Putin apoia cessar-fogo de 30 dias, mas exige detalhes antes de aceitar proposta

Putin concorda com a proposta de trégua, mas busca mais garantias antes de um acordo definitivo com a Ucrânia.

O presidente russo, Vladimir Putin, manifestou nesta quinta-feira (13) seu apoio à ideia de um cessar-fogo de 30 dias na guerra contra a Ucrânia, embora tenha destacado a necessidade de discutir detalhes com os Estados Unidos, autor da proposta. A Ucrânia já havia aceitado a proposta dos americanos, que visa interromper os combates temporariamente. Em entrevista no Kremlin, após um encontro com o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, Putin afirmou que a interrupção das hostilidades deve ser parte de um acordo que promova uma paz duradoura e que elimine as causas da crise atual.

Putin reconheceu que a proposta de cessar-fogo apresentada pelos Estados Unidos é válida, mas levantou questões importantes sobre a execução do acordo, como a necessidade de definir o controle da linha de frente e as razões para o período de 30 dias. Ele expressou preocupações sobre a mobilização de tropas ucranianas durante esse intervalo e sobre o fornecimento de armas para a Ucrânia, o que poderia prejudicar os objetivos do cessar-fogo. O presidente russo também questionou quem teria a responsabilidade de monitorar o cessar-fogo, dado o tamanho da linha de batalha, que se estende por 2.000 quilômetros.

Ao mesmo tempo, o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, também se pronunciou sobre o tema, indicando que está em conversações com autoridades ucranianas sobre a possibilidade de conceder territórios à Rússia como parte de um acordo. Trump sugeriu que, caso a Rússia não aceite a proposta de cessar-fogo, isso seria “muito decepcionante para o mundo”, destacando a importância de um acordo que leve a uma paz duradoura. Trump também mencionou questões complexas, como a posse de grandes usinas de energia, que precisariam ser resolvidas durante as negociações.

Embora o governo russo tenha sinalizado interesse nas negociações, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia e o principal assessor de política externa de Putin, Yuri Ushakov, expressaram ceticismo quanto à eficácia de um cessar-fogo temporário. Ushakov argumentou que tal acordo só daria tempo para que o exército ucraniano se reorganizasse e continuasse a luta, sem garantir a paz duradoura desejada pela Rússia. Além disso, o governo russo afirmou que um cessar-fogo de 30 dias sem garantias concretas e compromissos firmes seria inaceitável.

Enquanto isso, Putin segue pressionando por uma posição mais forte nas negociações de paz, visando recuperar o máximo possível de territórios nas regiões fronteiriças com a Ucrânia, especialmente em Kursk. A Ucrânia já havia surpreendido o mundo ao conquistar partes do território russo em agosto de 2024, e as forças ucranianas estão quase cercadas em Kursk, conforme informações de mapas de código aberto. A Rússia busca uma posição estratégica mais favorável antes de assinar qualquer acordo de paz.

Em relação à proposta de cessar-fogo, que foi discutida entre autoridades americanas e ucranianas, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky expressou apoio, vendo a trégua de 30 dias como uma oportunidade para avançar nas negociações de um acordo de paz mais robusto. Ele sugeriu que o cessar-fogo poderia incluir a troca de prisioneiros e a devolução de crianças ucranianas sequestradas pela Rússia. No entanto, a Rússia continua firme em suas exigências, incluindo a não aceitação de qualquer presença militar da OTAN na Ucrânia, uma condição essencial para a continuidade das negociações de paz.