Palmeiras faz 4 a 0 no Água Santa e é bicampeão

O Palmeiras é bicampeão do Paulistão Sicredi. Neste domingo (9), no Allianz Parque, o time alviverde venceu o Água Santa por 4 a 0, revertendo o revés, por 2 a 1, no primeiro confronto, na Arena Barueri. Com o resultado, o Palmeiras conquistou o seu 25º título estadual, cinco atrás do Corinthians, o maior campeão. Já o Água Santa terminou com a melhor campanha de sua história.

O time de Abel Ferreira foi para cima do Água Santa desde o começo e abriu o placar com apenas 14 minutos. Gabriel Menino cobrou falta na barreira, pegou a sobra e chutou rasteiro para superar o goleiro Ygor Vinhas.

O segundo parecia ser questão de tempo e saiu aos 26 minutos. Dudu recebeu pela direita, deu um drible da vaca de letra em Thiaguinho e cruzou na cabeça de Gabriel Menino, que ampliou.

Ainda deu tempo de fazer o terceiro. Aos 33 minutos, Gabriel Menino acionou Rony, que exigiu grande defesa de Ygor Vinhas. Na sobra, Endrick guardou.

O Água Santa também teve alguns bons momentos, mas não o suficiente para pressionar o Palmeiras no Allianz Parque. A melhor chance foi com Gabriel Inocêncio, que arriscou de longe e exigiu grande defesa de Weverton

O segundo tempo foi mais morno. Com vantagem no placar, o Palmeiras recuou e passou a administrar o resultado. O Água Santa tentou subir a marcação, mas encontrou dificuldade para pressionar o adversário. 

Com isso, o Palmeiras foi ficando à vontade na partida e fez o quarto aos 27 minutos. Contra-ataque do time alviverde. Rony achou Flaco López na esquerda. Ele passou pelo adversário e chutou. A bola desviou em Didi e entrou.

O Palmeiras ainda podia ter feito o quinto em um arrancada de Rony, mas a bola passou tirando tinta da trave.

Foto – César Greco/Palmeiras

Da várzea à final do Paulistão, Água Santa apresenta Diadema ao país

“O sonho da gente é muito grande. Até de sermos campeões paulistas”. Em outubro de 2015, o comerciante Licanor Vieira, proprietário de um bar na Rua dos Manacás, em Diadema (SP), deu esta declaração à TV Brasil em uma reportagem sobre o Esporte Clube Água Santa. A equipe fundada em 1981 por migrantes nortistas, nordestinos e mineiros, para competir no futebol de várzea da cidade e que disputou seu primeiro torneio profissional somente em 2013, tinha acabado de garantir um lugar na elite do Campeonato Paulista após subir, de forma consecutiva (e inédita), as três divisões de acesso do Estadual mais antigo do país.

Corta para abril de 2023. Neste domingo (2), às 16h (horário de Brasília), o mesmo Água Santa começa a decidir o título do Paulistão contra o Palmeiras na Arena Barueri. O primeiro jogo da final será transmitido ao vivo pela Rádio Nacional, com narração de André Marques, comentários de Mario Silva, reportagens de Rodrigo Ricardo e plantão esportivo de Rodrigo Campos.

Aquele otimismo de Licanor tinha explicação. Na várzea de Diadema e da região do ABCD Paulista, o Netuno (como o time é conhecido) acostumou a levantar troféus, principalmente a partir dos anos 2000. Muitos enfeitavam as paredes do bar do comerciante, que foi a primeira sede do clube. O estabelecimento não funciona mais hoje, mas traz recordações a quem viu, de perto, a história ser construída.

“Era muito bom. O pessoal vinha, fazia festa, brincava, tinha churrasco à vontade”, conta o aposentado Givaldo Bezerra dos Santos, que mora na região há 50 anos, em frente à antiga sede do Água Santa.

“Aqui na rua, tinha o bar do meu pai e nós jogávamos em um campinho. Quando montou o time, até mesmo nós passamos a nos encontrar na sede. A maioria [de nós] era da própria rua”, afirma Marco Antônio Valentim, comerciante e ex-jogador do Água Santa nos anos de várzea.

“Era muito difícil [na várzea]. A bola era dura e tinha muito barro. Você chutava e vinha tudo na cara [risos]. Hoje tem gramado, está bom para jogar. Mas não perdíamos. Jogávamos para cima”, completa Valter Luiz Botelho, que defendeu o Netuno nos anos 1980 e 1990, também antes do profissionalismo.

