Brasil e China fortalecem parceria estratégica na saúde para a construção do primeiro hospital inteligente do país

Projeto prevê modernização do SUS, desenvolvimento conjunto de vacinas e produção nacional de medicamentos a partir de 2025

O Governo Federal deu mais um passo para fortalecer a cooperação estratégica com a China nas áreas de saúde e tecnologia. Em reunião realizada na última quarta-feira (16), o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, recebeu o embaixador chinês Zhu Qingqiao para discutir ações conjuntas voltadas à inovação no Sistema Único de Saúde (SUS). Um dos principais projetos debatidos foi a construção do primeiro hospital digital do Brasil, que será instalado em São Paulo e contará com mais de 800 leitos.

A proposta é transformar a infraestrutura da saúde pública com o uso de inteligência artificial e soluções digitais. O hospital será financiado com apoio do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), o banco dos BRICS, e funcionará como modelo de gestão hospitalar moderna e eficiente. Além disso, Padilha destacou que a digitalização do SUS deve gerar impactos sociais amplos, como o combate à fome e à pobreza.

A parceria sino-brasileira também prevê a produção nacional de 20 milhões de frascos de insulina Glargina até 2025, em colaboração com empresas como Biomanguinhos (Fiocruz), Biomm e Gan&Lee. A insulina será destinada a pacientes com diabetes tipo 2, que representam a maioria dos casos da doença no Brasil. Segundo o ministro, essa produção interna reforça a soberania do país no acesso a medicamentos essenciais.

Outro destaque do encontro foi a cooperação para o desenvolvimento de vacinas, incluindo uma nova vacina contra a dengue, produzida pelo Instituto Butantã em parceria com a empresa chinesa Uchi Biologics. A ampliação da escala de produção deve acelerar o fornecimento do imunizante para a população brasileira.

Ao final da reunião, o embaixador Zhu Qingqiao destacou que a relação entre Brasil e China está sendo consolidada como uma base estratégica para os próximos 50 anos, com foco em desenvolvimento sustentável, inovação e justiça social. Para o ministro Padilha, “essa aliança é fundamental para garantir um futuro mais justo, sustentável e com saúde de qualidade para todos”.

Nova pílula para perda de peso com GLP-1 da Eli Lilly avança em testes clínicos

Versão oral pode ser alternativa às injeções como Ozempic e Wegovy

A farmacêutica Eli Lilly anunciou um avanço significativo no desenvolvimento da primeira pílula com ação semelhante ao GLP-1, substância usada em medicamentos como Ozempic e Wegovy, famosos pelo auxílio na perda de peso e controle do diabetes tipo 2. Segundo a empresa, o novo comprimido experimental atingiu os objetivos de um estudo crucial, demonstrando eficácia na redução dos níveis de açúcar no sangue e na perda de peso entre os participantes.

A grande expectativa agora gira em torno da conveniência que essa nova formulação pode oferecer. Atualmente, os medicamentos com GLP-1 disponíveis no mercado são todos injetáveis, o que representa um obstáculo para muitos pacientes. A versão em comprimido, chamada orforglipron, promete ser uma alternativa mais acessível e prática, tanto para os usuários quanto para os sistemas de saúde que enfrentam desafios logísticos com o armazenamento refrigerado dos injetáveis.

Jeffrey Emmick, vice-presidente sênior de desenvolvimento de produtos da Lilly, destacou que a possibilidade de um medicamento oral amplia o alcance do tratamento. “Isso realmente nos dá a oportunidade de alcançar muito mais pacientes do que se consegue com um injetável”, afirmou. Ele também ressaltou que muitos pacientes demonstram resistência ao uso de medicamentos aplicáveis por injeção, o que limita a adesão ao tratamento.

A fabricação da nova pílula também deve ser mais escalável. Segundo a empresa, a produção de comprimidos de pequenas moléculas é mais simples e ampla do que a de medicamentos injetáveis. A Lilly enfrentou problemas de escassez após o lançamento de seu GLP-1 injetável, e a nova formulação oral pode ajudar a suprir uma demanda crescente por tratamentos para obesidade e diabetes.

