Viva Zagallo 92

Tudo já foi dito sobre Zagallo. Mas não custa nada repetir. Ele é o mais completo campeão mundial de futebol, recordista em participações em Copas do Mundo, um profissional de excelência, marcado por uma trajetória única no esporte.

Neste 9 de agosto Mário Jorge Lobo Zagallo completa 92 anos. Para a CBF, o dia é de festa não só para Zagallo e seus parentes e amigos, mas também para um sem-número de pessoas espalhadas pelo planeta, as que o viram brilhar como atleta, treinador ou coordenador-técnico.

“Parabéns ao Mario Jorge Lobo Zagallo pelos 92 anos de uma vida espetacular dedicada ao futebol e à Seleção Brasileira. Zagallo disputou sete Copas do Mundo, conquistando quatro títulos, um feito inédito, que mostra a sua grandiosidade. Diante de tanta história, temos sempre que reverenciá-lo. Desejamos muita saúde e alegria para o nosso ídolo nesta data”, disse o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues

Em outubro do ano passado, a CBF homenageou Zagallo com uma estátua de cera no Museu Seleção Brasileira, na sede da entidade. A obra levou cerca de dois anos para ficar pronta e envolveu 26 artesãos. Confeccionada pelo mesmo ateliê responsável pelas estátuas de Marta e Pelé, ela pesa 30 quilos. Para a produção, foram mais de 300 medições feitas ‘in loco’, na casa do Velho Lobo, e quase 500 fotos.

Ao todo, Zagallo esteve atuante em sete Copas do Mundo. Em 1958 e 1962, ele foi um dos protagonistas das campanhas do Brasil na conquista dos dois títulos. Na primeira delas, chegou a marcar um gol na decisão contra a seleção anfitriã, a Suécia, que perdeu por 5 a 2.

Em 1962, dividiu com Pelé a artilharia do jogo de estreia – vitória por 2 a 0 sobre o México, em Viña del Mar, no Chile. E seguiu titular até a final, contra a Tchecoslováquia (3 a 1).

Anos mais tarde, já em 1970, ainda jovem, comandou a Seleção à beira do campo naquela que seria a Copa mais emblemática de todos os tempos, graças ao futebol-arte exibido pelo time que reunia Pelé, Tostão, Gerson, Rivellino, Jairzinho, Piazza, Clodoaldo, Carlos Alberto Torres, Brito, Everaldo e Félix, entre outros craques.

O tricampeonato veio com uma atuação impecável da Seleção na goleada por 4 a 1 sobre a Itália, na Cidade do México.

Zagallo ganharia ali mais respeito e notoriedade, o que o levou a permanecer na Seleção para a disputa da Copa de 1974, na Alemanha. A sorte, no entanto, não ajudou a equipe na competição – não avançou da segunda fase, após ser batida pela Holanda por 2 a 0.

O Velho Lobo começou sua carreira em 1949, no America-RJ. Jogava como ponta-esquerda. Logo, transferiu-se para o Flamengo, onde ficou por quase uma década. Depois, projetou ainda mais sua carreira no Botafogo, clube que o abraçou por sete anos e no qual ele contou com a companhia de Garrincha, Didi e Nilton Santos.

Habilidoso, veloz e disciplinado taticamente, Zagallo era presença marcante na Seleção. Disputou 34 partidas pela equipe e fez cinco gols. Seu nome já era reverenciado internacionalmente quando trocou de função e passou a ser treinador.

O insucesso em 1974 apenas adiaria por algum período uma nova fase de êxito na Seleção. Enquanto isso, trabalharia como treinador no mundo árabe e em Flamengo e Vasco. Convocado por Carlos Alberto Parreira para ajudá-lo como coordenador-técnico na Copa dos EUA, em 1994, Zagallo daria mais uma volta olímpica e se tornaria o primeiro tetracampeão mundial.

A façanha de ter levantado a taça de campeão quatro vezes o levaria a mais outra Copa, a de 1998, na França. Novamente como treinador, conseguiu a proeza de avançar para mais uma final, na qual o Brasil acabaria superado pela seleção de Zidane e companhia.

Por fim, na Copa de 2006, outra vez como coordenador, ao lado de Parreira, viu a Seleção deixar a competição nas quartas de final, diante dos franceses.

Ao lado de títulos e de uma sequência vitoriosa sem igual no futebol, Zagallo também fez história por seu temperamento, frases de efeito, bordões e superstições. Após a conquista da Copa América de 1997, num desabafo que mirava parte da crítica, soltou o sonoro “vocês vão ter que me engolir”. Outra característica lúdica sua está associada ao apego pelo número 13. Tanto que até hoje gosta de formular frases que tenham 13 letras.

Daí explica-se o título deste texto-homenagem. Viva Zagallo 92 não tem necessariamente 13 letras, mas 13 caracteres. Que Zagallo possa comemorar a data por muito mais tempo.