Orgulho

Atualmente, o Água Santa manda os jogos no Estádio José Batista Pereira Fernandes, conhecido como Arena Inamar, em alusão ao bairro no qual está situado na cidade, o Jardim Inamar. Como o local não tem refletores e a capacidade é de apenas 10 mil lugares, menos que o exigido pela Federação Paulista de Futebol (FPF) para as fases finais do Estadual, o Netuno não pôde atuar lá na semifinal contra o Red Bull Bragantino, nem teve como sediar a partida de ida da final. Não à toa, a diretoria do clube quer aproveitar o resto do ano para reformas estruturais no campo, pensando em 2024, quando também terá pela frente, de maneira inédita, a Copa do Brasil e a Série D do Campeonato Brasileiro.

Distância, porém, não foi problema à torcida, que já acompanhava a equipe pelos campeonatos amadores região afora. Mais de 40 ônibus, lotados, desceram a Serra do Mar em direção a Santos (SP), onde o time encarou o Bragantino. O público de 11.507 pessoas na Vila Belmiro foi superior à média do próprio Santos durante o Paulistão, além de ser o maior registrado pelo próprio Água Santa como anfitrião em uma partida oficial.

O escudo do Netuno aparece estampado nos carros que circulam por Diadema. A procura por camisas do time, que tem a cruz da Ordem de Cristo ao centro, cresce à medida que o sucesso nos gramados aumenta, para alegria de quem depende do comércio local. Orgulho de uma cidade que, no passado, foi considerada uma das mais violentas do Brasil (números do Datasus, de 1997) e que possui, atualmente, a segunda maior densidade demográfica do país, com quase 430 mil habitantes em um território de pouco mais de 30 quilômetros quadrados, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Diadema precisa ser mais conhecida pelo povo de fora. O Água Santa vai trazer essa curiosidade. É bom para nós que estamos aqui, desenvolvendo a cidade e a região”, afirma o ambulante Matheus Lima dos Santos.

“Depois que [o Água Santa] chegou à final, a população ficou bem ativa, empolgada. [Se for campeão] pode trazer [mais estoque de camisas], que é venda certa [risos]”, completa Adriano da Nóbrega Fernandes, também comerciante.

Otimismo

A última barreira no caminho do Água Santa é, simplesmente, o atual campeão brasileiro e estadual. Enquanto o Netuno disputa somente a quarta temporada na elite, o Palmeiras é o segundo maior vencedor do Paulistão, com 24 taças. As equipes se enfrentaram apenas quatro vezes, com três triunfos alviverdes e uma do Netuno – curiosamente, a mais marcante do confronto, uma goleada por 4 a 1 em 2016, em Presidente Prudente (SP).

A conquista inédita, se vier, faria do clube de Diadema o primeiro a ser campeão paulista sem estar em uma das quatro divisões do Brasileirão (Séries A, B, C ou D) na ocasião do título. Além disso, desde 2014, quando o Ituano levou o troféu, uma equipe fora das quatro principais do estado (Corinthians, Santos, São Paulo e Palmeiras) não vence o campeonato.

“Garanto que a gente empata o primeiro [jogo] e ganha o segundo [no próximo domingo, dia 9, às 16h, no Allianz Parque, em São Paulo]. Se for campeão, tem que parar Diadema. Quando foi campeão metropolitano [no futebol amador] parou, imagina agora?”, projeta Valentim.

“Estarei lá [em Barueri] no domingo, com a torcida, prestigiando o Água Santa. A cidade está contente. Vamos ser campeões”, acredita Valter.

 Por Lincoln Chaves – Repórter da EBC – São Paulo

Foto – Rodrigo Corsi/Agência Paulistão

Água Santa vence o Palmeiras e sai na frente na decisão

O Água Santa surpreendeu novamente. O time de Diadema quebrou a invencibilidade do Palmeiras ao vencer por 2 a 1 neste domingo, na Arena Barueri, com dois gols de Bruno Mezenga, pela partida de ida da decisão do Paulistão Sicredi.

Com o resultado, o Água Santa joga pelo empate no duelo de volta, no Allianz Parque, para ser campeão estadual pela primeira vez em sua história. O Palmeiras precisa de um triunfo por ao menos dois gols para ficar com o título. Vitória simples palmeirense leva a decisão aos pênaltis.

O Palmeiras começou o jogo pressionando o Água Santa. Aos quatro minutos, Dudu recebeu de Marcos Rocha e arriscou. Ygor Vinha fez a defesa. Breno Lopes também assustou na sequência, mas parou em uma mais uma defesa do goleiro do time de Diadema.

