Janeiro Branco: Campanha alerta importância da saúde mental

Em meio aos desafios contemporâneos, a campanha Janeiro Branco propõe a criação de uma cultura de cuidado emocional, visando informar e apoiar indivíduos, famílias, instituições e comunidades na prevenção de doenças decorrentes do estresse, como ansiedade, depressão e pânico.

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) enfatiza que transtornos de humor, esquizofrenia e transtorno bipolar, muitas vezes, podem levar à incapacidade temporária ou permanente para o trabalho. Os benefícios por incapacidade temporária e permanente estão sujeitos a critérios específicos, sendo necessário agendar uma perícia médica por meio do aplicativo, site ou telefone 135.

Ao conceder o benefício, o INSS proporciona suporte financeiro àqueles temporariamente impossibilitados de trabalhar devido a questões de saúde mental. Além disso, ressalta a importância de cuidados contínuos com a saúde mental, encorajando a cautela nas expectativas, estabelecimento de metas realistas e atenção aos sentimentos diários, promovendo uma abordagem generosa e consciente para o autocuidado. O instituto enfatiza a relevância de viver o momento presente, destacando que o exercício regular da auto-observação contribui para o bem-estar emocional.

*Informações de Agência Brasil/Graça Adjuto

Enem chegando; Confira como ajudar o corpo e a mente

Os dias que antecedem a realização das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) podem ser de muita tensão e nervosismo para os candidatos. Mas alguns hábitos podem ser adotados para que a ansiedade não atrapalhe o seu desempenho. 

A primeira dica é evitar estudos intensos na véspera da prova. “O que eles tinham que ter de aprendizado já deve ter ocorrido, então na última semana a revisão deve ser de forma mais tranquila e sem pressão”, orienta a coordenadora de convivência ética do Colégio Sigma, de Brasília, Paula Cavalcante. 

Ler um livro, assistir a um filme, dar uma caminhada e estar com a família e com amigos são boas opções para passar esse tempo. As atividades físicas podem ser uma válvula de escape para a ansiedade, mas também devem ser praticadas com moderação, para evitar lesões, diz a professora. 

A alimentação na véspera e no dia da prova também merece atenção. A dica é manter uma alimentação leve e evitar alimentos que façam mal ao trato digestivo. “A véspera do Enem não é dia de comer coisas diferentes”, aconselha a orientadora educacional e psicopedagoga do colégio Mopi, do Rio de Janeiro, Adriana Ferreira.

Neste ano, o Enem será aplicado nos dias 5 e 12 de novembro. No primeiro dia de prova, os participantes fazem as questões de Linguagens e Códigos, Ciências Humanas e redação. No segundo dia, de Ciências da Natureza e Matemática. 

Ansiedade

Em um momento importante e decisivo como este, a ansiedade é natural, mas deve ser controlada para não atrapalhar o desempenho dos candidatos. “Quanto melhor estiverem emocionalmente, melhores serão os resultados”, diz Paula Cavalcante. Segundo ela, descansar a mente é extremamente importante neste momento e quem já tem o hábito de fazer meditação ou respiração guiada pode lançar mão desses recursos antes e durante a prova. 

Para o momento da prova, a principal orientação da professora Adriana é beber água.  “Estudante hidratado consegue pensar melhor”. Ela também aconselha o aluno a levar algum alimento que seja fonte de caloria e também de prazer, como um chocolate por exemplo. 

Caso o estudante perceba que o nervosismo está atrapalhando, é indicado beber água e dar uma pausa para respirar. “Oxigene seu cérebro, isso não é perda de tempo, é ganho, pois se entrar em uma crise de ansiedade, não vai conseguir resolver as questões”, afirma Adriana. 