Os testes com o orforglipron ainda estão em andamento, e os resultados divulgados são apenas os primeiros de uma série de estudos clínicos. A expectativa da Eli Lilly é que o medicamento possa ser aprovado e lançado nos próximos anos, oferecendo uma nova opção de tratamento diário para pacientes com diabetes tipo 2 e também para quem busca emagrecimento com suporte médico.

Vacina contra Chikungunya desenvolvida pelo Butantan é aprovada pela Anvisa

Imunizante é o primeiro do país contra a doença e poderá ser aplicado em adultos a partir dos 18 anos

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou nesta segunda-feira (14) o registro definitivo da vacina contra a chikungunya desenvolvida pelo Instituto Butantan, em São Paulo, em parceria com a farmacêutica franco-austríaca Valneva. A autorização foi publicada no Diário Oficial da União e marca um avanço significativo no combate à doença, que é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti — o mesmo vetor da dengue e do zika vírus. Com isso, a vacina poderá ser aplicada em adultos com 18 anos ou mais em todo o Brasil.

Essa é a primeira vacina autorizada no país para prevenção da chikungunya, doença viral que já afetou mais de 620 mil pessoas no mundo apenas em 2024, com Brasil, Paraguai, Argentina e Bolívia entre os países mais impactados. Os sintomas podem variar de quadros leves a dores articulares intensas e crônicas, que podem durar anos e impactar diretamente a qualidade de vida dos pacientes. Em casos mais graves, a infecção pode até levar à morte.

A eficácia do imunizante foi comprovada em um estudo clínico de fase 3, publicado na revista The Lancet Infectious Diseases, com adolescentes brasileiros. Após uma única dose, 100% dos voluntários que já tinham tido contato com o vírus apresentaram anticorpos neutralizantes, e entre aqueles sem infecção prévia, a taxa foi de 98,8%. Após seis meses, a proteção permaneceu em 99,1% dos participantes. Os efeitos colaterais relatados foram, em sua maioria, leves ou moderados, como dor no corpo, febre, dor de cabeça e fadiga.

Apesar da aprovação pela Anvisa, a distribuição em larga escala ainda depende de novos passos. O Instituto Butantan está desenvolvendo uma versão da vacina com componentes nacionais, mais adequada à realidade do Sistema Único de Saúde (SUS). A inclusão do imunizante no Programa Nacional de Imunizações (PNI) ainda será avaliada pela Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS). A expectativa, segundo o diretor do Butantan, Esper Kallás, é de que a vacinação comece pelas regiões endêmicas do país.

A chikungunya é causada por um vírus transmitido principalmente pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus. Os sintomas mais comuns são febre alta, dores intensas nas articulações, dores musculares, manchas vermelhas e dor de cabeça. Embora nem todos os infectados apresentem sintomas, os impactos mais duradouros da doença — como dores crônicas nas articulações — tornam o avanço na prevenção uma conquista importante para a saúde pública.

Personalidade e insônia: Estudo da USP revela conexões importantes

Pesquisa investiga como traços de personalidade influenciam o desenvolvimento da insônia

Um estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP) revelou que os traços de personalidade podem ter uma relação direta com o desenvolvimento e a perpetuação da insônia. A pesquisa, publicada no Journal of Sleep Research, indicou que pessoas com altos índices de neuroticismo — caracterizadas por uma instabilidade emocional — apresentam maior prevalência de distúrbios de sono. Por outro lado, indivíduos com alta abertura à experiência, uma característica associada à curiosidade e à criatividade, tendem a ter menos dificuldades para dormir.

A pesquisa foi conduzida pela psicóloga do sono Bárbara Araújo Conway, mestranda do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, com orientação da professora Renatha El Rafihi-Ferreira. O estudo, apoiado pela FAPESP, teve como foco investigar como os traços de personalidade podem influenciar a insônia, um transtorno que afeta cerca de 30% da população mundial e tem impacto significativo na saúde física e mental das pessoas.

