Salário de Tarcísio sobe para R$ 36,3 mil após Alesp aprovar reajuste de 5%

Aumento também vale para vice-governador e secretários; teto do funcionalismo público estadual será elevado

A Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou na noite desta terça-feira (13) um reajuste de 5% no salário do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Com a medida, a remuneração mensal do chefe do Executivo paulista passa de R$ 34,5 mil para R$ 36,3 mil. O aumento eleva também o teto do funcionalismo público estadual, já que o valor é atrelado ao salário do governador.

O reajuste, aprovado em votação simbólica com votos contrários apenas do PSOL, também será aplicado ao vice-governador Felício Ramuth (PSD) e aos secretários de Estado. O impacto financeiro previsto é de R$ 18 milhões por mês, totalizando R$ 230 milhões ao ano, considerando também os efeitos sobre aposentadorias e pensões. Em 2025, quando o aumento começa a valer a partir de junho, a estimativa de custo é de R$ 144 milhões.

A proposta original previa um reajuste de 9,68%, apresentado pelo deputado Carlão Pignatari (PSDB), mas o índice foi reduzido antes da votação. A decisão visou alinhar o aumento dos salários do alto escalão ao reajuste de 5% concedido aos demais servidores estaduais, aprovado na mesma sessão. O impacto dessa medida mais ampla pode chegar a R$ 3,7 bilhões em 2026.

Também foi aprovado o reajuste de 10% no abono complementar pago a servidores que ganham abaixo do piso paulista. Com isso, 91 mil trabalhadores terão os salários ajustados para valores mínimos que variam conforme a carga horária. A oposição criticou o modelo de abono, afirmando que ele não é incorporado ao salário para efeitos previdenciários.

Os aumentos só entrarão em vigor após sanção do governador e não serão retroativos. O último reajuste para o cargo de governador havia sido aprovado no fim de 2022, antes da posse de Tarcísio, quando o salário saltou de R$ 23 mil para R$ 34,5 mil, em um aumento de 50%.

Lula destaca importância da parceria com a China

Presidente brasileiro reafirma laços estratégicos e econômicos durante visita oficial a Pequim

Relações bilaterais em alta
Durante encontro com o presidente chinês Xi Jinping em Pequim nesta terça-feira (13), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o momento atual marca uma das fases mais relevantes da relação entre Brasil e China. Segundo Lula, a parceria entre os dois países “nunca foi tão necessária”, especialmente diante do cenário internacional instável. A afirmação ocorre na esteira do anúncio de aproximadamente R$ 27 bilhões em novos investimentos chineses no Brasil, voltados a áreas como energia limpa, veículos elétricos e infraestrutura.

Críticas ao protecionismo e apoio ao livre comércio
Em seu discurso, Lula condenou o unilateralismo nas relações comerciais e alertou para os efeitos negativos de guerras tarifárias. Ele e Xi Jinping defenderam a preservação de um comércio global justo, dentro das regras da Organização Mundial do Comércio (OMC). Lula também destacou que disputas comerciais elevam preços e afetam desproporcionalmente os mais pobres. As falas ocorrem após o anúncio de uma trégua de 90 dias na guerra comercial entre China e Estados Unidos.

Investimentos chineses no Brasil
A visita rendeu a assinatura de 20 acordos e protocolos entre os dois países, abrangendo agricultura, tecnologia, aeroespacial, energia e outros setores. Entre os destaques dos investimentos estão R$ 6 bilhões da montadora GAC para expandir sua operação no Brasil e R$ 5 bilhões da plataforma Meituan para atuar no mercado de delivery. Outras empresas chinesas, como a CGN, Envision e Mixue, também anunciaram projetos com potencial de gerar milhares de empregos e promover inovação em áreas sustentáveis.

Posição conjunta sobre conflitos globais
Tanto Lula quanto Xi Jinping usaram os discursos para defender resoluções pacíficas para os conflitos internacionais. Lula condenou a guerra na Ucrânia e os ataques em Gaza, reforçando que o fim das hostilidades é essencial para o desenvolvimento global. O presidente brasileiro voltou a apoiar a criação de um Estado palestino e defendeu a necessidade de reforma da ONU para que a entidade possa cumprir seu papel na promoção da paz.

