O câncer de próstata é o segundo tipo mais comum entre os homens no Brasil, com mais de 70 mil novos casos previstos para 2025, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Um estudo da revista The Lancet prevê que os diagnósticos globais dobrem até 2040, impulsionados pelo aumento da expectativa de vida.
O principal fator de risco para o câncer de próstata é a idade, com a maioria dos casos ocorrendo em homens acima dos 50 anos. No entanto, pesquisa da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) revelou que menos de 40% dos brasileiros com mais de 50 anos realizam exames preventivos, como o toque retal, essencial para a detecção precoce.
Com o objetivo de conscientizar a população sobre a importância da prevenção e detecção precoce, o Dr. Rodolfo Bandeira, urologista do CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”, respondeu a algumas das principais dúvidas relacionadas ao tema.
Quais sintomas costumam ser comuns?
Na fase inicial, o câncer de próstata pode ser assintomático, ou seja, não apresentar sintomas visíveis. No entanto, quando os sinais começam a aparecer, os mais comuns incluem dificuldade para urinar, demora para iniciar e terminar a micção, presença de sangue na urina, diminuição do jato urinário e uma necessidade maior de urinar ao longo do dia. É importante ficar atento a esses sinais!
Quais são os impactos na qualidade de vida?
O câncer de próstata e seu tratamento podem ter consequências graves na qualidade de vida do homem, afetando aspectos físicos como incontinência urinária, disfunção erétil, fadiga e sintomas urinários. Também podem surgir impactos psicológicos, incluindo ansiedade, depressão e baixa autoestima, além de interferências em relacionamentos e atividades sociais. Esses efeitos variam conforme o estágio da doença no momento da detecção, o tipo de tratamento escolhido e o suporte disponível.
Quando um homem deve começar a consultar um urologista? É necessário um acompanhamento regular, assim como as mulheres fazem com o ginecologista?
Os homens devem procurar um urologista ao longo de toda a vida, tornando-se essencial após o início da atividade sexual. Essas consultas regulares possibilitam um monitoramento abrangente da saúde, minimizando os riscos de doenças e permitindo a detecção precoce de quaisquer problemas.
Pensando especificamente no câncer de próstata, quando o homem deve começar a considerar cuidados preventivos?
Costumo dizer que quanto mais cedo esses hábitos forem adotados, maiores serão as chances de uma vida longa e saudável. O cuidado preventivo deve começar já na adolescência e continuar na fase adulta jovem, enfatizando também, principalmente nesse período, a adoção de hábitos de vida saudáveis, prática regular de exercícios físicos e alimentação balanceada, além de evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool. Após os 40 anos, além do acompanhamento com o urologista, é preciso também entender possíveis quadros como hipertensão, diabetes, doenças coronarianas e câncer, que também podem interferir na qualidade de vida.
Como é feito o diagnóstico?
A investigação do câncer de próstata envolve inicialmente dois exames fundamentais: o primeiro é o exame de toque retal, em que o médico avalia a forma e textura da próstata. A partir dele, é possível palpar as partes posterior e lateral da próstata, locais em que a maioria dos tumores desse tipo inicia.
O segundo é o exame de PSA, um teste sanguíneo que mede a quantidade de Antígeno Prostático Específico – uma proteína produzida pela próstata. Níveis elevados dessa proteína podem indicar câncer ou doenças benignas da próstata.
Outra forma para confirmar o diagnóstico de câncer de próstata é pela biópsia, em que pequenas amostras da próstata são coletadas para análise laboratorial. Ela é indicada caso haja alguma alteração bloqueada no exame de PSA ou no toque retal.
Existem fatores de risco que podem aumentar a probabilidade de desenvolvimento do câncer de próstata ao longo da vida?
Sim, vários fatores podem potencializar o aparecimento do câncer de próstata. A idade é um dos principais fatores, com a maioria dos casos ocorrendo em homens com mais de 50 anos e o risco aumentando significativamente após os 65 anos.
O histórico familiar também desempenha um papel importante. Ter um pai ou irmão diagnosticado eleva consideravelmente o risco, especialmente se o diagnóstico ocorreu antes dos 60 anos. Além disso, a etnia apresenta risco, já que os homens negros apresentam uma maior incidência e tendem a ter um comportamento mais agressivo da doença em comparação com homens de outras etnias.
Fatores genéticos, como alterações específicas em genes como BRCA1 e BRCA2, também estão associados a um risco maior de câncer de próstata. E a alimentação ainda pode ser um fator de influência, se for rica em gorduras saturadas e carnes vermelhas, combinadas com baixo consumo de frutas e vegetais, por exemplo.
Por fim, a obesidade é outro ponto que merece ser citado, pois estudos indicam que homens obesos podem ter um risco maior de desenvolver câncer de próstata.
É possível que homens jovens desenvolvam câncer de próstata?
Embora raro, o câncer de próstata pode, sim, ocorrer em homens jovens, geralmente abaixo dos 50 anos, e sua incidência tem aumentado ligeiramente nos últimos anos.
A maioria dos casos ocorre em homens mais velhos. No entanto, é importante salientar que, quando ocorre em indivíduos mais jovens, a doença tende a ser mais agressiva e pode se desenvolver de forma mais rápida.