A Secretaria do Estado da Saúde de São Paulo divulgou um alerta epidemiológico nesta terça-feira (29), enfatizando a importância da vacinação contra o sarampo. O aviso do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) segue a confirmação pela prefeitura de São Paulo de dois casos da doença registrados em outubro.
Os pacientes afetados são um homem de 37 anos e uma mulher de 35 anos, ambos que viajaram recentemente para o exterior. As secretarias de Saúde municipal e estadual ainda não forneceram informações sobre o estado de saúde deles.
O Brasil está próximo de recuperar o status de país livre do sarampo, após mais de dois anos sem casos locais. A detecção do vírus no estado gera preocupações sobre a possibilidade de transmissão local e disseminação. A diretora do CVE, Tatiana Lang, alerta que os viajantes devem estar atentos ao surgimento de sintomas nos 21 dias após o retorno. Caso apresentem febre e erupções cutâneas, devem evitar o contato com outras pessoas até serem avaliados por um profissional de saúde.
SOBRE A DOENÇA
O sarampo é uma infecção viral altamente contagiosa, que pode ter consequências graves e até fatais. A transmissão ocorre por meio de tosse, fala, espirros ou gotículas de saliva de uma pessoa infectada.
A vacinação é a forma mais eficaz de prevenir a infecção. Os principais sintomas incluem erupções vermelhas na pele e febre alta (acima de 38,5°C), acompanhadas de tosse seca, irritação ocular (conjuntivite) e coriza.
De acordo com o Ministério da Saúde, a vacina tríplice viral oferece proteção contra sarampo, caxumba e rubéola. O esquema vacinal consiste em duas doses para crianças de 12 meses a 29 anos e uma dose para adultos de 30 a 59 anos. A cobertura da primeira dose aumentou de 80,7% em 2022 para 87% em 2023.
A vacina é recomendada para todos entre 12 meses e 59 anos, e o alerta enfatiza que adolescentes e adultos não vacinados ou com o esquema incompleto devem iniciar ou completar a vacinação.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ordenou o recolhimento de balas da marca Dori após descobrir riscos de contaminação por salmonela. Sete produtos da marca, incluindo balas de iogurte, a bolete (ou “bala chiclete”), e balas de hortelã e morango recheadas, estão sendo recolhidos.
A suspeita de contaminação surgiu de uma fábrica localizada em Rolândia, Paraná, onde a produção ocorreu entre 21 de junho e 10 de julho de 2024. A Anvisa determinou que o recolhimento se estenderá por todo o território nacional. Em resposta, a Dori Alimentos emitiu um comunicado orientando os pontos de venda e varejistas a suspenderem imediatamente a venda dos produtos afetados.
A empresa também informou que já completou o processo de descontaminação e limpeza da unidade fabril. O recall foi anunciado como uma medida preventiva para garantir a segurança dos consumidores.
INFECÇÃO POR SALMONELA
A salmonelose, infecção causada pela bactéria Salmonella, pode resultar da ingestão de alimentos ou água contaminados. Alimentos frequentemente associados à salmonela incluem ovos crus ou mal cozidos, carnes, aves, frutos do mar e laticínios. A bactéria também pode ser transmitida pelo contato com animais, como répteis e aves, ou superfícies contaminadas.
Os sintomas típicos incluem diarreia, febre, dores abdominais, náuseas e vômitos, que surgem entre 6 horas e 6 dias após a exposição. Em casos graves, especialmente em crianças, idosos e pessoas com o sistema imunológico comprometido, a infecção pode levar a desidratação severa, septicemia e outras complicações.
Embora a maioria das pessoas se recupere sem tratamento específico, em casos graves, antibióticos e hospitalização podem ser necessários. Para prevenir a infecção, é importante seguir boas práticas de higiene alimentar, como cozinhar alimentos adequadamente, lavar as mãos regularmente e evitar o consumo de alimentos potencialmente contaminados.
Os casos de coqueluche no estado de São Paulo chegaram a 139 de janeiro ao início de junho, um aumento de 768,7% na comparação com o mesmo período do ano passado, quando houve 16 registros, de acordo com dados da Secretaria Estadual de Saúde. Causada pela bactéria Borderella, a coqueluche, pertussis ou tosse comprida, como é popularmente conhecida, é uma infecção respiratória.
