alta e Ibovespa em queda após anúncio de retaliações comerciais pela China

A imposição de tarifas pelos EUA e a resposta da China geram incertezas globais, afetando mercados e elevando o risco de uma guerra comercial

O dólar apresentou forte alta nesta sexta-feira (4), alcançando a cotação de R$ 5,82, após o anúncio do governo chinês de que retaliaria as tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A reação do mercado foi imediata, com investidores buscando refúgio na moeda norte-americana, considerada mais segura diante da incerteza gerada pela intensificação da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo. Em contraste, o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, registrou uma queda significativa de mais de 3%, acompanhando o movimento global de aversão ao risco.

As tensões comerciais começaram a se intensificar após o anúncio de Trump, que, na última quarta-feira (2), detalhou a imposição de tarifas de importação adicionais, afetando principalmente a Ásia e o Oriente Médio. A China, por exemplo, foi atingida com tarifas extras de 34%, somando-se a 20% já aplicados anteriormente. Como resposta, Pequim anunciou que também aumentaria as tarifas sobre produtos norte-americanos para 34% e impôs restrições à exportação de terras raras para os EUA, um conjunto de minerais essenciais para a fabricação de chips e outros componentes tecnológicos.

O impacto das tarifas já é sentido no comércio global. O mercado teme que essa escalada de tarifas resulte em uma guerra comercial generalizada, o que poderia desacelerar a economia mundial. As tarifas impostas por Trump são vistas como um movimento para proteger a economia norte-americana, mas especialistas alertam que isso pode encarecer produtos e insumos, elevando a inflação nos EUA e em outros países, ao mesmo tempo em que reduz o consumo devido aos preços mais altos.

Com as tensões aumentando, o temor é que as tarifas provoquem uma desaceleração econômica global, com os preços subindo e a demanda caindo. A expectativa é que a inflação aumente, o que poderia levar os EUA a uma recessão econômica. Já na véspera, o dólar fechou em queda, atingindo o menor valor do ano até aquele momento, mas as reações aos novos anúncios fizeram com que a moeda norte-americana voltasse a subir consideravelmente.

No cenário de instabilidade econômica, as bolsas de valores globalmente sofreram quedas expressivas. Na Ásia, os mercados fecharam em baixa, com destaque para o Japão, onde o índice caiu quase 3%. A Europa seguiu tendência semelhante, com perdas variando entre 4% e 7%, e os índices norte-americanos também registraram quedas de cerca de 3%. O clima de incerteza nos mercados financeiros reflete a preocupação com o impacto das tarifas, não apenas nos EUA, mas em economias ao redor do mundo.

Em resposta à escalada das tensões comerciais, líderes internacionais também começaram a se manifestar. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, qualificou as tarifas de Trump como um “duro golpe” à economia global, e vários países europeus e asiáticos expressaram descontentamento, considerando as medidas prejudiciais à ordem comercial global. O Brasil, por sua vez, também se preparou para possíveis retaliações, com o Senado aprovando um projeto que autoriza o governo a retaliar países que imponham barreiras comerciais aos produtos brasileiros.

Esse cenário de incertezas e retaliações reforça o sentimento de que a economia global pode enfrentar um período difícil, com inflação crescente e menor crescimento econômico, o que já está impactando diretamente os mercados financeiros e a confiança dos investidores.

Com apenas 10% Brasil fica entre os países com menor tarifa aplicada por Trump, entenda o motivo;

Taxação mais baixa foi conquistada com base em argumentos estratégicos e pragmatismo comercial

O recente acordo entre o Brasil e os Estados Unidos, que resultou em uma taxação mais baixa para o país na nova rodada de tarifas anunciada por Donald Trump, teve como principal ponto de partida o etanol. O governo brasileiro, por meio do Itamaraty e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, trabalhou para garantir que o Brasil fosse tratado de forma mais favorável no novo pacote de tarifas. A negociação foi delicada, já que os produtores de etanol dos EUA possuem grande influência política na Casa Branca, o que poderia prejudicar os interesses brasileiros.

Os negociadores brasileiros destacaram que, em fevereiro, o etanol brasileiro já havia sido tarifado, uma medida que o governo Trump classificou como de “reciprocidade”. Além disso, os representantes brasileiros argumentaram que o açúcar, por exemplo, enfrenta tarifas muito mais altas quando exportado para os EUA, o que representa um desequilíbrio para o Brasil. Outra questão relevante foi o comércio deficitário do Brasil com os Estados Unidos, que, nos últimos 15 anos, acumulou um superávit de US$ 410 bilhões para os americanos.

