A polêmica do Estilo Ghibli nas imagens criadas por IA

Limitações surgem após explosão de imagens geradas por IA inspiradas no Studio Ghibli

Nos últimos dias de março, uma nova tendência dominou as redes sociais: usuários do ChatGPT começaram a criar imagens no estilo visual característico do Studio Ghibli, famoso estúdio japonês responsável por animações como A Viagem de Chihiro (2001) e Meu Amigo Totoro (1988). A novidade foi possibilitada pela atualização do modelo GPT-4o, que agora permite a criação e edição de imagens diretamente na plataforma da OpenAI. A estética delicada e emocionalmente carregada das animações do Ghibli ganhou nova vida graças à inteligência artificial, gerando versões em estilo anime de memes, fotos pessoais e até momentos históricos.

No entanto, o fenômeno não foi isento de controvérsias. O sucesso dessa tendência gerou instabilidades na plataforma, levando a OpenAI a impor restrições no uso da ferramenta para a criação dessas imagens. Sam Altman, CEO da empresa, explicou que a demanda inesperadamente alta por essas imagens causou problemas técnicos e, por isso, a IA passou a ser limitada para usuários gratuitos e a quantidade de imagens geradas foi restrita a três por dia para assinantes. Além disso, questões legais e éticas começaram a ser levantadas, especialmente em relação à possível violação de direitos autorais ao replicar o estilo de um estúdio tão icônico.

A OpenAI ainda está avaliando as implicações legais desse tipo de criação. Em testes realizados, o ChatGPT apresentou respostas inconsistentes quando solicitado para gerar imagens inspiradas no estilo do Studio Ghibli. Em alguns casos, a IA aceitou o pedido, enquanto em outros, recusou com base no risco de violação de copyright. Esse debate sobre a proteção da propriedade intelectual é cada vez mais relevante, especialmente com o aumento do uso de IAs para imitar estilos artísticos. Em 2023, um caso envolvendo a IA Midjourney, usada para vencer um concurso de fotografia, gerou acusações de plágio automatizado e reacendeu a discussão sobre os limites da liberdade criativa em um mundo cada vez mais digitalizado.

Apesar das limitações impostas pela OpenAI, é possível ainda participar da trend e criar imagens com IA de maneira criativa. Algumas estratégias incluem personalizar os prompts com descrições originais, sem mencionar explicitamente o Studio Ghibli, ou usar o estilo de forma inspiracional, sem imitar diretamente personagens ou cenas associadas ao estúdio. Além disso, outras ferramentas como Gemini, Dreamina e Deep Dream Generator oferecem opções para a criação de imagens no estilo anime ou artístico, permitindo aos usuários explorar essas tendências sem infringir as regras de uso da IA.

A polêmica em torno da criação de imagens no estilo Ghibli reflete um desafio maior enfrentado pela indústria criativa na era da inteligência artificial. O fundador do Studio Ghibli, Hayao Miyazaki, já se posicionou contra o uso de IA em obras artísticas, considerando-o um “insulto à própria vida”, especialmente após ver uma animação gerada por IA que imitava de forma grotesca movimentos humanos. Esse posicionamento destaca a necessidade de um equilíbrio entre a inovação tecnológica e a ética criativa, lembrando a todos os envolvidos que o respeito pelos direitos autorais e pela originalidade deve ser priorizado.

Governo proíbe Meta de usar dados de usuários para treinar IA no Brasil

O governo brasileiro ordenou que a Meta – big tech responsável pelo Facebook, Instagram e Whatsapp – suspenda, no país, o uso de dados de usuários para treinar inteligência artificial, conforme uma determinação da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) publicada hoje. A medida também prevê uma multa diária de R$ 50 mil em caso de descumprimento.

A nova política de privacidade da Meta, que permitia o uso de dados, como fotos e textos públicos dos usuários, para treinar sistemas de IA generativa, foi contestada por órgãos como o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). A ANPD agiu após alertas desses órgãos sobre possíveis violações das leis brasileiras de privacidade.

Em resposta, a Meta expressou desapontamento com a decisão da ANPD, argumentando que sua abordagem está em conformidade com as regulamentações brasileiras e que a prática é comum na indústria de IA. A empresa afirmou que continuará trabalhando com a ANPD para resolver as preocupações levantadas.