Aos poucos, o Água Santa foi equilibrando as ações e chegou a ter em certo momento mais posse de bola. Mais focado defensivamente, o time de Diadema chegou a criar algumas boas oportunidades. Aos 42 minutos. Zé Rafael perdeu a bola para Lucas Tocantins, que disparou em velocidade. Na hora de finalizar, foi travado por Marcos Rocha. A bola passou caprichosamente por cima do travessão.

O Água Santa gostou e se arriscou ao ataque. No lance seguinte, aos 43 minutos, após cobrança de escanteio, Bruno Mezenga subiu de cabeça para abrir o marcador e levar boa vantagem para o intervalo.

O Palmeiras voltou para o segundo tempo pressionando o Água Santa e com Endrick no ataque. E foi dele o gol de empate. Aos sete minutos, Raphael Veiga cobrou escanteio, Zé Rafael desviou e a jovem promessa empurrou para o fundo das redes.

Com o passar do tempo, o Palmeiras foi se acomodando e viu o Água Santa pressionar. Aos 21 minutos, Bruno Mezenga recebeu dentro da área e exigiu grande defesa do goleiro Weverton.

A pressão continuou. Bruno Xavier arriscou e mandou na trave. Depois do abafa, o time de Diadema recuou e só foi aparecer no ataque no fim. Aos 4 minutos, Patrick Allan se aproveitou de mais uma saída errada de bola do Palmeiras e deu belo passe para Bruno Mezenga, que decretou o triunfo do time de Diadema.

Via Federação Paulista de Futebol

Foto – Rebeca Reis/Agência Paulistão

Paulistão chega a sua 54ª final; conheça a história das decisões paulistas

Raoni David

Finalistas do Paulistão Sicredi 2023, Palmeiras e Água Santa vão protagonizar a 54ª final do Campeonato Paulista. Quando se enfrentarem na Arena Barueri e no Allianz Parque, estarão escrevendo um novo capítulo desta história centenária da competição mais antiga do Brasil. Ao todo, 23 times de 14 cidades já estiveram envolvidos em decisão de um Paulistão.

Existente desde 1902, o Campeonato Paulista passou cerca de seis décadas tendo os pontos corridos como fórmula de disputa. Na época, porém, não havia critérios de desempate e, neste caso, as equipes que terminassem a competição empatadas disputariam jogos-desempate para definir o campeão.

Finais dos primórdios
Desta maneira, o primeiro Paulistão da história, em 1902, foi decidido numa final entre SPAC e Paulistano, vencida pelo primeiro, que ainda triunfaria sob o mesmo adversário nas duas edições seguintes, sagrando-se tricampeão paulista. Um novo jogo-desempate só foi necessário em 1909 e, desta vez, o Paulistano foi derrotado pela Associação Atlética das Palmeiras. Palestra Itália, em 1920, e Internacional, em 1928, foram outras equipes a vencer o Paulistano em decisões estaduais. O time do Jardim América que, até hoje, é o quinto maior campeão paulista com 11 títulos, nunca ficou com uma taça em uma decisão direta.

Já na Era Profissional, em 1935, a Portuguesa foi campeã da APEA ao vencer o Ypiranga, enquanto o Palestra Itália, em 1936, venceu o Corinthians, pela LPF.

Era Pelé e confusão
Duas décadas depois, ainda sem Pelé, o Santos superou o São Paulo para ficar com o bicampeonato estadual. Já com o Rei, o time da Vila Belmiro foi derrotado pelo Palmeiras, em 1959, e voltou a derrotar a equipe tricolor em 1967.

A última decisão com Pelé foi a primeira prevista em regulamento e que inaugurou uma era no Campeonato Paulista: a do estádio do Morumbi lotado nas grandes decisões. Em 1973, Santos e Portuguesa se enfrentavam na primeira final regular de Paulistão e, após confusão causada por Armando Marques errar na contagem dos pênaltis, o título daquela temporada foi dividido.

O Morumbi em cena
Na sequência, o Palmeiras frustrou os planos corintianos de encerrar o jejum de títulos ao superar o arquirrival, em 1974; enquanto o São Paulo, nos pênaltis, derrotou a Portuguesa em 1975.

Após o Paulistão de 1976 ser em pontos corridos, as próximas sete disputas previam finais e, na primeira, em 1977, o Corinthians encerrou um período de 23 anos sem títulos ao derrotar a Ponte Preta, repetindo o feito em 1979. Santos e São Paulo decidiram os títulos de 1978 e 1980, com os Meninos da Vila vencendo a primeira e os tricolores a segunda. O bicampeonato são-paulino, em 1981, foi em cima da Ponte Preta. Com chances de ser tri em 1982, o São Paulo foi derrotado pelo Corinthians que, diante do mesmo adversário, seria bicampeão em 1983.