Alinhamento diplomático e territorial
Na nota conjunta divulgada após a reunião, Brasil e China reiteraram pontos centrais da parceria. O Brasil reafirmou seu apoio ao princípio de “Uma Só China”, reconhecendo Taiwan como parte do território chinês. Além disso, os dois países reforçaram a oposição a guerras comerciais, a defesa do multilateralismo e o compromisso com a reforma de instituições globais como a ONU e a OMC.

Missão oficial e expansão comercial
A visita de Lula à China incluiu uma comitiva robusta, com 11 ministros, parlamentares e cerca de 200 empresários. A agenda foi fortemente voltada à ampliação do comércio bilateral, com destaque para o agronegócio. A ApexBrasil mapeou cerca de 400 oportunidades de negócios com os chineses, e empresários brasileiros inauguraram um novo escritório em Pequim para facilitar exportações. Antes da passagem por Pequim, Lula esteve na Rússia, onde reforçou seu apelo por um cessar-fogo imediato na Ucrânia.

Homicídios caem 20% em uma década no Brasil, mas país ainda está entre os mais violentos

Atlas da Violência mostra que, apesar da queda nos assassinatos entre 2013 e 2023, Brasil segue com uma das maiores taxas do mundo

Entre 2013 e 2023, o Brasil registrou uma queda de 20,3% no número de homicídios, segundo o Atlas da Violência, elaborado pelo Ipea em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Em 2023, o país contabilizou 45.747 assassinatos, contra 57.396 dez anos antes. Comparando com 2022, a redução foi de 1,4%. Desde 2017, o ano mais violento da série histórica, a queda acumulada chega a 30,2%. Apesar do recuo, o país ainda figura entre os mais letais do mundo, com uma taxa de 21,2 homicídios por 100 mil habitantes — a menor em mais de uma década, mas ainda alta em comparação global.

Os dados revelam que 17 estados brasileiros conseguiram reduzir suas taxas de homicídio entre 2022 e 2023, com destaque negativo para o Amapá, que teve alta expressiva de 88% em dez anos e mais de 40% em apenas um ano. O Rio de Janeiro, embora tenha registrado queda de 16% nos últimos 11 anos, voltou a ver aumento nas mortes violentas em 2023. Pernambuco também destoou, com alta de 18% na década. Por outro lado, Amazonas e Bahia, que apresentavam altos índices, conseguiram diminuir os homicídios por dois anos consecutivos.

Os pesquisadores do estudo apontam que fatores como o envelhecimento da população, acordos entre facções criminosas e mudanças na política de segurança pública em estados-chave têm contribuído para a redução das mortes. A chamada transição demográfica, iniciada no Sul e Sudeste e agora em curso no Norte e Nordeste, deve ajudar a manter essa tendência de queda nos próximos anos, já que jovens entre 15 e 29 anos, os mais afetados pela violência, estão diminuindo em número.

Em 2023, quase metade das vítimas de homicídio no Brasil estavam nessa faixa etária, sendo 94% homens. O estudo também aponta uma desigualdade racial significativa: a taxa de homicídios entre pessoas negras foi quase três vezes maior (28,9 por 100 mil habitantes) do que entre os demais grupos (10,6 por 100 mil). Essa disparidade reforça a necessidade de políticas específicas para combater a violência em comunidades mais vulneráveis.

Além dos fatores demográficos, o estudo destaca uma mudança de abordagem nos estados mais bem-sucedidos: o abandono do policiamento exclusivamente ostensivo e a adoção de estratégias baseadas em inteligência, gestão por resultados e ações preventivas integradas. Segundo os pesquisadores, esse modelo tem se mostrado mais eficaz para enfrentar a criminalidade de forma sustentável. Os dados utilizados no relatório são baseados no Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde, o que pode explicar divergências em relação a estatísticas criminais de secretarias estaduais.

