Saiba quais são os cuidados respiratórios em situações de queimadas e dispersão de fumaça

Em meio a uma série de focos de queimadas no interior do Estado, os cuidados com a saúde precisam ser reforçados. A inalação de fumaça pode aumentar os riscos de infecções respiratórias agudas, especialmente nas crianças e nos idosos. 

Para ampliar a capacidade de atendimento, no último domingo (25), o Governo de São Paulo anunciou um plano emergencial na área da Saúde, especialmente na região de Ribeirão Preto, uma das áreas mais atingidas pelo fogo.

Coordenado pela Secretaria de Estado da Saúde e o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HC-FMRP-USP), o pacote de ações apresentado aos 26 municípios da região prevê a ampliação dos serviços de telemedicina, com médicos que ficarão disponíveis 24h por dia para orientar as equipes de saúde e encaminhar os casos mais graves para hospitais de referência.

Confira abaixo as principais recomendações:

  • Pacientes com asma, DPOC e rinite alérgica devem manter o tratamento regular com sua medicação inalatória (bombinhas);
  • Quem não faz uso frequente, deve utilizar a bombinha regularmente, neste momento, para o tratamento para asma ou rinite, antes dos sintomas se agravarem;
  • Obter medicação usada em quadros críticos anteriores e utilizar o mais cedo possível, caso iniciem sintomas respiratórios;
  • Se possível, não sair de casa. Vedar portas e janelas;
  • Se precisar sair de casa, usar máscara, preferencialmente, PFF2/N95;
  • Evitar locais com grande concentração de fumaça. A fumaça é tóxica e pode causar problemas respiratórios imediatamente;
  • Quem tiver contato direto próximo a áreas de queimada, se apresentar sintomas respiratórios como falta de ar, chiado no peito, tonturas, dor de cabeça, procurar atendimento médico;
  • Beber água. A hidratação é muito importante para a via aérea. Atenção especial com crianças e idosos, pelo maior risco de desidratação;
  • Lavar o nariz e olhos com soro fisiológico;
  • Umidificadores podem ser usados, mas precisam ser limpos diariamente. Usar toalhas molhadas e bacias com água, caso não tenha umidificador em casa;
  • Suspender a prática de atividade física ao ar livre nos próximos dias.

Por: Redação/Gov.SP

Aumenta no Rio Grande do Sul risco de doenças infecciosas

Pesquisadores do Observatório de Clima e Saúde do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde da Fiocruz (Icict/Fiocruz) alertam, em nota técnica, para o aumento da incidência de doenças respiratórias (covid-19, gripes e resfriados e tuberculose), doenças gastrointestinais (hepatite A e diarreia infecciosa), doenças transmitidas por vetores (principalmente a dengue) e leptospirose entre a população do Rio Grande do Sul.

Outro perigo deste momento pós-enchentes é o maior número de acidentes com animais peçonhentos, que podem aparecer dentro das casas com a baixa das águas.

“Historicamente, as regiões dos vales (incluindo a região metropolitana de Porto Alegre), a depressão central e litoral norte do estado têm maior incidência de acidentes com animais peçonhentos. Com a subida do nível das águas podem ocorrer mais acidentes com aranhas e serpentes, assim como aumenta o risco da transmissão de doenças transmitidas por água contaminada e vetores, como leptospirose, diarreias e dengue. Essas doenças estão mais concentradas no verão, mas podem se estender nos próximos meses devido às alterações do ambiente original causadas pelas chuvas intensas e enchentes”, explica o pesquisador do Observatório de Clima e Saúde, Diego Xavier.

“A sobreposição desses riscos, nas mesmas áreas e no mesmo período, exige do sistema de saúde maior capacidade de realizar diagnósticos diferenciais e de identificar os casos mais graves, que precisarão de internação hospitalar ou tratamento especializado”, complementa Christovam Barcellos, também pesquisador do Observatório.

Os pesquisadores chamam a atenção para outra questão importante nessa etapa da tragédia: a saúde mental dos desabrigados, dos profissionais e dos voluntários que estão trabalhando na emergência. As perdas materiais e/ou de parentes e amigos podem causar aumento de casos de transtorno de estresse pós-traumático, depressão e ansiedade.  

De acordo com estudo divulgado pelo Observatório de Clima e Saúde, as doenças crônicas, como diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares e transtornos mentais podem se descompensar devido à interrupção do acesso a medicamentos e cuidados médicos contínuos.   

A aglomeração de pessoas nos abrigos, as obras de recuperação das cidades atingidas e o contato com água contaminada estão entre os motivos que podem causar o aumento da maioria dos problemas relacionados à saúde. Neste momento em que as ruas estão cheias de lixo e entulho à espera de coleta, lesões físicas, como cortes, fraturas, contusões e até queimaduras, também se tornam frequentes.  

A nota técnica ressalta ainda que existem 1.518 estabelecimentos potencialmente poluidores dentro da área que foi inundada. São indústrias, terminais de transporte, obras civis, estabelecimentos comerciais e depósitos que, invadidos pelas enchentes, podem expor a população a substâncias tóxicas nos meses posteriores ao desastre.  