Insônia no Brasil e a Relação com a Personalidade

No Brasil, especialmente em São Paulo, a prevalência da insônia é ainda mais alarmante, afetando cerca de 45% dos paulistanos, de acordo com o Estudo Epidemiológico do Sono (Episonoi). A insônia pode causar uma série de complicações de saúde, incluindo hipertensão, diabetes, ansiedade e depressão, o que prejudica gravemente a qualidade de vida. Por isso, entender os fatores que contribuem para o transtorno é essencial para tratar e prevenir esse problema.

Para examinar melhor essa relação, os pesquisadores usaram a teoria dos “3 Ps” da insônia — predisposição, precipitação e perpetuação — e analisaram o impacto do neuroticismo como um fator predisponente ao transtorno. A pesquisa investigou ainda como a ansiedade e a depressão poderiam atuar como mediadores entre o neuroticismo e a insônia, ajudando a explicar como traços de personalidade específicos podem influenciar a qualidade do sono.

Traços de Personalidade e Seus Efeitos no Sono

O estudo se baseou na teoria dos “Big Five” (Cinco Grandes) da psicologia, que define cinco traços fundamentais de personalidade: extroversão, neuroticismo, amabilidade, abertura à experiência e conscienciosidade. Cada um desses traços foi avaliado para entender sua relação com a insônia. De acordo com a pesquisa, indivíduos com alto neuroticismo — mais propensos a focar em aspectos negativos da vida e com maior instabilidade emocional — apresentaram índices mais altos de insônia. Já aqueles com maior abertura à experiência e maior amabilidade apresentaram menores níveis de insônia.

Curiosamente, a extroversão não mostrou diferença significativa entre os grupos de pessoas com e sem insônia, sugerindo que a tendência a ser mais sociável ou introvertido não tem um impacto tão claro sobre o sono quanto outros traços de personalidade, como o neuroticismo.

Metodologia e Resultados da Pesquisa

A pesquisa envolveu 595 participantes, com idades entre 18 e 59 anos, divididos em dois grupos: um grupo de pacientes com insônia diagnosticada e outro grupo-controle, composto por indivíduos sem queixas de sono. Para medir os níveis dos cinco traços de personalidade, foi utilizado um questionário específico da psicologia, que ajudou a identificar os índices de neuroticismo, amabilidade, abertura, conscienciosidade e extroversão.

Os resultados mostraram que os pacientes com insônia apresentaram níveis significativamente mais altos de neuroticismo e mais baixos de amabilidade, abertura e conscienciosidade, em comparação aos participantes sem insônia. Esses achados indicam uma forte associação entre o neuroticismo e a insônia, sugerindo que a instabilidade emocional pode contribuir para o desenvolvimento do transtorno do sono.

Ansiedade Como Fator Mediatizador

Em uma análise mais aprofundada, os pesquisadores descobriram que a ansiedade desempenha um papel mediador entre o neuroticismo e a insônia. Ou seja, a ansiedade parece ser um dos principais mecanismos que faz com que indivíduos com altos níveis de neuroticismo desenvolvam problemas relacionados ao sono. Este achado pode abrir portas para novas abordagens terapêuticas, que tratem tanto a ansiedade quanto os traços de personalidade como fatores que influenciam a insônia.

O estudo destaca a importância de considerar os traços de personalidade ao abordar o tratamento de distúrbios do sono. Isso pode levar a uma compreensão mais profunda sobre como os fatores psicológicos afetam o sono e, consequentemente, a saúde mental e física dos indivíduos.

Ribeirão Preto confirma primeira morte infantil por dengue em 2025

Cidade acumula seis mortes pela doença, e outros dois óbitos estão sendo investigados

A Secretaria Municipal de Saúde de Ribeirão Preto confirmou, nesta semana, a primeira morte infantil por dengue em 2025. A vítima é um menino com idades entre cinco e nove anos, que faleceu devido a complicações da doença. De acordo com o Painel das Arboviroses, a cidade já acumula seis óbitos causados pela dengue neste ano, com outros dois casos sob investigação para confirmação da causa.