Petrobras encontra novo poço com petróleo de alta qualidade no pré-sal de Santos

Descoberta reforça potencial da Bacia de Santos com óleo livre de contaminantes

A Petrobras anunciou nesta sexta-feira (9) a descoberta de petróleo considerado “de excelente qualidade e sem contaminantes” no pré-sal da Bacia de Santos, litoral de São Paulo. O achado foi feito no poço 3-BRSA-1396D-SPS, pertencente ao bloco Aram, localizado a 248 quilômetros da cidade de Santos e a quase 2 mil metros de profundidade sob o nível do mar.

Essa é a segunda descoberta relevante no mesmo bloco apenas neste ano. Em março, a companhia já havia identificado indícios promissores de petróleo em outro poço da região, o 4-BRSA-1395-SPS, situado a uma distância semelhante e também em águas profundas.

Segundo a estatal, o próximo passo será realizar análises laboratoriais para avaliar com mais precisão as características do reservatório recém-descoberto. A expectativa é entender o real potencial de exploração e produção da área.

Além dos estudos em andamento, a Petrobras informou que outros dois poços serão perfurados como parte do Plano de Avaliação e Descoberta (PAD), ampliando a investigação sobre as reservas na região e reforçando o valor estratégico do pré-sal brasileiro

Preços sobem 0,43% em abril, impulsionados por alimentação e medicamentos

IPCA acumula alta de 5,53% em 12 meses, com destaque para alimentação e saúde

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do Brasil, registrou alta de 0,43% em abril, segundo números divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira (9). O indicador veio dentro do intervalo esperado pelos analistas, que projetavam algo entre 0,38% e 0,47%. O resultado mostra uma desaceleração frente ao avanço de 0,56% observado em março.

Com o desempenho de abril, a inflação acumulada em 2024 chega a 2,48%. Já no acumulado dos últimos 12 meses, o IPCA apresenta uma elevação de 5,53%. O principal impulso para o índice no mês veio do setor de Alimentação e bebidas, especialmente das refeições fora de casa, e do grupo Saúde e cuidados pessoais, influenciado pelo reajuste de até 5,09% nos preços dos medicamentos autorizado no fim de março.

O grupo Vestuário também teve um papel relevante na inflação de abril, com aumento nos preços de roupas femininas, masculinas, além de calçados e acessórios. Por outro lado, o setor de Transportes apresentou deflação de 0,38%, contribuindo para amenizar a pressão inflacionária do mês.

Confira o desempenho por grupo:

Alimentação e bebidas: 0,82%

Habitação: 0,14%

Artigos de residência: 0,53%

Vestuário: 1,02%

Transportes: -0,38%

Saúde e cuidados pessoais: 1,18%

Despesas pessoais: 0,54%

Educação: 0,05%

Comunicação: 0,69%

Ribeirão Preto ocupa a 58ª posição no ranking das cidades mais desenvolvidas do Brasil

A cidade paulista destaca-se no Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM) 2023, refletindo avanços significativos em educação, saúde e economia

De acordo com o mais recente levantamento do Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), divulgado nesta quinta-feira (8) pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Ribeirão Preto ficou na 58ª posição no ranking nacional das cidades com maior grau de desenvolvimento em 2023.

O IFDM é composto por três pilares principais: saúde, educação e geração de emprego e renda. O estudo examinou o desempenho de 5.550 municípios em todo o país, com base em dados oficiais coletados entre 2013 e 2023.

Conhecida como a “Califórnia Brasileira”, Ribeirão Preto registrou índice de 0,8447 — em uma escala que vai de 0 a 1, quanto mais próximo de 1, maior o nível de desenvolvimento socioeconômico. Segundo a classificação da Firjan, cidades com pontuação acima de 0,8 são consideradas de Alto Desenvolvimento.

Metodologia e critérios do IFDM

A Firjan utiliza apenas informações provenientes de fontes públicas oficiais, com atualização anual e abrangência nacional. O índice busca retratar com fidelidade a evolução dos municípios nos aspectos essenciais para a qualidade de vida da população.