Dicas para driblar a ansiedade 

Antes da prova

  • Manter alimentação leve, evitando comidas diferentes do habitual
  • Fazer atividades físicas leves
  • Assistir a um filme, ler um livro, fazer uma caminhada
  • Conversar com a família e amigos
  • Não fazer estudos intensos
  • Se sentir necessidade, revisar anotações e mapas mentais

Na hora da prova

  • Beber água
  • Levar um lanche leve e saboroso
  • Se ficar nervoso ou ansioso, fazer uma pausa para ir ao banheiro
  • Fazer respiração consciente

* Edição Graça Adjuto/Agência Brasil

Síndrome de Burnout; Confira o que é e como surge

A saúde mental tem se tornado um tópico cada vez mais importante, principalmente em um cenário de trabalho que demanda um desempenho máximo. O Setembro Amarelo surgiu como um lembrete crucial para cuidarmos da saúde mental dos trabalhadores. Uma pesquisa conduzida pela USP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) em 2021 revela que um em cada quatro brasileiros enfrenta a Síndrome de Burnout, uma condição relacionada ao esgotamento profissional. Esse dado alarmante coloca o Brasil como o segundo país mais afetado por essa síndrome, ficando atrás apenas do Japão, de acordo com o relatório da International Stress Management Association (Isma-BR).

O Burnout, como explica Sideli Biazzi, professora do curso de Psicologia do UNASP, surge a partir do estresse, uma reação do corpo a situações que podem provocar irritação, medo, excitação, confusão ou até felicidade intensa. Os agentes estressores, que desencadeiam essa reação, podem ser fatores externos ou internos, levando a níveis variados de estresse, com o Burnout representando uma das reações crônicas ou extremas.

Caracterizada por sentimentos de exaustão emocional, desapego ao trabalho e falta de realização pessoal, a Síndrome de Burnout pode resultar em sintomas físicos, como dores corporais. É uma condição que afeta tanto o desempenho no trabalho quanto a vida pessoal, aumentando a vulnerabilidade à depressão e até ao suicídio.

Os principais métodos de prevenção incluem autocuidado, reestruturação cognitiva e a criação de ambientes de trabalho saudáveis. É fundamental prestar atenção ao próprio corpo e buscar ajuda especializada se necessário, lembrando que a saúde deve ser prioridade, pois o excesso de trabalho pode ser prejudicial.

Saúde mental vai além de sintomas e medicamentos; Veja a complexidade do assunto

O Instituto Datafolha divulgou recentemente um estudo que lança luz sobre a percepção dos brasileiros sobre sua saúde mental e bem-estar psicológico. Os resultados revelam uma realidade complexa, com cerca de 70% dos entrevistados relatando ter uma saúde mental boa ou ótima, ao mesmo tempo em que mencionam preocupações relacionadas à ansiedade e dificuldades para dormir e comer. Essa pesquisa, no entanto, destaca a dificuldade de se criar parâmetros rígidos nesse campo, uma vez que a saúde mental não pode ser simplesmente medida por sintomas.

Ao contrário da medicina tradicional, que se baseia em manuais padronizados de sintomas e diagnósticos, a saúde mental é um território mais amplo e subjetivo. Como ressalta Thiago Marques Leão, pesquisador do Departamento de Política, Gestão e Saúde da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, uma boa saúde psicológica não significa a ausência completa de sintomas, e a presença de sintomas não indica necessariamente uma condição insatisfatória.

No entanto, a pesquisa aponta que a visão predominante na sociedade brasileira ainda tende a medicalizar a saúde mental, buscando soluções imediatas para o mal-estar por meio de medicamentos. O excesso de diagnósticos e medicalização pode, de certa forma, simplificar a complexidade das experiências individuais e limitar as possibilidades de tratamento, muitas vezes ignorando as raízes sociais dos problemas de saúde mental.

A ressignificação da saúde mental, como destaca Thiago Leão, envolve uma compreensão mais profunda das interações entre experiências individuais e fatores sociais, como expectativas sociais em relação a gênero, maternidade, trabalho e felicidade. Muitas vezes, as pressões sociais e os preconceitos não correspondidos podem impactar negativamente o bem-estar mental das pessoas. Portanto, reconhecer o impacto direto e indireto das complexidades sociais nas relações interpessoais é essencial para entender a saúde mental de forma mais completa.

Além disso, o sofrimento psicológico deve ser visto de maneira mais ampla, não apenas como algo negativo, mas também como um componente intrínseco à experiência humana. O desconforto e o mal-estar podem ser importantes para a reflexão e o crescimento pessoal, e buscar soluções exclusivamente baseadas em medicamentos pode, em alguns casos, prejudicar esse processo de ressignificação das experiências individuais.

