Um estudo conduzido pela Faculdade de Medicina da USP destaca os benefícios potenciais da adesão à dieta da saúde planetária para a saúde cognitiva. Publicado na revista científica Nature Aging, o estudo revela uma associação positiva entre essa dieta e o retardamento do declínio cognitivo, especialmente entre participantes com maior renda.
Claudia Kimie Suemoto, professora da disciplina de Geriatria do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da USP e coordenadora do estudo, enfatiza que a dieta planetária não só promove a saúde individual, mas também é benéfica para o meio ambiente.
“Ela traz uma ideia muito interessante, né? A gente sabe que dieta saudável é rica em frutas, vegetais e alimentos integrais. A dieta planetária traz mais um elemento: além de ser boa para cada um de nós é boa para o planeta. Por exemplo, a carne, se consumida em excesso, faz mal para o planeta. A criação exploratória do gado leva a vários impactos ambientais. Então a dieta planetária traz alimentos que são bons para o planeta. O nosso estudo apresenta a novidade que é a evidência em relação à melhora da cognição causada por essa dieta, e por isso que esse nosso estudo é atual”, explica.
A especialista destaca que a alimentação tem um papel crucial no envelhecimento saudável, especialmente no que diz respeito à saúde cognitiva.
“A gente está tentando entender o que fazer para envelhecer sem demência, um dos fatores que cada vez mais ganham notoriedade é a dieta. Como se alimentar para envelhecer bem do ponto de vista cognitivo? Um prato de almoço da dieta planetária teria metade de verduras e legumes, principalmente verduras escuras, uma porção pequena de proteína, de preferência que não envolva cultivos em larga escala, talvez, por exemplo, um peixe e alimentos integrais como feijão, fazer com que a proteína venha de outras fontes vegetais. Então a dieta brasileira, se a gente consumir carne com moderação, é uma dieta saudável para o planeta. A gente já tinha evidência de que alguns alimentos fariam bem para o indivíduo.”
Em relação ao aspecto econômico, Claudia Suemoto destaca que a adesão à dieta está correlacionada com o nível de renda dos indivíduos.
“A gente sempre falava nas aulas para os alunos de medicina que, para prevenir doenças cognitivas, as pessoas deviam comer castanha, salmão, abusar do azeite de oliva, que são evidências que a gente tinha previamente da dieta mediterrânea fazendo bem para a cognição. No entanto, esses alimentos são todos muito caros. Como aplicar essa dieta em pacientes mais pobres? A taxa de adesão a essa dieta é basicamente só em pacientes ricos. Nesse sentido, é preciso políticas públicas que permitam esse acesso.“