O resultado dessa negociação foi que o Brasil ficou entre os países com as tarifas mais baixas, com uma taxa de 10%, o mesmo tratamento recebido pela Argentina, aliado de Trump. Essa decisão reflete o estilo pragmático do presidente americano, que busca negociar em termos de interesses financeiros e comerciais, sem priorizar a construção de alianças políticas. Para Trump, a negociação sempre pesa mais do que os discursos populistas que costumam acompanhar suas ações.

Em um cenário de incertezas, o governo brasileiro soube conduzir a negociação com habilidade, destacando os interesses econômicos que favorecem o relacionamento bilateral. Mesmo com as ameaças típicas de Trump, o que prevaleceu foi a análise pragmática do impacto financeiro, que resultou em um acordo vantajoso para o Brasil, mesmo diante das tensões comerciais globais.

Brasil aprova projeto para retaliação a barreiras comerciais externas

Medidas visam garantir proteção ao mercado brasileiro frente a tarifas de outros países

Na noite de terça-feira (1º), o Senado Federal aprovou em regime de urgência um projeto que autoriza o governo brasileiro a adotar medidas retaliatórias contra países ou blocos econômicos que imponham barreiras comerciais aos produtos nacionais. A proposta, que recebeu apoio amplo no Congresso, ganha relevância diante da ameaça de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, de aumentar tarifas para produtos de países que cobram impostos sobre produtos americanos, incluindo o Brasil.

Atualmente, o Brasil segue as diretrizes da Organização Mundial do Comércio (OMC), que proíbe a imposição de tarifas discriminatórias entre seus membros. O projeto, no entanto, visa estabelecer um marco legal para que o governo brasileiro possa responder a ações comerciais unilaterais, com o objetivo de proteger o mercado interno de medidas consideradas injustas ou prejudiciais.

O que muda com a aprovação do projeto?

Caso o projeto seja aprovado pela Câmara dos Deputados e sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele permitirá que o Brasil adote medidas de retaliação contra países que adotem barreiras comerciais desfavoráveis aos produtos brasileiros. Entre as ações possíveis estão a imposição de sobretaxas sobre importações, a suspensão de acordos comerciais e, em casos extremos, a suspensão de direitos de propriedade intelectual, como patentes e royalties.

A proposta altera o princípio da “nação mais favorecida”, uma das regras fundamentais da OMC, que exige que os países tratem todos os membros de forma igualitária. Com a nova legislação, o Brasil poderá adotar tarifas diferenciadas para países que aplicarem barreiras comerciais sem a necessidade de seguir a dinâmica prevista pela OMC.

Reações e implicações do projeto

O projeto está em trâmite no Congresso, com a expectativa de ser aprovado na Câmara dos Deputados ainda esta semana. O governo brasileiro, no entanto, tem demonstrado cautela, priorizando o diálogo com os Estados Unidos e buscando uma solução diplomática para a questão das tarifas. Apesar disso, o novo marco legal abre a possibilidade de ações mais agressivas, caso as negociações com os EUA não avancem.

Especialistas alertam que, embora o projeto ofereça ferramentas para proteger o mercado brasileiro, ele pode gerar repercussões no comércio internacional. Caso o Brasil adote medidas de retaliação fora das normas da OMC, isso poderia desencadear disputas comerciais com outros países, prejudicando, em especial, setores como o agronegócio, que dependem de mercados internacionais para suas exportações.

A trajetória do Brasil nas disputas comerciais

O Brasil tem uma longa história de seguir as regras da OMC e do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT), tratado que regula o comércio internacional. Desde sua adesão ao GATT e, posteriormente, à OMC, o Brasil tem se alinhado com os princípios que buscam evitar discriminação no comércio e promover a redução de barreiras comerciais. No entanto, a crescente postura protecionista dos Estados Unidos pode forçar uma reavaliação dessa estratégia.

O especialista em comércio internacional, Luciano Bravo, destaca que qualquer mudança no comportamento comercial do Brasil pode resultar em retaliações por parte de outros países. Ele observa que, embora o Brasil tenha usado mecanismos da OMC para resolver disputas anteriores, a adoção de retaliações unilaterais sem a devida negociação pode levar a sérios problemas econômicos e comerciais.

Possíveis consequências para o mercado brasileiro

O projeto em discussão no Congresso permite que o governo brasileiro adote uma série de contramedidas, incluindo a suspensão de obrigações comerciais com outros países, a imposição de sobretaxas em importações e a suspensão de direitos de propriedade intelectual. Essas ações, embora focadas em proteger o comércio brasileiro, podem afetar negativamente a relação do Brasil com seus parceiros comerciais e impactar setores exportadores, como o agronegócio e a indústria de tecnologia.

