29ª edição da Agrishow terá mudanças de acesso e novos espaços

Ampliação da estrutura e melhorias no acesso à feira foram ações anunciadas pelos organizadores da 29ª Agrishow, em coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira, 3. Os representantes do maior evento da América Latina em tecnologia de agricultura em movimento anunciaram que esperam igualar ou superar o número de negócios gerados durante a feira em 2023, quando foi alcançada a marca de R$ 13,29 bilhões em vendas de máquinas agrícolas, de irrigação e de armazenagem.

Em uma área de aproximadamente 600 mil metros e mais de 800 marcas presentes entre nacionais e internacionais, cerca de 100 a mais em relação ao ano anterior, a feira alcançou os limites territoriais do espaço que ocupa e um público recorde de aproximadamente 200 mil pessoas. Novos investimentos em estrutura foram feitos para a nova edição, dentre eles a construção de novos sanitários e adequação dos banheiros já existentes; instalação de novos food trucks; pontos de hidratação; wi-fi free acessado pelo aplicativo da Agrishow e, principalmente, novos acessos à feira, que contribuem para melhoria do congestionamento causado durante os cinco dias de feira.

A abertura do evento também sofreu mudanças, já que o evento passa a acontecer no domingo, dia 28 de abril, reunindo expositores e autoridades. O presidente da feira, João Carlos Marchesan, falou sobre a expectativa positiva para a nova edição. “Esperamos para este ano, pelo menos o mesmo valor registrado no ano passado”, disse Marchesan, ressaltando os investimentos no evento neste ano.

Já o prefeito, Duarte Nogueira, ressaltou que a Agrishow se tornou um dos mais importantes eventos da cidade, tanto na geração de empregos, que supera a marca dos 7 mil, como na movimentação econômica, já que serão injetados no comércio e serviço local, cerca de R$300 milhões. “Durante a edição do último ano, 100% das hospedagens no segmento foram ocupadas no município. Nas cidades da região, o percentual atingiu 80%, além das hospedagens geradas por plataformas de aluguel de casas. Em relação a pousos e decolagens, o aumento foi de 307% em relação a dias normais, conforme a gestão do aeroporto Leite Lopes”.

“A Agrishow é a vitrine do Brasil que funciona, que produz alimentos e energia renovável, que são os dois binômios que o planeta persegue: alimento e energia. Nós brasileiros, agricultores e produtores, alimentamos a população brasileira, além de 800 milhões de pessoas que dependem da agricultura nacional. Por isso, a feira é do Brasil e do mundo e serve mais uma vez para compartilhamos esse salto tecnológico com o mundo”, afirma Nogueira.

Ibama cria plataforma para acompanhar recuperação ambiental

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) anunciou a criação da Plataforma de Acompanhamento da Recuperação Ambiental (Recooperar), uma ferramenta inovadora que concentrará informações cruciais sobre áreas degradadas ou alteradas em todo o Brasil. A medida, oficializada por meio de norma publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira, 2, entrará em vigor a partir do próximo dia 15.

A Recooperar não apenas reunirá dados sobre ações de recuperação ambiental lideradas pelo Ibama, mas também integrará processos administrativos de âmbito municipal e estadual relacionados a áreas degradadas. Além disso, a plataforma fornecerá informações geográficas abrangentes, incluindo detalhes sobre biomas e hidrografia, e identificará características específicas das áreas, como sua destinação (se pertencentes a unidades de conservação, territórios quilombolas, terras indígenas, ou se possuem Cadastro Ambiental Rural – CAR).

Entre os dados incorporados à plataforma estão informações sobre áreas embargadas, Planos de Recuperação de Áreas Degradadas (Prads), projetos de plantio compensatório e reposição florestal, visando um monitoramento mais abrangente e eficaz das iniciativas de recuperação ambiental em todo o território nacional.

Atualmente, o acompanhamento dos processos do Ibama é realizado por meio da Plataforma de Análise e Monitoramento Geoespacial da Informação Ambiental (Pamgia), que oferece apenas consultas básicas. Com a Recooperar, haverá uma migração completa dos dados de outras plataformas do órgão, como o Cadastro Simplificado de Vetores do Ibama (CASV), proporcionando uma visão mais integrada e detalhada das ações ambientais em andamento.

