Governo proíbe Meta de usar dados de usuários para treinar IA no Brasil

O governo brasileiro ordenou que a Meta – big tech responsável pelo Facebook, Instagram e Whatsapp – suspenda, no país, o uso de dados de usuários para treinar inteligência artificial, conforme uma determinação da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) publicada hoje. A medida também prevê uma multa diária de R$ 50 mil em caso de descumprimento.

A nova política de privacidade da Meta, que permitia o uso de dados, como fotos e textos públicos dos usuários, para treinar sistemas de IA generativa, foi contestada por órgãos como o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). A ANPD agiu após alertas desses órgãos sobre possíveis violações das leis brasileiras de privacidade.

Em resposta, a Meta expressou desapontamento com a decisão da ANPD, argumentando que sua abordagem está em conformidade com as regulamentações brasileiras e que a prática é comum na indústria de IA. A empresa afirmou que continuará trabalhando com a ANPD para resolver as preocupações levantadas.

“Nossa abordagem cumpre com as leis de privacidade e regulações no Brasil, e continuaremos a trabalhar com a ANPD para endereçar suas dúvidas. Isso é um retrocesso para a inovação e a competividade no desenvolvimento de IA, e atrasa a chegada de benefícios da IA para as pessoas no Brasil”, prossegue a Meta.

O Instituto de Defesa do Consumidor argumenta que o modo como a empresa utiliza dados viola as leis brasileiras, pois não notificou previamente os usuários, a opção para contestar a prática é pouco clara e pode conferir uma vantagem excessiva à empresa.

Dentro de cinco dias após a notificação, a Meta deve fornecer ao governo:

  1. Documentação que comprove a alteração na Política de Privacidade para excluir o uso de dados pessoais no treinamento de IAs generativas.
  2. Uma declaração assinada por um representante legal confirmando a suspensão do uso dos dados.

O uso de dados pessoais para treinar IA chamou a atenção em 4 de junho, quando a Meta anunciou na União Europeia e no Reino Unido uma atualização na política de privacidade permitindo tal prática, decisão que foi adiada na Europa devido à reação negativa, mas não no Brasil.

Sinais de Alzheimer podem ser detectados por meio da fala

Um avanço significativo na detecção precoce da doença de Alzheimer foi alcançado por pesquisadores da Universidade de Boston (BU), nos Estados Unidos. Eles desenvolveram um novo método que utiliza algoritmos de Inteligência Artificial (IA) para analisar como as pessoas conversam como um indicador potencial de demência.

Ao contrário de abordagens tradicionais que se concentram em características superficiais da fala, como velocidade, o novo método avalia o conteúdo e a estrutura das palavras usadas nas conversas. Publicado na revista Alzheimer’s & Dementia, o estudo revela que a IA alcançou uma precisão de 78,5% em identificar o risco de uma pessoa desenvolver Alzheimer ao longo de seis anos, baseando-se em gravações de indivíduos com comprometimento cognitivo leve.

A pesquisa utilizou 166 gravações de indivíduos entre 63 e 97 anos, dos quais 90 desenvolveram demência após seis anos, enquanto 76 permaneceram estáveis. O aprendizado da máquina foi empregado para identificar padrões na fala que estavam associados à progressão da doença.

O professor Ioannis Paschalidis, autor do estudo e especialista em Ciências da Computação e Engenharia, destaca que a pontuação gerada pela IA funciona como uma medida preditiva do risco de demência.

“Você pode pensar na pontuação como uma probabilidade. A probabilidade de que alguém permanecerá estável ou evoluíra para um quadro de demência [nos próximos anos]”, explica Ioannis Paschalidis, professor de Ciências da Computação e Engenharia na BU e autor do estudo, em nota. 

O próximo passo é adaptar essa tecnologia para um aplicativo de celular acessível, permitindo o monitoramento contínuo de pacientes com alto risco para Alzheimer.

Este avanço não é o único utilizando IA para diagnóstico de Alzheimer, com outros estudos explorando diferentes técnicas, como análise de padrões de glicose no cérebro, todos em fases de validação.

Fonte: Alzheimer’s & Dementia, Universidade de Boston

Como a inteligência artificial e conectividade podem moldar o mercado de trabalho

Um recente relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) trouxe à tona uma previsão preocupante: aproximadamente 40% dos empregos no Brasil estarão sob a influência das novas tecnologias de Inteligência Artificial (IA) nos próximos anos. Essa projeção serve como um alerta para a necessidade urgente de fortalecer a conectividade e desenvolver habilidades digitais em nosso país, conforme destacado pelo relatório.

À medida que a IA e outras tecnologias digitais continuam a transformar as dinâmicas de emprego, a conectividade se torna uma necessidade cada vez mais essencial. A expansão da conectividade, especialmente em regiões remotas e menos desenvolvidas, é crucial para garantir que todos os cidadãos possam se adaptar a essa nova realidade e se beneficiar das oportunidades que ela oferece.

Para enfrentar esses desafios, é essencial que políticas públicas sejam implementadas para destinar recursos à expansão da conectividade em todo o país, assegurando que a inclusão digital seja uma prioridade real. Somente com investimentos significativos em infraestrutura e desenvolvimento de habilidades digitais podemos garantir que todos estejam preparados para a era digital que se aproxima.