Decisão afeta diretamente o setor aéreo e agrava tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo
A China decidiu suspender as entregas de aeronaves da fabricante americana Boeing para suas companhias aéreas, em resposta direta à nova rodada de tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos chineses. A medida foi divulgada nesta terça-feira (15) pela Bloomberg e representa mais um capítulo na crescente disputa comercial entre os dois países. Washington havia anunciado recentemente tarifas de até 145% sobre mercadorias importadas da China.
Além de interromper a entrada de novos aviões da Boeing, o governo chinês recomendou que as empresas aéreas locais deixem de adquirir peças e equipamentos de aeronaves de fornecedores norte-americanos. Essa orientação deve aumentar significativamente os custos de manutenção da frota já em operação no país, composta em grande parte por aeronaves americanas.
Pequim também estuda formas de apoiar financeiramente as companhias que têm jatos da Boeing sob contratos de leasing, diante do impacto causado pelas tarifas elevadas. A decisão busca proteger o setor aéreo doméstico de prejuízos mais profundos, em um momento de tensão crescente nas relações comerciais bilaterais. Até agora, a Boeing não se manifestou oficialmente sobre a decisão.
A fabricante americana enfrenta um cenário delicado. A China, que é um de seus maiores mercados em crescimento, já demonstrava preferência pela rival europeia Airbus. Agora, com a nova restrição, a posição da Boeing no país se fragiliza ainda mais. As ações da empresa chegaram a cair 2% no início do pregão, reflexo da preocupação dos investidores com as consequências desse novo entrave.
As principais companhias aéreas chinesas – Air China, China Eastern Airlines e China Southern Airlines – tinham planos para receber 45, 53 e 81 aviões da Boeing, respectivamente, até 2027. A suspensão dessas entregas representa um grande revés não apenas para a fabricante americana, mas também para o fluxo comercial entre os dois países, que já vinha sofrendo com instabilidades desde o ano passado.
Essa nova medida chinesa está alinhada com a política adotada recentemente por Pequim, que também elevou as tarifas sobre importações dos Estados Unidos para até 125%. Especialistas alertam que a continuidade dessa guerra tarifária pode levar a uma desaceleração ainda maior no comércio bilateral, que movimentou mais de US$ 650 bilhões em 2024.