A iniciativa da Recooperar é parte de uma estratégia mais ampla para implementar a Política Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa, alinhada aos compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, como o Desafio de Bonn e a Iniciativa 20×20, que visam a restauração de 12 milhões de hectares de áreas degradadas até 2030. A plataforma representa um passo significativo na gestão ambiental do país e na busca por um desenvolvimento sustentável.

Setor agrícola utiliza metade da água consumida no Brasil

Segundo dados da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), o Brasil consome em média 2,83 milhões de litros de água a cada segundo. De acordo com o Relatório da Conjuntura de Recursos Hídricos da ANA, o setor agrícola lidera o consumo, representando 50,5% do volume total, principalmente devido à irrigação. A professora Tamara Maria Gomes, do Departamento de Engenharia de Biossistemas da USP em Pirassununga, destaca que essa prática visa complementar o regime de chuvas na produção agrícola, sendo fundamental para atender à crescente demanda global por alimentos.

Entretanto, diante do desafio de conciliar o aumento da produtividade com a disponibilidade hídrica, Tamara ressalta a importância de adotar tecnologias que promovam a eficiência, considerando fatores como solo, clima e demanda hídrica das plantas. Além disso, destaca a necessidade de qualificar a mão de obra e implementar métodos que reduzam as perdas, como a fertirrigação e sistemas que aplicam água diretamente na raiz das plantas.

Outro aspecto abordado é o reúso da água na agricultura, regulamentado por legislação específica. Na indústria sucroalcooleira, por exemplo, a vinhaça é um subproduto que pode ser reaproveitado na irrigação das plantações de cana-de-açúcar, representando aproximadamente 25% das áreas irrigadas no Brasil. Com as projeções de aumento na prática do reúso, a gestão hídrica na agricultura assume um papel crucial para garantir a sustentabilidade do setor frente aos desafios climáticos futuros.

*Com informações de Jornal da USP

Amazônia corre risco de entrar em colapso em 2050, diz artigo

Um estudo liderado por cientistas brasileiros e publicado na revista científica Nature revelou uma preocupante perspectiva para o futuro da Floresta Amazônica. De acordo com a pesquisa, se medidas urgentes não forem tomadas, o ano de 2050 pode marcar o início de uma redução significativa na cobertura florestal da região.

A pesquisa, que reuniu 24 cientistas de todo o mundo, sendo 14 deles brasileiros, destaca a importância de combater o desmatamento como uma medida crucial para evitar um possível colapso parcial da floresta. A cientista Marina Hirota, uma das coordenadoras do estudo e professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), ressalta a necessidade de restauração ecológica e governança eficiente para proteger esse ecossistema vital.

Além disso, o estudo aponta para a urgência de lidar com as mudanças climáticas, que já afetam drasticamente a região amazônica. O aumento das temperaturas, secas extremas e o desmatamento são fatores de estresse que podem levar a um colapso irreversível da floresta. Os pesquisadores estabeleceram limites críticos, como o aumento da temperatura global e o volume de chuvas abaixo de determinados valores, que, se ultrapassados, podem acelerar esse processo de colapso.

Diante desses alertas, a pesquisa destaca a necessidade de ações imediatas para preservar não apenas a floresta, mas também as comunidades que dependem dela para sua sobrevivência. A mensagem é clara: é preciso agir agora para garantir um futuro sustentável para a Amazônia e para o planeta como um todo.

*Com informações de Agência Brasil

Brasil registra maior área queimada em 2023: 17,3 milhões de hectares

No ano de 2023, o Brasil testemunhou uma área devastadora de mais de 17,3 milhões de hectares consumidos por incêndios, revelando um aumento de 6% em comparação a 2022, quando 16,3 milhões de hectares foram impactados pelas chamas, conforme dados da plataforma Monitor do Fogo, do MapBiomas.

Essa vasta extensão queimada equivale a cerca de 2% do território nacional, superando o tamanho de estados como Acre ou Ceará. O ápice das queimadas ocorreu nos meses de setembro e outubro, totalizando 4 milhões de hectares atingidos.