“Nossa abordagem cumpre com as leis de privacidade e regulações no Brasil, e continuaremos a trabalhar com a ANPD para endereçar suas dúvidas. Isso é um retrocesso para a inovação e a competividade no desenvolvimento de IA, e atrasa a chegada de benefícios da IA para as pessoas no Brasil”, prossegue a Meta.

O Instituto de Defesa do Consumidor argumenta que o modo como a empresa utiliza dados viola as leis brasileiras, pois não notificou previamente os usuários, a opção para contestar a prática é pouco clara e pode conferir uma vantagem excessiva à empresa.

Dentro de cinco dias após a notificação, a Meta deve fornecer ao governo:

  1. Documentação que comprove a alteração na Política de Privacidade para excluir o uso de dados pessoais no treinamento de IAs generativas.
  2. Uma declaração assinada por um representante legal confirmando a suspensão do uso dos dados.

O uso de dados pessoais para treinar IA chamou a atenção em 4 de junho, quando a Meta anunciou na União Europeia e no Reino Unido uma atualização na política de privacidade permitindo tal prática, decisão que foi adiada na Europa devido à reação negativa, mas não no Brasil.

Sinais de Alzheimer podem ser detectados por meio da fala

Um avanço significativo na detecção precoce da doença de Alzheimer foi alcançado por pesquisadores da Universidade de Boston (BU), nos Estados Unidos. Eles desenvolveram um novo método que utiliza algoritmos de Inteligência Artificial (IA) para analisar como as pessoas conversam como um indicador potencial de demência.

Ao contrário de abordagens tradicionais que se concentram em características superficiais da fala, como velocidade, o novo método avalia o conteúdo e a estrutura das palavras usadas nas conversas. Publicado na revista Alzheimer’s & Dementia, o estudo revela que a IA alcançou uma precisão de 78,5% em identificar o risco de uma pessoa desenvolver Alzheimer ao longo de seis anos, baseando-se em gravações de indivíduos com comprometimento cognitivo leve.

A pesquisa utilizou 166 gravações de indivíduos entre 63 e 97 anos, dos quais 90 desenvolveram demência após seis anos, enquanto 76 permaneceram estáveis. O aprendizado da máquina foi empregado para identificar padrões na fala que estavam associados à progressão da doença.

O professor Ioannis Paschalidis, autor do estudo e especialista em Ciências da Computação e Engenharia, destaca que a pontuação gerada pela IA funciona como uma medida preditiva do risco de demência.

“Você pode pensar na pontuação como uma probabilidade. A probabilidade de que alguém permanecerá estável ou evoluíra para um quadro de demência [nos próximos anos]”, explica Ioannis Paschalidis, professor de Ciências da Computação e Engenharia na BU e autor do estudo, em nota. 

O próximo passo é adaptar essa tecnologia para um aplicativo de celular acessível, permitindo o monitoramento contínuo de pacientes com alto risco para Alzheimer.

Este avanço não é o único utilizando IA para diagnóstico de Alzheimer, com outros estudos explorando diferentes técnicas, como análise de padrões de glicose no cérebro, todos em fases de validação.

Fonte: Alzheimer’s & Dementia, Universidade de Boston

Como a inteligência artificial e conectividade podem moldar o mercado de trabalho

Um recente relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) trouxe à tona uma previsão preocupante: aproximadamente 40% dos empregos no Brasil estarão sob a influência das novas tecnologias de Inteligência Artificial (IA) nos próximos anos. Essa projeção serve como um alerta para a necessidade urgente de fortalecer a conectividade e desenvolver habilidades digitais em nosso país, conforme destacado pelo relatório.

À medida que a IA e outras tecnologias digitais continuam a transformar as dinâmicas de emprego, a conectividade se torna uma necessidade cada vez mais essencial. A expansão da conectividade, especialmente em regiões remotas e menos desenvolvidas, é crucial para garantir que todos os cidadãos possam se adaptar a essa nova realidade e se beneficiar das oportunidades que ela oferece.

Para enfrentar esses desafios, é essencial que políticas públicas sejam implementadas para destinar recursos à expansão da conectividade em todo o país, assegurando que a inclusão digital seja uma prioridade real. Somente com investimentos significativos em infraestrutura e desenvolvimento de habilidades digitais podemos garantir que todos estejam preparados para a era digital que se aproxima.