Em resumo, o projeto em análise no Congresso representa uma mudança significativa na forma como o Brasil pode responder a barreiras comerciais externas. Se aprovado, ele permitirá ao governo adotar medidas mais assertivas, mas também exige cautela para evitar reações adversas de outros países e proteger a economia brasileira a longo prazo.

Senado aprova projeto de Lei para retaliação comercial contra taxações de Trump

Governo poderá adotar contramedidas contra países ou blocos que impuserem restrições aos produtos brasileiros

Na terça-feira (1º), a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou um projeto de lei que autoriza o governo federal a adotar contramedidas contra países ou blocos econômicos que imponham barreiras comerciais aos produtos brasileiros. O objetivo é proteger a balança comercial do Brasil e garantir que acordos internacionais sejam cumpridos de forma justa. O projeto visa combater medidas que prejudicam os interesses brasileiros, como a imposição de sobretaxas ou regras ambientais mais rigorosas para os produtos brasileiros.

A proposta ganhou apoio significativo do governo e da bancada do agronegócio, especialmente em resposta a medidas da União Europeia, que têm afetado a agropecuária brasileira devido a questões ambientais. Além disso, o projeto busca lidar com a pressão exercida pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que frequentemente ameaçava impor tarifas sobre produtos importados. De acordo com a relatora do projeto, senadora Tereza Cristina (PP-MS), a proposta não se trata de uma retaliação, mas sim de uma proteção contra práticas prejudiciais ao comércio exterior do Brasil.

O projeto propõe que o Brasil possa adotar diversas formas de retaliação, como a aplicação de sobretaxas em importações de produtos de países que adotem medidas prejudiciais ou até suspender acordos comerciais com essas nações. Em casos mais extremos, o governo poderá até suspender direitos de propriedade intelectual, como royalties e registros de patentes, a empresas do país ou bloco retaliador. No entanto, essa medida só seria adotada caso outras contramedidas se mostrassem ineficazes. As ações de retaliação poderão ser temporárias ou durar enquanto durar o impasse comercial.

Atualmente, o Brasil não adota tarifas discriminatórias contra países específicos, pois segue as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), que defende o princípio da “nação mais favorecida”. Isso significa que o Brasil não pode aplicar tarifas diferentes para diferentes países sem justificativas comerciais claras. No entanto, a aprovação desse projeto no Senado representa uma mudança significativa, permitindo ao governo brasileiro responder de forma mais assertiva a ações que prejudiquem seus interesses econômicos.

Agora, o projeto seguirá para análise na Câmara dos Deputados, onde deve ser discutido com urgência. O presidente da CAE, senador Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou que esforços serão feitos para garantir que a proposta seja apreciada rapidamente pela Câmara. O governo espera que, se aprovado, o projeto traga mais equilíbrio para as relações comerciais internacionais do Brasil, permitindo que o país se defenda de barreiras que possam afetar sua economia.

Lula ameaça taxar produtos americanos em retaliação às tarifas de Trump

Presidente brasileiro critica medidas e afirma que usará reciprocidade caso negociação não avance

Em entrevista concedida nesta quarta-feira (26) durante sua visita oficial ao Japão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar as tarifas impostas pelo governo de Donald Trump sobre o aço e o alumínio brasileiros. Lula afirmou que, caso o recurso do Brasil à Organização Mundial do Comércio (OMC) não traga resultados, o país adotará medidas de retaliação, utilizando a reciprocidade para taxar produtos americanos.

O presidente brasileiro, que está na Ásia buscando expandir a presença dos produtos brasileiros no continente, destacou que a medida de Trump afeta diretamente o Brasil, um dos maiores exportadores desses materiais para os Estados Unidos. “Se não tiver resultado na OMC, vamos utilizar os instrumentos que temos, que é a reciprocidade, e taxar os produtos americanos. É isso que vamos fazer”, afirmou Lula, ressaltando que o Japão também poderia seguir um caminho semelhante.

Atualmente, o governo brasileiro não adotou nenhuma medida de retaliação, preferindo iniciar um diálogo com as autoridades americanas. As negociações estão sendo coordenadas pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, também ministro da Indústria, com o apoio do Ministério das Relações Exteriores. No entanto, a manifestação do Brasil, já enviada ao governo dos Estados Unidos, alerta sobre os impactos negativos das tarifas, que poderiam afetar gravemente as relações comerciais entre os dois países.