O mês de dezembro de 2023 destacou-se, registrando 1,6 milhão de hectares queimados, a maior área para o mês desde 2019, início da série histórica. O MapBiomas aponta que o aumento, principalmente nas queimadas da Amazônia, está vinculado ao fenômeno climático El Niño, elevando temperaturas e tornando a região mais seca, condições propícias para a propagação do fogo.

A diretora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e coordenadora do MapBiomas, Ane Alencar, enfatiza que a redução de mais de 50% no desmatamento foi crucial para limitar a extensão afetada pelos incêndios na região. No entanto, os dados revelam que, em dezembro, a Amazônia foi o bioma mais impactado, com 1,3 milhão de hectares queimados, um aumento de 463% em relação ao mesmo período do ano anterior. Em seguida, o Pantanal e o Cerrado apresentaram 102.183 e 93.939 hectares queimados, respectivamente.

No cenário estadual, o Pará liderou como a unidade federativa mais afetada em dezembro, com 658.462 hectares consumidos pelo fogo, seguido de Maranhão (338.707 hectares) e Roraima (146.340 hectares), representando um aumento de 572% na área queimada em comparação ao mesmo mês do ano anterior.

Quanto ao uso e à cobertura da terra, em 2023, as pastagens sofreram o maior impacto, correspondendo a 28% da área total queimada. As vegetações nativas de formação campestre e savânica contribuíram com 19% e 18%, respectivamente.

Safra agrícola deverá superar 318 milhões de toneladas neste ano

A produção de cereais, leguminosas e oleaginosas no Brasil está prestes a alcançar números históricos em 2023, com uma previsão de fechar o ano em 318,1 milhões de toneladas, de acordo com o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa estimativa representa um aumento significativo de 20,9% em comparação com o ano anterior, um acréscimo de 54,9 milhões de toneladas. Além disso, a previsão atual é 1,5% maior do que a feita em agosto.

Entre os destaques para 2023, estão aumentos esperados de 26,5% na produção de soja, 12,3% no algodão herbáceo, 43,3% no sorgo, 19,6% no milho e 4,8% no trigo, em relação a 2022. A única exceção entre as principais lavouras é o arroz em casca, que deve ter uma queda de 5,1%. Esses números são impulsionados principalmente pelo aumento da produtividade devido às condições climáticas favoráveis nas principais regiões produtoras do país, embora o Rio Grande do Sul tenha enfrentado problemas devido à falta de chuva.

A área total a ser colhida em 2023 deverá atingir 77,8 milhões de hectares, representando um aumento de 6,3% em relação a 2022, o que equivale a 4,6 milhões de hectares a mais. O pesquisador do IBGE, Carlos Alfredo Guedes, destaca que a produtividade é o principal fator que impulsiona o aumento na safra deste ano, com boas condições climáticas na maioria das regiões produtoras.

Além dos cereais, leguminosas e oleaginosas, o IBGE também prevê aumentos na produção de outras culturas importantes para a economia nacional em 2023, como cana-de-açúcar (11,9%), café arábica (14,6%), mandioca (2,6%), batata-inglesa (1,4%), uva (11,8%) e tomate (1,6%). No entanto, são esperadas quedas na produção de café canephora (-7,3%) e laranja (-7,2%), enquanto a produção de banana deve se manter estável em relação ao ano anterior.

Essas projeções refletem a relevância do setor agrícola brasileiro e sua contribuição para a economia do país, destacando a importância de condições climáticas favoráveis e práticas sustentáveis de produção para garantir a segurança alimentar e o crescimento do setor.

Edição: Maria Claudia/Agência Brasil

Projeto inédito que monitora Mata Atlântica registra 273 alertas de desmatamento na região de SP

Entre junho de 2022 e julho de 2023, a Macrometrópole Paulista enfrentou 273 alertas de desmatamento, dos quais 118 ocorreram dentro de áreas de mananciais, de acordo com dados revelados durante um evento na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, realizado na última quinta-feira (28). Este evento marcou o lançamento de um hub digital de segurança hídrica.