Os dados mais recentes mostram que Ribeirão Preto registrou 10.037 casos confirmados de dengue. Durante o período de monitoramento, mais de 21 mil exames foram realizados, dos quais 4.365 foram descartados, evidenciando a importância do acompanhamento contínuo e da análise rápida das suspeitas.

Vacinação

Desde fevereiro, o Ministério da Saúde recomendou a ampliação da vacinação contra a dengue para incluir um público maior, além de crianças e adolescentes. As doses, com validade de dois meses, agora podem ser aplicadas em pessoas de 6 a 16 anos. No entanto, em Ribeirão Preto, devido à falta de doses com validade próxima, a vacinação continua restrita a crianças e adolescentes com idades entre 10 e 14 anos.

A ampliação da vacinação visa combater o aumento de casos da doença e proteger a população, especialmente em um período de intensa circulação do vírus. A Secretaria Municipal de Saúde reforça a necessidade de cuidados preventivos, como a eliminação de focos do mosquito transmissor, o Aedes aegypti, e a adoção de medidas de prevenção pessoal.

Prefeitura de Ribeirão Preto inicia vacinação contra a gripe; veja quem pode ser vacinado

Imunização começa nesta quarta-feira (2) com 14 mil doses disponíveis nas 39 salas de vacina da cidade

A Prefeitura de Ribeirão Preto inicia nesta quarta-feira (2) a vacinação contra a gripe, destinada às pessoas que fazem parte do grupo prioritário. A imunização estará disponível em todas as 39 salas de vacina do município. O primeiro lote de 14 mil doses já foi recebido, e novos lotes estão previstos para chegar ao município ao longo deste mês e em maio.

Grupo Prioritário para a Vacinação:

  • Crianças de 6 meses a menores de 6 anos
  • Gestantes e puérperas (mulheres que deram à luz recentemente)
  • Idosos com 60 anos ou mais
  • Pessoas com doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais (independentemente da idade)
  • Profissionais de saúde
  • Profissionais das Forças Armadas
  • Trabalhadores do transporte rodoviário coletivo (urbano e de longo curso)
  • Caminhoneiros
  • Professores do ensino básico e superior
  • Povos indígenas
  • Pessoas com deficiência permanente
  • Trabalhadores portuários
  • Funcionários do sistema de privação de liberdade
  • Pessoas em situação de rua e população privada de liberdade, além de adolescentes e jovens sob medidas socioeducativas (entre 12 e 21 anos)
  • Profissionais das forças de segurança e de salvamento

Como Receber a Vacina:

Para receber a vacina, os moradores de Ribeirão Preto devem comparecer a uma das unidades de saúde levando um documento pessoal. Caso possuam a carteira de vacinação, é recomendado apresentá-la para o registro da dose.

Com a chegada de novos lotes de vacinas previstos para este mês e maio, a Prefeitura reforça a importância da imunização, especialmente para os grupos mais vulneráveis à gripe.

Sobe para cinco o número de mortes por dengue em Ribeirão Preto

Cidade tem 8.400 casos confirmados da doença, com a zona Leste sendo a mais afetada; dois óbitos ainda estão sob investigação

A Prefeitura de Ribeirão Preto confirmou na terça-feira (25) mais duas mortes devido à dengue no município, elevando o total de vítimas fatais para cinco em 2025. Segundo a Secretaria de Saúde, as novas vítimas são mulheres, uma com idade entre 20 e 39 anos e a outra com mais de 60 anos.

O Painel das Arboviroses da cidade revela que até o momento foram registrados 8.400 casos confirmados da doença, com mais de 19 mil exames realizados. Durante o monitoramento, 3.568 testes foram descartados. Além disso, dois óbitos ainda estão sob investigação.

A zona Leste segue sendo a área mais afetada pela epidemia, com 2.580 casos confirmados. A região Sul vem em seguida, com 1.861 registros positivos, enquanto a zona Oeste contabilizou 1.781 casos. O Centro e a zona Norte apresentaram, respectivamente, 1.139 e 967 diagnósticos de dengue.