VIA CBF

Há 65 anos, o Brasil conquistava seu primeiro título mundial

Em 29 de junho de 1958, no estádio Råsunda, em Estocolmo, o Brasil se juntava à lista de campeões mundiais, formada até então por Uruguai, Itália e França. A equipe escalada por Vicente Feola entrou em campo determinada a levar o Brasil ao topo do futebol mundial. E não se abalou quando sofreu um gol da Suécia logo aos quatro minutos de jogo, marcado por Liedholm. O Folha Seca, Didi, pegou a bola rapidamente e a levou até o centro do campo, numa demonstração de que nada pararia a Canarinho.

A Seleção não demorou a reagir e empatou com Vavá aos nove minutos. Garrincha e suas pernas tortas conduziram a bola até o fundo e cruzaram para o meio, onde estava Vavá, livre, para marcar o primeiro gol do Brasil. Aos 32 minutos, veio a virada, em lance incrivelmente idêntico. Os dois gols projetaram Vavá, o Leão da Copa, na história das Copas do Mundo: é um dos cinco jogadores a marcar pelo menos duas vezes em uma final de Mundial. 

No segundo tempo, Pelé fez um dos gols mais marcantes da história de Copas do Mundo. A Enciclopédia do Futebol, Nilton Santos, cruzou para O Rei, que dominou no peito e deu um chapéu no defensor sueco. A genialidade do camisa 10 ficou imortalizada em seu chute para o fundo das redes, o terceiro tento do Brasil, aos 55 minutos. 

Depois, o Formiguinha, Zagallo chutou por debaixo das pernas do goleiro e ampliou para o Brasil. A Suécia ainda diminuiria a diferença com Simonsson, aos 80, mas o título já estava definido. Ainda havia tempo para Pelé, de cabeça, dar números finais à partida: 5 a 2 para o Brasil.

Do outro lado do oceano, pelo rádio e pela televisão em preto e branco, os brasileiros viram o mundo ser pintado de verde e amarelo. 

“Parabenizo todos os campeões por mais um aniversário da primeira conquista da Copa do Mundo pela Seleção Brasileira. Essa data é inesquecível para todos os fãs do futebol. Hoje é um dia de festa para o futebol mundial. A CBF vai sempre reverenciar o legado desses atletas que participaram da conquista histórica na Suécia”, afirmou o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues.

Para conquistar a Copa do Mundo da Suécia, não bastava a genialidade de Garrincha e Pelé, o maior jogador de todos os tempos. Era preciso também contar com a segurança de Gilmar debaixo das traves, da liderança de Bellini na zaga, da inteligência de Nilton Santos e da força de Djalma Santos nas laterais, sem esquecer do entendimento de jogo de Zagallo e da técnica apurada de Didi, eleito o melhor jogador da Copa. A Garrincha e Pelé caberia a tarefa de comandar o ataque do Brasil, com a imprevisibilidade do camisa 7 e a excelência do camisa 10.

Na cerimônia de entrega da Jules Rimet, o capitão da Seleção, Bellini, recebeu a taça das mãos do Rei Gustavo da Suécia e eternizou o gesto de se levantar o troféu para comemorar um título. Porém, a decisão de erguê-la ocorreu de forma inusitada.

“Não pensei em erguer a taça, na verdade não sabia o que fazer com ela quando a recebi do Rei Gustavo. Na cerimônia de entrega da Jules Rimet, a confusão era grande, havia muitos fotógrafos procurando uma melhor posição. Foi então que alguns deles, os mais baixinhos, começaram a gritar:

“Bellini, levanta a taça, levanta, Bellini!”, já que não estavam conseguindo fotografar. Foi quando eu a ergui”, conta.

Passados 65 anos da conquista, cabe a nós reverenciarmos os precursores da história do Brasil, hoje pentacampeão mundial. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) presta seus agradecimentos aos 22 atletas campeões da Copa do Mundo de 1958.

GOLEIROS

Gilmar – Corinthians

Castilho – Fluminense

DEFENSORES

Bellini – Vasco

Djalma Santos – Portuguesa

Nilton Santos – Botafogo

Orlando – Vasco

Mauro – São Paulo

Oreco – Corinthians

Zózimo – Bangu

De Sordi – São Paulo

MEIO-CAMPISTAS

Didi – Botafogo

Zito – Santos

Moacir – Flamengo

Dino Sani – São Paulo

ATACANTES

Pelé – Santos

Garrincha – Botafogo

Zagallo – Flamengo

Vavá – Vasco

Pepe – Santos

Dida – Flamengo

Mazzola – Palmeiras

Joel – Flamengo

VIA CBF

Foto – Arquivo CBF

Conquista do Tri em 1970 completa 53 anos

Há 53 anos, a tradição brasileira no futebol se tornava hegemonia. Depois dos títulos de 1958 e 62, faltava ao Brasil a terceira estrela na camisa amarela, sonhada em 66, mas conquistada em 70. O México, sede da Copa do Mundo, presenciou a maior Seleção de todos os tempos, eleita pela BBC o “melhor time” da história. Comandada por Mário Jorge Lobo Zagallo, a Canarinho se sagrou campeã com a vitória inesquecível de 4 a 1 sobre a Itália, em 21 de junho de 1970.