“Sabemos que o momento é difícil e que muitos serviços ainda precisam ser restabelecidos, mas, para diminuir os riscos para a população, é importante que o sistema de saúde implemente iniciativas de cuidado coletivas, como campanhas de vacinação, fornecimento de água potável e de instalações sanitárias adequadas nos abrigos, o controle de vetores, o acesso contínuo a medicamentos e cuidados médicos para os doentes crônicos, além de serviços de apoio à saúde mental da população e das pessoas que estão trabalhando na emergência”, afirma Diego Xavier.

Envelhecimento da população vai demandar mais vacinas para idosos

O continente americano, juntamente com o Brasil, está envelhecendo a um ritmo mais rápido do que a média global, e a vacinação tornou-se uma ferramenta crucial para garantir uma velhice saudável e independente, de acordo com especialistas que participaram da Jornada Nacional de Imunizações. Além de adotar hábitos de vida saudáveis, estar adequadamente vacinado pode prevenir infecções que poderiam sobrecarregar o corpo e levar a problemas crônicos.

O Programa Nacional de Imunizações (PNI), que celebrou seu 50º aniversário neste mês, oferece um calendário específico de vacinação para a população idosa. Além das vacinas recomendadas desde a infância, como hepatite B e difteria e tétano, que podem ser administradas em todas as faixas etárias, os idosos acamados ou residentes em abrigos também devem receber a vacina pneumocócica 23-valente.

Pessoas com mais de 60 anos também devem ser avaliadas para receber vacinas como a tríplice viral e a febre amarela, que utilizam vírus vivos atenuados. Além disso, campanhas anuais de vacinação contra a gripe e a imunização contra a COVID-19 são consideradas prioritárias para essa faixa etária.

Para indivíduos idosos com condições de saúde específicas, como diabetes, podem ser necessárias recomendações adicionais de vacinação. Nesses casos, é importante procurar um médico que possa encaminhar o paciente para os Centros de Referência em Imunobiológicos Especiais (CRIE).

Lely Guzman, assessora de imunizações da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), destaca que a vacinação de idosos foi uma das principais preocupações da organização ao instituir a Década do Envelhecimento Saudável entre 2021 e 2030, pois no final desse período, uma em cada seis pessoas na América terá mais de 60 anos.

“Há uma baixa prioridade para o envelhecimento nas políticas públicas”, afirma Lely. “Os calendários de vacinação ainda são insuficientes diante do desafio e do potencial das vacinas para os idosos”.

As infecções respiratórias, como a influenza, o vírus sincicial respiratório e a COVID-19, representam algumas das maiores ameaças que podem ser prevenidas por meio da vacinação em idosos. A geriatra Maisa Kairalla, professora da Universidade Federal de São Paulo, alerta que essas doenças podem levar a hospitalizações prolongadas e reduzir significativamente a qualidade de vida e a autonomia dos idosos.

Apesar de ser prevenível por vacinação desde a década de 1990 no Brasil, a influenza ainda afeta gravemente os idosos, sendo responsável por 70% das mortes relacionadas a gripes nessa faixa etária. Além disso, a doença pode agravar condições crônicas como cardiopatias e diabetes, aumentando o risco de complicações graves.

O vírus sincicial respiratório, embora seja uma das principais causas de internações respiratórias em bebês, é mais fatal em idosos. Recentemente, foram desenvolvidas vacinas e anticorpos monoclonais contra esse vírus nos Estados Unidos, e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está avaliando o registro da farmacêutica Pfizer no Brasil.

Outra ameaça à qualidade de vida dos idosos é o herpes zoster, uma doença causada pelo mesmo vírus da catapora, que pode reaparecer na forma de herpes zoster após a velhice. A incidência dessa doença é alta entre os idosos, atingindo até 50% daqueles com 85 anos ou mais. A vacinação contra o herpes zoster está disponível em clínicas privadas no Brasil e é recomendada para pessoas com mais de 50 anos ou com imunossupressão a partir dos 18 anos.

Além de dores intensas, o herpes zoster pode causar complicações graves, como cegueira, paralisia facial e dor crônica, que pode durar anos. A gravidade da doença aumenta com a idade do paciente.

A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) também recomenda que todos os idosos busquem a vacinação contra os pneumococos, por meio das vacinas pneumocócicas valentes 13 e 15, que estão disponíveis em clínicas particulares. Essas bactérias podem causar não apenas pneumonia, mas também infecções nas meninges e casos de sepse.

A inclusão de vacinas disponíveis apenas em clínicas privadas no Programa Nacional de Imunizações depende de vários fatores, incluindo custo-benefício e garantia de disponibilidade contínua. O diretor do Programa Nacional de Imunizações, Eder Gatti, enfatiza a importância de avaliar cuidadosamente a incorporação de tecnologias vacinais devido aos altos custos envolvidos.

O desafio do envelhecimento rápido requer uma abordagem proativa e abrangente, garantindo que a população idosa tenha acesso às vacinas necessárias para manter uma vida saudável e ativa.

Fonte EBC