No cenário brasileiro, fatores como desigualdade social, racial e de gênero desempenham um papel crucial na saúde mental da população. Grupos sociais mais vulneráveis frequentemente internalizam ideais sociais prejudiciais, o que pode levar a problemas de saúde mental. Por exemplo, mulheres brasileiras enfrentam demandas inconciliáveis relacionadas à casa e ao trabalho, muitas vezes sendo desvalorizadas e sentindo-se inadequadas em ambos os espaços. Esse cenário é agravado quando há condições sociais precárias, dificultando ainda mais o acesso ao sistema público de saúde.

Portanto, a saúde mental é um campo complexo e multifacetado, que vai além de sintomas e medicamentos. A compreensão integral desse tema requer uma abordagem mais ampla, considerando não apenas os aspectos individuais, mas também os fatores sociais que moldam nossas experiências psicológicas e emocionais.

Informações: Jornal da USP

45% das mulheres mostram algum tipo de transtorno mental, indica pesquisa

O relatório “Esgotadas: empobrecimento, sobrecarga de cuidado e sofrimento psíquico das mulheres”, produzido pela ONG Think Olga, aponta que 45% das mulheres no Brasil foram diagnosticadas com ansiedade, depressão ou outros transtornos mentais após a pandemia de covid-19. A ansiedade afeta seis em cada dez mulheres. A pesquisa envolveu 1.078 mulheres, entre 18 e 65 anos, em todos os estados do país, durante maio de 2023. A margem de erro é de 3 pontos percentuais e o intervalo de confiança é de 95%.

Maíra Liguori, da Think Olga, afirmou que o relatório não surpreende pois reflete problemas já conhecidos, com as mulheres sobrecarregadas e cansadas. A maioria relata pouco acesso a cuidados específicos para os transtornos mentais e recorre a atividades físicas e religião para lidar com isso. Problemas financeiros e a dupla jornada são pressões significativas.

A pesquisa aborda o sofrimento feminino, desde sobrecarga de trabalho e insegurança financeira até cansaço mental e físico resultante da economia do cuidado, que inclui tarefas domésticas e de sustento da vida.

Finanças e equilíbrio entre vida e trabalho recebem baixas notas de satisfação. A vida financeira teve 1.4 e o equilíbrio entre áreas da vida teve 2.2. Ainda de acordo com a pesquisa, 48% das entrevistadas enfrentam apertos financeiros e 32% estão insatisfeitas com sua remuneração. Entre as classes D e E, 59% estão insatisfeitas com a situação financeira, e entre as pretas e pardas, essa insatisfação atinge 54%.

Em 38% dos lares, as mulheres são as principais provedoras, muitas vezes negras, da classe D e E, e acima de 55 anos. Apenas 11% das entrevistadas não contribuem financeiramente para suas famílias.

Em 2022, mulheres gastaram 21,4 horas semanais em tarefas domésticas e de cuidado, comparado com 11 horas dos homens. O relatório mostra que sobrecarga doméstica e excesso de trabalho foram a segunda maior causa de insatisfação, após preocupações financeiras.

A sobrecarga de cuidado é particularmente sentida pelas mulheres de 36 a 55 anos (57% cuidam de alguém) e pretas/pardas (50% cuidam de alguém).

86% das mulheres sentem uma carga pesada de responsabilidades, sendo maior entre mães solos e cuidadoras. A sobrecarga também é agravada por restrições financeiras, impactando a saúde mental.

26% das entrevistadas jovens afirmaram que os padrões de beleza prejudicam a saúde mental e 16% citaram medo de violência.

91% destacaram a importância da saúde emocional e 76% buscam prestar mais atenção à saúde mental, especialmente após a pandemia. Apenas 11% não cuidam da saúde emocional.

Nana Lima, co-diretora da Think Olga, enfatizou a necessidade de entender o impacto do cuidado e combater o tabu de discussões sobre saúde mental. Ações privadas, civis e públicas são cruciais para o futuro das mulheres.

Edição: Valéria Aguiar/Agência Brasil