Ribeirão Preto recebe a “Cãominhada” 2025 no domingo (30), veja como participar;

Evento marca a reabertura do parque Olhos d’Água e oferece diversão para pets e tutores, para participar basta 1 kg de ração

No próximo domingo (30), Ribeirão Preto será palco da Cãominhada 2025, evento que celebra a reabertura do Parque Olhos d’Água, fechado nos últimos quatro anos. A iniciativa faz parte do projeto Ruas de Lazer e promete reunir amantes de animais e dos esportes para uma caminhada divertida com seus pets.

A concentração será realizada às 8h em frente ao portão principal do parque, com a caminhada começando pontualmente às 8h30. O trajeto vai seguir pela Avenida Deputado Sérgio Cardoso de Almeida até a rotatória com a Alameda Olhos d’Água. Durante o percurso, haverá pontos de hidratação para os cães e seus tutores, garantindo que todos fiquem bem hidratados.

Para participar do evento, os interessados precisam realizar uma doação de 1 kg de ração e retirar o kit do evento na loja Cobasi, localizada na Avenida Presidente Vargas, 2665. A retirada dos kits ocorrerá no dia 29 de março, entre 14h e 20h, com a disponibilidade de 300 kits para os primeiros participantes.

A Cãominhada 2025 é uma oportunidade para os moradores de Ribeirão Preto se reunirem ao ar livre, com seus cães, para comemorar a reabertura de um dos parques mais queridos da cidade e ainda contribuir com uma boa causa.

Farmacêuticos agora podem prescrever medicamentos; veja como vai funcionar;

O Conselho Federal de Farmácia (CFF) anunciou na segunda-feira (17) a publicação de uma resolução que permite aos farmacêuticos prescrever medicamentos, incluindo os que necessitam de receita médica

O Conselho Federal de Farmácia (CFF) publicou, na última segunda-feira (17), uma resolução que autoriza os farmacêuticos a prescreverem medicamentos, incluindo aqueles que exigem receita médica. Essa nova norma, que entra em vigor no mês que vem, representa um marco importante na regulamentação da atuação desses profissionais, permitindo que eles possam emitir receitas de medicamentos com base em protocolos clínicos estabelecidos.

Até o momento, os farmacêuticos podiam apenas indicar medicamentos isentos de prescrição (MIPs), que são usados para tratar condições autolimitadas como resfriados ou alergias leves. Além disso, em alguns contextos, como programas de profilaxia ao HIV, também podiam prescrever remédios com receita, caso estivessem alinhados a diretrizes ou normas técnicas. A nova resolução expande esse escopo, permitindo que prescrevam medicamentos sujeitos a receita, desde que cumpram os requisitos necessários.

No entanto, a medida não autoriza todos os farmacêuticos a prescreverem qualquer medicamento. Apenas aqueles com Registro de Qualificação de Especialista (RQE) em Farmácia Clínica poderão prescrever medicamentos que necessitam de receita médica. O RQE, uma certificação que será concedida a profissionais qualificados, garante que somente farmacêuticos com formação específica poderão atuar nesse novo campo. A ideia do CFF é aumentar a segurança para pacientes e profissionais, organizando e regulamentando a prática da prescrição farmacêutica.

Em resposta às críticas de entidades médicas, o CFF argumenta que a prescrição de medicamentos não é uma competência exclusiva dos médicos, desde que realizada dentro de protocolos clínicos definidos e com respaldo científico. A resolução também afirma que sua implementação visa não só regulamentar a prática, mas também dar maior segurança ao paciente e melhorar o atendimento nas instituições de saúde. Os pacientes poderão verificar se o farmacêutico está habilitado a prescrever medicamentos no site do CFF.

As entidades médicas, como o Conselho Federal de Medicina (CFM), criticam a medida, considerando-a ilegal e perigosa para a saúde pública. O CFM defende que a prescrição exige competências que são exclusivas dos médicos, como o diagnóstico e a definição do tratamento, o que não seria de responsabilidade dos farmacêuticos. A Associação Paulista de Medicina também se posiciona contra a resolução, alegando que a prescrição feita por farmacêuticos poderia comprometer a segurança e a eficácia dos tratamentos.