A bactéria se aloja na garganta e, em crianças, pode ser fatal ao causar insuficiência respiratória. Como prevenção, existe a vacina pentavalente, oferecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) aos 2, 4 e 6 meses de vida. Mais dois reforços com a vacina DTP (difteria, tétano e pertussis), conhecida também como tríplice bacteriana infantil, são indicados aos 15 meses e aos quatro anos.
A doença tende a se alastrar mais em tempos de clima ameno ou frio, como na primavera e no inverno, quando as pessoas permanecem mais em ambientes fechados. Basta um contato com a tosse ou secreção da pessoa com a enfermidade para se infectar. Altamente transmissível, a coqueluche pode gerar, a cada infecção, 17 casos secundários. O potencial de transmissão é semelhante ao do sarampo e da varicela e muito maior do que o da covid-19, que gera em torno de três casos secundários a cada infecção.
Vacina
Segundo a Secretaria de Saúde, a vacinação é a melhor forma de prevenção e deve ser realizada nos primeiros meses de vida, aos 2, 4 e 6 meses de idade, com intervalo de 60 dias entre as doses. A imunização – conhecida como pentavalente – está disponível nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e Assistências Médicas Ambulatoriais (AMAs)/UBSs Integradas e é distribuída pelo Departamento do Programa Nacional de Imunizações (DPNI).
A recomendação da Secretaria Estadual de Saúde é que gestantes e profissionais de saúde também tomem a vacina. O DPNI ampliou de forma excepcional e temporária a vacinação dos profissionais de berçário e creches que atendem crianças de até quatro anos, com a vacina adsorvida difteria, tétano e coqueluche (dTpa).
A diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE), da Secretaria de Saúde de São Paulo (SES-SP), Tatiana Lang, explica que, apesar da eficácia em prevenir surtos da doença, a vacinação precisa de reforços periódicos.
“A imunidade não é duradoura, por isso, é importante reforçar a vacinação, que está disponível em todos os 645 municípios do estado de São Paulo”, enfatiza. Neste ano, a cobertura vacinal para o imunizante atinge 76,3% do estado.
Fases
A coqueluche começa com a fase catarral, que dura até duas semanas, marcada por febre pouco intensa, mal-estar geral, coriza e tosse seca, sendo a mais infectante quando a frequência e a intensidade dos acessos de tosse aumentam gradualmente. A segunda fase, que dura de duas a seis semanas, é a paroxística, com febre que se mantém baixa, seguida de crises de tosse súbitas, rápidas e curtas, que podem comprometer a respiração.
Na fase final, de convalescença, os sintomas anteriores diminuem em frequência e intensidade, embora a tosse possa persistir por vários meses.
Quem tiver dúvidas sobre a vacinação pode acessar o portal “Vacina 100 Dúvidas” com as 100 perguntas mais frequentes sobre vacinação nos buscadores da internet. A ferramenta esclarece questões como efeitos colaterais, eficácia das vacinas, doenças imunopreveníveis e quais os perigos ao não se imunizar. O acesso está disponível no link.
O fim da Aids é uma escolha política e financeira dos países e lideranças que estão seguindo esse caminho e estão obtendo resultados extraordinários, o que pode levar ao fim da pandemia de Aids até 2030. É o que mostra um novo relatório divulgado nesta quinta-feira (13) pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids).
O relatório – denominado O Caminho que põe fim à Aids – expõe dados e estudos de casos sobre a situação atual da doença no mundo e os caminhos para acabar com a epidemia de Aids até 2030, como parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Segundo a entidade, esse objetivo também ajudará o mundo a estar bem preparado para enfrentar futuras pandemias e a avançar no progresso em direção à conquista dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.
O Unaids lidera e inspira o mundo a alcançar sua visão compartilhada de zero novas infecções por HIV, zero discriminação e zero mortes relacionadas à Aids. O programa atua em colaboração com parceiros globais e nacionais para combater a doença.
Meta: 95-95-95
Países como Botsuana, Essuatíni, Ruanda, República Unida da Tanzânia e Zimbábue já alcançaram as metas 95-95-95. Isso significa que, nesses países, 95% das pessoas que vivem com HIV conhecem seu status sorológico; 95% das pessoas que sabem que vivem com HIV estão em tratamento antirretroviral que salva vidas; e 95% das pessoas em tratamento estão com a carga viral suprimida.