Indicadores avaliados incluem:

Saúde:

  • Internações por causas evitáveis com atenção básica
  • Mortalidade infantil evitável
  • Cobertura de consultas de pré-natal
  • Número de médicos por mil habitantes
  • Cobertura vacinal
  • Gravidez precoce
  • Internações relacionadas à falta de saneamento

Educação:

  • Matrículas em creches
  • Formação adequada dos professores
  • Defasagem idade-série no ensino fundamental e médio
  • Notas do Ideb nos anos iniciais e finais do ensino fundamental
  • Taxa de evasão escolar
  • Oferta de ensino em tempo integral

Emprego e Renda:

  • Capacidade de absorver trabalhadores com carteira assinada
  • Percentual de demissões voluntárias
  • PIB per capita
  • Participação dos salários na economia local
  • Nível de pobreza e baixa renda
  • Diversificação da economia local

Apesar dos avanços registrados na última década, a pesquisa revelou um dado preocupante: 47,3% dos municípios brasileiros ainda se enquadram nas categorias de Desenvolvimento Baixo ou Crítico, afetando aproximadamente 57 milhões de pessoas.

“Nossos estudos mostram que os municípios com menor índice de desenvolvimento estão, em média, mais de 20 anos atrasados em comparação às cidades que lideram o ranking. É como se milhões de brasileiros ainda vivessem em condições do século passado”, afirmou Luiz Césio Caetano, presidente da Firjan.

As 10 cidades com pior desempenho no IFDM:

  1. Ipixuna (AM) – 0,1485
  2. Jenipapo dos Vieiras (MA) – 0,1583
  3. Uiramutã (RR) – 0,1621
  4. Jutaí (AM) – 0,1802
  5. Santa Rosa do Purus (AC) – 0,1806
  6. Oeiras do Pará (PA) – 0,2143
  7. Fernando Falcão (MA) – 0,2161
  8. Limoeiro do Ajuru (PA) – 0,2420
  9. Melgaço (PA) – 0,2429
  10. Curralinho (PA) – 0,2431

As 10 cidades mais bem avaliadas:

  1. Águas de São Pedro (SP) – 0,8932
  2. São Caetano do Sul (SP) – 0,8882
  3. Curitiba (PR) – 0,8855
  4. Maringá (PR) – 0,8814
  5. Americana (SP) – 0,8813
  6. Toledo (PR) – 0,8763
  7. Marechal Cândido Rondon (PR) – 0,8751
  8. São José do Rio Preto (SP) – 0,8750
  9. Francisco Beltrão (PR) – 0,8742
  10. Indaiatuba (SP) – 0,8723

A capital paulista também teve bom desempenho e ficou na segunda posição entre as capitais brasileiras. Para acessar a análise completa e consultar dados individuais de cada município, basta visitar o site da Firjan.

Rendimento médio no Brasil atinge R$ 3.057 em 2024, o maior da história

Levantamento do IBGE mostra crescimento impulsionado pelo trabalho, mas desigualdade regional ainda é alta

O rendimento médio mensal dos brasileiros de todas as fontes chegou a R$ 3.057 em 2024, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O valor representa um novo recorde histórico, superando o pico anterior de 2014, que foi de R$ 2.974. O número é resultado da análise da PNAD Contínua, que considera tanto rendimentos do trabalho quanto de aposentadorias, aluguéis, benefícios sociais e outros.

Segundo o IBGE, 66,1% da população declarou ter algum tipo de rendimento em 2024 — um avanço em relação aos 64,9% registrados no ano anterior. A principal fonte de crescimento foi a renda do trabalho, que sozinha alcançou média de R$ 3.225, também a maior da série. Outros tipos de renda, como aposentadoria e programas sociais, tiveram desempenho mais modesto, mas ainda em alta.

O valor médio de benefícios sociais, por exemplo, atingiu R$ 836 — também o maior da série histórica — refletindo políticas de ampliação do Bolsa Família e programas complementares. Apesar disso, a diferença entre os estados permanece expressiva: o Maranhão registrou o menor rendimento médio (R$ 1.078), enquanto o Distrito Federal apresentou o maior (R$ 3.276), uma disparidade de mais de R$ 2.000.

