O Centro de Pesquisas do Varejo (CPV), em parceria com SINCOVARP (Sindicato do Comércio Varejista) e CDL RP (Câmara de Dirigentes Lojistas), realizou um estudo para avaliar os impactos das obras de mobilidade urbana na Avenida Nove de Julho, em Ribeirão Preto. As intervenções, que incluem revitalização, restauração e a implantação de um corredor de ônibus, começaram em junho de 2023 como parte do Programa Ribeirão Mobilidade.
Desde então, o comércio na Av. Nove de Julho enfrentou uma queda significativa nas vendas, com uma média de redução de 60%. Além disso, o movimento de clientes nos estabelecimentos também diminuiu em média 59%, impactando diretamente a atividade econômica local. Empresários de diversos segmentos confirmaram que suas operações foram severamente afetadas pela redução do fluxo de consumidores.
Em termos de emprego, a pesquisa revelou que houve uma redução média de 25% nos quadros de funcionários das empresas situadas na região. A maioria dos estabelecimentos afetados são microempresas (57%), seguidos por microempreendedores individuais (28%) e empresas de pequeno porte (15%), refletindo o peso das dificuldades econômicas causadas pelas obras.
Os empresários expressaram preocupações adicionais sobre o futuro da Av. Nove de Julho, incluindo incertezas financeiras devido à prolongada duração das obras e o receio da proibição do estacionamento na avenida, o que poderia ainda mais reduzir o fluxo de clientes. Além disso, questões de segurança e o impacto potencial das obras nas vendas durante períodos sazonais, como o Natal, foram citados como preocupações cruciais.
Inicialmente previstas para serem concluídas em junho de 2023, as obras enfrentaram atrasos significativos, o que exacerbou os desafios enfrentados pelos comerciantes locais. Após a rescisão do contrato com a construtora original, as obras foram retomadas em abril de 2024 com uma nova empresa, que promete acelerar o ritmo de execução para minimizar os impactos prolongados no comércio local.
Diego Galli Alberto, coordenador do CPV, enfatizou que, apesar das dificuldades enfrentadas, os comerciantes mantêm uma esperança cautelosa de que a Av. Nove de Julho possa se recuperar e prosperar novamente após a conclusão das obras. A comunidade empresarial local continua a buscar soluções para equilibrar os interesses envolvidos e mitigar os impactos negativos durante esse período desafiador.
“Os impactos negativos até aqui já ocorreram e não é possível mudar o que passou. Mas é possível olhar para frente e tentar minimizar, ao máximo, os futuros impactos. A pesquisa capturou grande indignação, por parte dos empreendedores, quanto aos prejuízos que sofreram, e ainda sofrem, e em relação a como as obras foram conduzidas”, explica.