Após novo campeonato em pontos corridos, em 1984, foram oito finais nos anos seguintes. Dez anos depois, em 1985, o São Paulo voltou a superar a Portuguesa, enquanto derrotando o Palmeiras, a Inter de Limeira sagrou-se o primeiro campeão do interior, em 1986. No ano seguinte, o São Paulo derrotou o Corinthians, que deu o troco no Guarani, em 1988, na primeira final desde 1973 que não foi realizada no estádio do Morumbi. Em nova final entre capital e interior, o time do Morumbi voltou a ficar com a taça, diante do São José.

Final caipira e força do Trio de Ferro
Com duas finais seguidas e um título há alguns anos, o interior viveu seu ápice na primeira final caipira da história, quando o Red Bull Bragantino derrotou o Novorizontino. Vivendo ótima fase, o São Paulo voltou a ser bicampeão paulista após vencer Corinthians e Palmeiras em 1991 e 1992, respectivamente. Finalizando este período de finais, foi a vez de o Palmeiras quebrar um jejum de títulos que já durava 16 anos ao bater o Corinthians em 1993. O troco corintiano aconteceu em 1995, já que em 1994 a competição foi novamente disputada em pontos corridos.

Como em 1996 o Paulistão foi novamente em pontos corridos e o regulamento de 1997 previa um quadrangular final, a decisão direta só voltou a acontecer em 1998, quando o São Paulo venceu o Corinthians que, no ano seguinte, voltaria a ficar com a taça ao superar novamente o Palmeiras. No último Paulistão do Século XX, o São Paulo ficou com o título ao superar o Santos, enquanto o Corinthians superou o Botafogo de Ribeirão Preto para ficar com a primeira taça do Paulistão no Século XXI.

Novo século
Sem os principais clubes que disputaram o Torneio Rio-SP e, novamente em pontos corridos em 2002, a decisão voltou em 2003 e 2004. No primeiro ano, o Corinthians foi campeão vencendo o São Paulo, enquanto no segundo o São Caetano superou o Paulista de Jundiaí na segunda final do interior da história do campeonato que teve, em 2005 e 2006, as últimas edições disputadas em pontos corridos na história.

Na volta das finais, o Santos superou o São Caetano, em 2007, e viu o rival Palmeiras vencer a Ponte Preta, em 2008, antes de o time da Vila Belmiro iniciar a maior sequência de um time em finais na história do Paulistão: foram oito decisão consecutivas.

Vice-campeão ao ser derrotado pelo Corinthians, em 2009, o time santista faturou o tricampeonato em 2010, 2011 e 2012 ao vencer Santo André, Corinthians e Guarani. Derrotado pelos corintianos e pelo Ituano em 2013 e 2014, o Santos conquistou os títulos de 2015 e 2016 em cima do Palmeiras e Osasco Audax, respectivamente.

A sequência santista terminou para iniciar a corintiana, porém, menor. Tricampeão em 2017, 2018 e 2019 ao vencer Ponte Preta, Palmeiras e São Paulo, o Corinthians ainda foi vice-campeão de 2020 ao ser derrotado pelo Palmeiras que iniciava nova sequência de finais. Após ser superado pelo São Paulo, em 2021, o time alviverde deu o troco no tricolor em 2022 e chega, em 2023, diante do Água Santa, à quarta final seguida no Paulistão Sicredi.

Foto – Cesar Greco/Palmeiras

Palmeiras e Água Santa decidem título nos domingos 2 e 9, às 16h

As datas, locais e horários das finais do Paulistão Sicredi 2023 foram confirmadas após reunião virtual do Conselho Técnico na manhã desta terça-feira (28). Arena Barueri e Allianz Parque serão os palcos dos confrontos que decidem a posse do Troféu Pelé.

A partida de ida da decisão do Paulistão Sicredi será neste domingo (2), na Arena Barueri, em Barueri, às 16h, enquanto o jogo de volta será no outro domingo (9), no Allianz Parque, em São Paulo, no mesmo horário.

Ambos os confrontos terão ampla transmissão, com Record e YouTube na TV e streaming abertos, respectivamente, HBO Max no streaming pago, além de Premiere e Paulistão Play no Pay-Per-View.

O Palmeiras busca o seu 25º título na competição, enquanto o Água Santa tenha a conquista inédita.

Arte – Paulistão