O índice de desigualdade (Índice de Gini) também caiu em 2024, chegando ao menor patamar da série. Ainda assim, os 1% mais ricos do país seguem ganhando, em média, 40 vezes mais que os 40% mais pobres. O analista do IBGE, Gustavo Fontes, destacou que, embora o mercado de trabalho tenha reagido positivamente, o cenário ainda exige atenção e políticas de distribuição de renda.

Por fim, o IBGE observou que o aumento dos rendimentos, especialmente entre os trabalhadores e beneficiários de programas sociais, foi influenciado pelo aumento do salário mínimo, melhoria no nível de ocupação e manutenção de auxílios criados ou reforçados durante e após a pandemia. Ainda assim, o país segue enfrentando desafios estruturais para reduzir a desigualdade de forma mais consistente.

Brasil mantém estagnação no combate ao analfabetismo funcional: 3 em cada 10 seguem com dificuldades básicas, aponta estudo

Cerca de 29% da população entre 15 e 64 anos ainda tem dificuldade com leitura, escrita e matemática básica

O Brasil segue estagnado no enfrentamento ao analfabetismo funcional. Segundo dados do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) de 2024, cerca de 29% dos brasileiros entre 15 e 64 anos ainda não dominam plenamente habilidades essenciais de leitura, escrita e cálculo — um índice igual ao registrado na edição anterior da pesquisa, em 2018. O levantamento foi conduzido pela Ação Educativa e pela consultoria Conhecimento Social, com apoio de instituições como Fundação Itaú, Fundação Roberto Marinho, Instituto Unibanco, UNESCO e UNICEF.

A pesquisa classifica os entrevistados em cinco níveis: analfabeto, rudimentar, elementar, intermediário e proficiente. Os analfabetos funcionais se concentram nos dois primeiros níveis, compreendendo pessoas que só conseguem reconhecer palavras simples, frases curtas e números comuns, sem conseguir interpretar textos ou resolver situações básicas do cotidiano. A coleta de dados foi feita com 2.554 pessoas, em todas as regiões do país, entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025.

Os dados mostram que o problema se acentua com a idade: mais da metade da população acima dos 50 anos (51%) está no nível de analfabetismo funcional. Em contraste, entre os jovens de 15 a 29 anos, 84% já apresentam níveis consolidados de alfabetização. O recorte racial também expõe desigualdades profundas: enquanto 41% dos brancos estão nas faixas intermediária ou proficiente, apenas 31% dos pretos e pardos e 19% de amarelos e indígenas atingem o mesmo patamar.

Mulheres apresentam desempenho superior: 73% delas são consideradas alfabetizadas funcionais, contra 69% dos homens. Ana Lima, coordenadora do estudo, aponta que os avanços entre os mais jovens refletem o impacto positivo das políticas educacionais das últimas décadas. No entanto, ela alerta que é preciso garantir continuidade no desenvolvimento dessas competências para todas as faixas etárias.

O Ministério da Educação (MEC) foi procurado pela reportagem para comentar os dados e indicar quais medidas estão sendo adotadas para melhorar o cenário, especialmente entre adultos com mais de 40 anos, mas não respondeu até a publicação desta matéria. O estudo reforça a necessidade urgente de políticas públicas voltadas à educação de jovens e adultos, a fim de romper com a estagnação e ampliar o letramento da população brasileira.

Márcia Lopes assume Ministério das Mulheres no lugar de Cida Gonçalves

Troca já era esperada e mantém o comando da pasta com uma integrante histórica do PT

O governo federal confirmou nesta segunda-feira (5) a substituição no comando do Ministério das Mulheres. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva exonerou Cida Gonçalves, que ocupava o cargo desde o início da atual gestão, e nomeou a assistente social Márcia Lopes como nova ministra. A nomeação e posse ocorreram na manhã de hoje, com a publicação oficial prevista para edição extra do Diário Oficial da União.