Outras 16 nações, oito das quais na África subsaariana – região que representa 65% de todas as pessoas vivendo com HIV – também estão perto de alcançar essas metas.
Brasil: 88-83-95
O Brasil, por sua vez, também está no caminho, com suas metas na casa de 88-83-95. Mas o país ainda enfrenta obstáculos, causados especialmente pelas desigualdades, que impedem que pessoas e grupos em situação de vulnerabilidade tenham pleno acesso aos recursos de prevenção e tratamento do HIV que salvam vidas.
Na visão da Oficial de Igualdades e Direitos do Unaids Brasil, Ariadne Ribeiro Ferreira, o movimento em casas legislativas municipais, estaduais e no Congresso Nacional de apresentar legislações criminalizadoras e punitivas que afetam diretamente a comunidade LGBTQIA+, especialmente pessoas trans, pode aumentar o estigma. “Este movimento soma-se às desigualdades, aumentando o estigma e discriminação de determinadas populações e pode contribuir para impedir o Brasil de alcançar as metas de acabar com a Aids até 2030”, diz ele.
Arte/EBC
Lideranças
“O fim da Aids é uma oportunidade para as lideranças de hoje deixarem um legado extraordinariamente poderoso para o futuro”, defende a diretora executiva do Unaids, Winnie Byanyima.
“Essas lideranças podem ser lembradas pelas gerações futuras como aquelas que puseram fim à pandemia mais mortal do mundo. Podem salvar milhões de vidas e proteger a saúde de todas as pessoas”, acrescenta.
O relatório destaca que as respostas ao HIV têm sucesso quando baseadas em uma forte liderança política com ações como respeitar a ciência, dados e evidências; enfrentar as desigualdades que impedem o progresso na resposta ao HIV e outras pandemias; fortalecer as comunidades e as organizações da sociedade civil em seu papel vital na resposta; e garantir financiamento suficiente e sustentável.
Investimentos
O relatório do Unaids mostra, também, que o progresso rumo ao fim da Aids tem sido mais forte nos países e regiões com maior investimento financeiro. Na África Oriental e Austral, por exemplo, as novas infecções por HIV foram reduzidas em 57% desde 2010 e o número de pessoas em tratamento antirretroviral triplicou, passando de 7,7 milhões em 2010 para 29,8 milhões em 2022.
Com o apoio e investimento no combate à Aids em crianças, 82% das mulheres grávidas e lactantes vivendo com o HIV em todo o mundo tiveram acesso ao tratamento antirretroviral em 2022, em comparação com 46% em 2010, o que levou a uma redução de 58% nas novas infecções por HIV em crianças de 2010 a 2022, o número mais baixo desde a década de 1980.
Arte/EBC
Marcos legais
Segundo o relatório, o fortalecimento do progresso na resposta ao HIV passa pela garantia de que os marcos legais e políticos não comprometam os direitos humanos, mas os protejam. Vários países revogaram leis prejudiciais em 2022 e 2023, incluindo Antígua e Barbuda, Ilhas Cook, Barbados, São Cristóvão e Nevis e Singapura que criminalizavam as relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo.
Financiamento
O financiamento para o HIV também diminuiu em 2022, tanto de fontes internacionais quanto domésticas, retornando ao mesmo nível de 2013. Os recursos totalizaram US$ 20,8 bilhões em 2022, muito aquém dos US$ 29,3 bilhões necessários até 2025, afirma o documento.
O relatório expõe, no entanto, que existe agora uma oportunidade para acabar com a Aids na medida em que a vontade política é estimulada por meio dos investimentos em resposta sustentável ao HIV.
Esses recursos devem ser focados no que mais importa, reforça o Unaids: integração dos sistemas de saúde, leis não discriminatórias, igualdade de gênero e fortalecimento das redes comunitárias de assistência e apoio.
“Os fatos e os números compartilhados neste relatório não mostram que o mundo já está no caminho certo, mas indicam claramente que podemos chegar lá. O caminho a seguir é muito claro”, observa a diretora executiva do Unaids, Winnie Byanyima.
Edição: Kleber Sampaio
Foto Arquivo Agência Brasil
Por Ludmilla Souza – Repórter da Agência Brasil – São Paulo