Inesquecível porque foi no Estádio Azteca, na Cidade do México, para mais de 100 mil pessoas, que Pelé se tornou sinônimo de Rei, ao chegar à sua terceira conquista de Mundial, jamais igualado até hoje, na sua despedida das Copas do Mundo. 

Inesquecível porque dificilmente se verá novamente um meio de campo e ataque formados por Pelé, Gérson, Jairzinho, Rivellino e Tostão. Dos 19 gols marcados pelo Brasil, 17 vieram do quinteto. Zagallo, campeão como jogador em 58 e 62, organizou a equipe para encaixar os craques dentro de campo.

Inesquecível porque dificilmente outro campeão do mundo virá a marcar gols em todas as partidas da competição, feito alcançado apenas por Jairzinho, o Furacão da Copa, que foi responsável por sete em seis jogos.

Inesquecível porque a beleza do jogo brasileiro se refletiu no placar da final de 4 a 1 e nos gols marcados. Pelé, com seus 1,73m, subiu mais alto que o defensor e abriu o placar com um lindo gol de cabeça, aos 18 minutos do primeiro tempo. A Itália empatou com Boninsegna, mas foi superada no segundo tempo com o show brasileiro. De fora da área, Gérson e sua Canhotinha de Ouro colocaram o Brasil em vantagem, ampliada pelo tento de Jairzinho. O desfecho do título veio com um dos gols mais marcantes de Copas do Mundo, que culminou no passe de Pelé para o chute de Carlos Alberto Torres, o capitão do Tri.

Inesquecível porque a Seleção Brasileira é, até hoje, a única campeã a vencer todos os jogos das Eliminatórias e do Mundial. Teve pelo caminho três campeões mundiais – Inglaterra, Uruguai e Itália -, além de Romênia, Tchecoslováquia e Peru, seleção sul-americana que era comandada pelo Folha Seca, Didi.

Inesquecível porque foi na estreia diante da Tchecoslováquia, que Pelé marcou o quase gol mais bonito da história. “O gol que Pelé não fez” aconteceu aos 41 minutos do primeiro tempo, quando o Rei, no alto de sua genialidade, percebeu que o goleiro adversário estava adiantado e arriscou o chute a 60 metros de distância. Por pouco, a bola não foi para o fundo das redes.

Inesquecível porque foi contra o Uruguai, na semifinal, que Pelé marcou talvez o segundo quase gol mais bonito da história. Desta vez, o adversário era o goleiro Mazurkiewicz, driblado por Pelé sem que o camisa 10 precisasse tocar na bola. Apenas o movimento corporal foi suficiente para superar o arqueiro. A bola, novamente, teimou em entrar para a Majestade do Futebol.

Inesquecível porque para superar a altitude de várias cidades mexicanas, a preparação física do Brasil precisou ser muito bem desenvolvida. Admildo Chirol foi o chefe do departamento e antecipou a chegada da delegação ao país em um mês, com o objetivo de aclimatar os atletas nas condições locais.

Inesquecível porque a Copa de 70 foi a primeira ser transmitida a cores para o mundo. Além disso, foi a pioneira a ser possível realizar substituições e aplicar cartões amarelos e vermelhos. 

53 anos depois, é importante relembrar os responsáveis pela conquista do Tri na Copa do Mundo de 1970, que ajudaram a construir o peso que a camisa da Seleção Brasileira carrega no futebol.

“Aquela seleção foi realmente inesquecível. O futebol dos nossos craques no México e a festa da torcida pelo Brasil fazem parte da minha vida até hoje. Gostaria de parabenizar nesta data todos os atletas, o Zagallo, que comandou o time com sabedoria, e os demais integrantes da delegação pela conquista histórica do futebol brasileiro em 1970”, afirmou o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues.

GOLEIROS

Félix – Fluminense

Leão – Palmeiras

Ado – Corinthians

DEFENSORES

Carlos Alberto Torres – Santos

Zé Maria – Portuguesa

Marco Antônio – Fluminense

Everaldo – Grêmio

Brito – Flamengo

Piazza – Cruzeiro

Baldocchi – Palmeiras

Fontana – Cruzeiro

Joel – Santos

MEIO-CAMPISTAS

Clodoaldo – Santos

Gérson – São Paulo

Rivellino – Corinthians

Paulo Cézar Caju – Botafogo

ATACANTES

Jairzinho – Botafogo

Tostão – Cruzeiro

Pelé – Santos 

Roberto – Botafogo

Edu – Santos

Dario – Atlético Mineiro

VIA CBF

Foto – Reprodução/FIFA