Márcia Lopes, que já havia adiantado à imprensa que tomaria posse ainda nesta segunda, participou do encontro no Palácio do Planalto ao lado do presidente Lula, da ex-ministra Cida Gonçalves e da presidente do PT, Gleisi Hoffmann. Em rede social, Lula destacou o histórico de Márcia no partido e sua experiência como ex-ministra do Desenvolvimento Social, cargo que ocupou em 2010, no segundo mandato do petista.

A mudança no Ministério das Mulheres já era aguardada nos bastidores e preserva a pasta sob o comando do Partido dos Trabalhadores. Cida Gonçalves, apesar de ter contado com apoio e presença frequente da primeira-dama Janja Lula da Silva em sua gestão, vinha enfrentando críticas internas. A recriação do ministério foi uma das promessas de campanha de Lula, após a área ter sido fundida com outras pastas durante o governo de Jair Bolsonaro.

Márcia Lopes, natural do Paraná, é formada em Serviço Social pela Universidade Estadual de Londrina, tem mestrado pela PUC-SP e uma trajetória consolidada dentro do PT. Além de já ter sido ministra, foi também secretária de Assistência Social em Londrina, vereadora na cidade e ocupou cargos importantes no MDS entre 2004 e 2008. Sua chegada representa um reforço político e técnico à equipe de governo.

Com essa nomeação, já são 12 mudanças ministeriais desde o início do atual mandato de Lula. Na última sexta-feira (2), o Ministério da Previdência Social também teve troca de comando, com a saída de Carlos Lupi e a chegada de Wolney Queiroz. A tendência é que o presidente continue promovendo ajustes em sua equipe para reforçar a articulação política e dar mais visibilidade a áreas estratégicas do governo.

Com 4 votos pela prisão de Collor, Gilmar Mendes envia julgamento ao plenário físico do STF

Ex-presidente foi preso em Maceió e aguarda decisão final após condenação por corrupção e lavagem de dinheiro

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu retirar do julgamento virtual o processo que analisa a legalidade da prisão do ex-presidente Fernando Collor e levar o caso ao plenário físico da Corte. A medida, conhecida como “destaque”, suspende temporariamente a decisão definitiva sobre a manutenção da ordem de prisão emitida por Alexandre de Moraes.

Até o momento, quatro ministros já haviam votado a favor da manutenção da prisão, incluindo o próprio Moraes, relator do caso, além de Flávio Dino, Luís Roberto Barroso e Edson Fachin. Mesmo com o julgamento físico confirmado, os demais ministros ainda podem registrar seus votos no sistema virtual até o fim desta sexta (25). Collor continuará preso enquanto o julgamento não for finalizado presencialmente.

A prisão do ex-presidente aconteceu na madrugada desta sexta-feira, em Maceió (AL), após a rejeição, por parte de Moraes, dos últimos recursos da defesa. Para o ministro, os pedidos apresentavam caráter meramente protelatório. Condenado em 2023 a 8 anos e 10 meses de reclusão, Collor foi julgado por corrupção e lavagem de dinheiro em um processo vinculado à operação Lava Jato.

A denúncia da Procuradoria-Geral da República foi apresentada em 2015 e atribuía ao ex-senador crimes como corrupção passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro e peculato. Ao longo do processo, parte das acusações foi descartada ou considerada prescrita. O Supremo, no entanto, confirmou o recebimento de ao menos R$ 20 milhões em propinas, ligadas à atuação de Collor na BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras.

Segundo o Ministério Público, Collor usava sua influência para favorecer empresas em contratos com a BR Distribuidora, recebendo comissões ilegais em troca. Três delatores da Lava Jato, incluindo o doleiro Alberto Youssef e o empresário Ricardo Pessoa, apontaram o ex-presidente como beneficiário de grandes quantias. Durante as investigações, a Polícia Federal apreendeu veículos de luxo, obras de arte e imóveis atribuídos a empresas de fachada ligadas a ele.

A defesa do ex-presidente afirmou, em nota, que recebeu com surpresa e preocupação a decisão do STF. Collor, que foi senador pelo PTB de Alagoas até o ano passado, agora cumpre prisão enquanto aguarda o desfecho do julgamento no plenário físico do Supremo.