O CFF, por outro lado, sustenta que a prescrição farmacêutica é amparada pela Lei Federal nº 13.021 de 2014, que define o papel do farmacêutico na gestão do tratamento de pacientes, incluindo a análise do perfil farmacoterapêutico. Isso envolveria, por exemplo, verificar interações entre medicamentos e garantir que o paciente receba o tratamento adequado, embora sem o poder de alterar a medicação.

O tema, que já gerou embates jurídicos no passado, pode continuar a ser discutido nos tribunais. O CFM já sinalizou que tomará as medidas legais necessárias para contestar a nova resolução. Em 2022, uma tentativa anterior de permitir a prescrição por farmacêuticos foi barrada pela Justiça, o que sugere que a questão ainda pode ser objeto de novos processos judiciais.

Com a implementação dessa nova resolução, o CFF espera que a prescrição farmacêutica se torne mais organizada e eficiente, colaborando com a segurança e o bem-estar dos pacientes. No entanto, a controvérsia entre médicos e farmacêuticos sobre os limites da atuação de cada profissão provavelmente continuará a gerar debates intensos.

Tecnologia vem fazendo geração Z perder habilidades que os humanos tem a mais de 5 mil anos

Pesquisas apontam que o aumento do uso de dispositivos digitais e mídias sociais está afetando a caligrafia e a capacidade de escrever de forma estruturada

O impacto da tecnologia sobre a escrita da Geração Z está gerando discussões entre educadores e especialistas. Nascidos na era digital, muitos jovens enfrentam dificuldades em tarefas simples, como escrever à mão e manter uma caligrafia legível. O uso constante de teclados e telas, desde a infância, tem sido apontado como um dos principais fatores que contribuem para essa mudança no modo de escrever.

Um estudo realizado pela Universidade de Stavanger, na Noruega, revelou que, após apenas um ano sem escrever manualmente, a fluência caligráfica dos estudantes é significativamente prejudicada. Aproximadamente 40% dos jovens pesquisados relataram dificuldades para escrever de forma legível e mencionaram sentir fadiga ao usar papel e caneta. Isso sugere que a prática da escrita manual está se tornando cada vez mais rara, o que afeta diretamente a qualidade da caligrafia.

A professora turca Nedret Kiliceri, especialista em linguagens, explica que a falta de treinamento e a interação precoce com telas são fatores que têm afetado negativamente a caligrafia dos alunos. Segundo ela, é comum que os estudantes escrevam de maneira ilegível, com letras que sobem ou descem na página. Além disso, o uso de dispositivos digitais desde a infância prejudica a capacidade de manter uma caligrafia mais consistente, mesmo durante os anos escolares.

Outro reflexo da predominância das redes sociais no cotidiano dos jovens é a dificuldade em construir textos mais complexos. A tendência de se comunicar com frases curtas e fragmentadas, característica das interações digitais, tem afetado a capacidade dos estudantes de estruturar argumentos e elaborar parágrafos coesos. Muitos acreditam que frases desconexas podem formar um parágrafo, sem perceber a necessidade de interligar as ideias de forma lógica.

Além disso, muitos alunos têm abandonado as ferramentas tradicionais, como cadernos e canetas, substituindo-os por teclados. Isso reflete um fenômeno maior de como a tecnologia está transformando a forma como os jovens escrevem e se comunicam. A ausência desses materiais nas escolas tem gerado preocupações sobre o impacto na alfabetização e nas habilidades de escrita mais aprofundadas.

Para o filósofo Robson Ribeiro, a realidade atual é um paradoxo. Desde o surgimento da escrita cuneiforme há mais de 5.000 anos, a escrita evoluiu como uma forma essencial de preservar o conhecimento e promover a expressão criativa. No entanto, ele alerta que, apesar das tecnologias ampliarem as possibilidades de comunicação, elas também criam uma cultura de relações rápidas e superficiais. Ribeiro sugere que uma abordagem híbrida, que combine o uso de tecnologias digitais com a prática da escrita manual, seria fundamental para equilibrar eficiência e profundidade na comunicação.