Lula também mencionou a “Lei da Reciprocidade”, enfatizando que o Brasil não pode permanecer inativo diante das tarifas impostas unilateralmente. “Não dá para ficar quieto achando que só eles podem taxar outros produtos”, disse, reforçando a ideia de que o Brasil deve se defender. No entanto, ainda não há uma data definida para formalizar o recurso à OMC.

Nos bastidores, diplomatas brasileiros estão céticos quanto à eficácia da OMC, alegando que a organização está “paralisada” e sem poder para intervir devido à falta de juízes no órgão de solução de controvérsias, uma situação que foi provocada pela falta de indicações dos Estados Unidos. Diante disso, a alternativa considerada mais viável é uma negociação direta entre autoridades brasileiras e americanas, já que os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil.

Exportações de ovos brasileiros aos EUA aumentam em meio à escassez de oferta local

Alta nas importações reflete escassez de ovos nos Estados Unidos devido à gripe aviária

As importações de ovos do Brasil pelos Estados Unidos aumentaram significativamente em fevereiro de 2025, com um crescimento de 93% em relação ao mesmo mês do ano anterior, segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Esse aumento ocorre em meio a um surto de gripe aviária nos EUA, que tem afetado severamente a oferta de ovos no país, resultando em dificuldades de abastecimento e preços elevados para os consumidores.

O Brasil, que até janeiro de 2025 exportava ovos apenas para ração animal, agora tem a autorização para enviar ovos para processamento em alimentos destinados ao consumo humano, como misturas para bolos ou sorvetes. No entanto, a venda de ovos in natura nos supermercados americanos ainda não é permitida. Além disso, as autoridades americanas estão considerando flexibilizar as regulamentações para permitir a comercialização de ovos postos para a indústria de frangos de corte, ou seja, ovos fecundados, para consumo humano. No entanto, alguns especialistas em segurança alimentar alertaram sobre o risco de contaminação por bactérias nocivas, como a salmonela.

Desafios e flexibilização das regras nos EUA

Em janeiro de 2025, o governo Trump permitiu a importação de ovos brasileiros para uso em produtos alimentícios, após a liberação para ração animal. A ABPA confirmou que o Brasil atende aos requisitos exigidos pelos EUA para a exportação de ovos para processamento. Contudo, o país enfrenta restrições devido à presença da doença de Newcastle, que frequentemente mata aves, o que impede a exportação de ovos in natura ou ovos líquidos pasteurizados para consumo direto.

Além disso, a escassez de ovos nos Estados Unidos levou alguns estados, como Nevada e Arizona, a suspenderem as políticas de bem-estar animal que exigem ovos de galinhas livres de gaiolas. A medida visa aliviar a falta de oferta e combater o aumento dos preços dos ovos, que, em fevereiro, subiram 53,6% no atacado. A escassez também levou a uma alta de 15% no preço dos ovos no Brasil, segundo o IPCA.

O impacto do vírus da gripe aviária e a destruição de ovos nos EUA

A escassez de ovos nos EUA é um reflexo da crise provocada pelo vírus da gripe aviária, que dizimou quase 170 milhões de aves desde o início de 2022, afetando principalmente galinhas, perus e outras aves. Para lidar com a escassez, os EUA estão promovendo importações de países como o Brasil, além de buscar alternativas como a importação de ovos de outras nações, incluindo Turquia e Coreia do Sul, que tradicionalmente enviam poucas quantidades para o mercado americano.

A Wayne-Sanderson Farms, uma das principais produtoras de carne de frango dos EUA, revelou que destrói cerca de 500 mil ovos por semana que não atendem às especificações necessárias para o mercado. O conselho da indústria defende que esses ovos são pasteurizados e, portanto, seguros para consumo, embora especialistas alertem para o risco de contaminação caso a refrigeração inadequada torne a pasteurização menos eficaz.

Plano do governo dos EUA e projeções futuras

O governo dos EUA anunciou um plano de US$ 1 bilhão para reduzir os preços dos ovos, incluindo medidas para ajudar os agricultores a conter a disseminação do vírus da gripe aviária e investir em pesquisas sobre vacinas para aves. Embora as importações de ovos brasileiros tenham aumentado, a situação de escassez e o alto preço do produto continuam a pressionar a inflação de alimentos nos EUA, afetando principalmente os consumidores e aumentando os custos dos restaurantes.

A pressão sobre os preços dos ovos pode continuar, à medida que os EUA buscam alternativas para equilibrar a oferta e demanda, e enquanto as autoridades brasileiras continuam a explorar formas de aumentar suas exportações para atender à crescente demanda internacional.