Os resultados são provenientes do projeto “Monitoramento e geração de alertas de desmatamento nos mananciais da Macrometrópole Paulista”, uma colaboração entre o Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS), a Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), e com apoio do Map Biomas, financiado por uma emenda parlamentar de R$250 mil da deputada estadual Marina Helou.

A área analisada engloba 174 municípios e mais de 30 milhões de habitantes, correspondendo a 75% da população paulista. Nos sete sistemas de abastecimento de água que compõem essa região, a supressão total de vegetação ultrapassou 140 hectares.

“Os mananciais são absolutamente desconsiderados. São aterrados, assoreados e poluídos. A mudança do regime hídrico e a necessidade de regenerar os serviços da natureza estão nos levando a tratar a questão hídrica de forma mais radical. Esse projeto é apenas o pontapé inicial e cria a possibilidade de monitorar as ocorrências nos mananciais que são vitais para o abastecimento hídrico do estado”, explicou Ricardo Young, presidente do IDS.

O projeto envolveu o desenvolvimento de tecnologia de identificação automatizada de alertas de desmatamento, treinamento da equipe da Semil na utilização dessa tecnologia e transferência da ferramenta para uso contínuo pelo órgão após a conclusão do projeto. Além disso, foram iniciados experimentos para aplicar essa metodologia em outras partes do estado.

A deputada Marina Helou enfatizou a importância da segurança hídrica e a necessidade de cuidar das águas, destacando que “um planeta vivo é um planeta com água.” Este projeto visa promover a proteção dos mananciais vitais para o abastecimento hídrico do estado e monitorar as mudanças que afetam essas áreas sensíveis.

Inadimplência entre produtores rurais é de 28%, segundo levantamento da Serasa Experian

Um levantamento realizado pela Serasa Experian mostrou que, em julho deste ano, 28% dos produtores rurais do Brasil estavam inadimplentes. A pesquisa levou em conta as 27 unidades federativas. O head de agronegócio da Serasa Experian, Marcelo Pimenta ressalta que a inadimplência no agronegócio é menor do que a da população urbana. “É necessário dizer que comparado à população urbana a inadimplência no agro é menor, hoje é de 28%, enquanto na população urbana, por exemplo, é de quase 44%”, relatou.

O economista Newton Marques aponta algumas das possíveis causas da inadimplência do setor. “As principais causas podem ser os preços dos produtos que eles estavam plantando, produzindo ou criando, animais, que não teve o resultado esperado. Então, com isso, deixou de pagar. Bem como também pode ter acontecido um problema climático. E isso daí acaba também causando problemas para a receita desses produtores. Então, eles passam a ser inadimplentes”, elucidou.

O levantamento do Serasa Experian ainda traz uma curiosidade: quanto mais jovem o produtor rural, mais alta a possibilidade de ele estar inadimplente. Entre os produtores com idade entre 18 e 25 anos, a taxa de inadimplência é de 47,2%, esse número vai diminuindo no decorrer das faixa-etárias e entre os que têm mais de 60 anos o número cai para 23,2%. 


Sul tem menor nível de inadimplência rural

Observando os dados por região do país, o Sul apresentou o menor nível de inadimplência, com apenas 15% dos trabalhadores negativados. Na sequência estava o Sudeste, com 24,6%; o Centro-Oeste, com 30,4%, e o Nordeste, com 33,8%. A região com maior nível de trabalhadores rurais no vermelho é o Norte, com 40,1%.

A análise por Unidades Federativas mostrou que o Amapá apresenta o maior percentual de produtores rurais inadimplentes, com 53,4%; e Santa Catarina o menor, com 13,3%.

Para evitar situações de inadimplência, o head de agronegócio da Serasa Experian, Marcelo Pimenta, conta que são recomendadas duas estratégias: planejamento financeiro e seguro rural. “A gente recomenda dois tipos de abordagem: um é tentar sempre ter o seguro rural, porque isso evita com que ele tenha problemas financeiros em caso de um problema climático, por exemplo, afete a produtividade da produção deles como um todo. E o segundo ponto é um planejamento financeiro melhor. Então tem várias ferramentas hoje de acesso à educação financeira que ajudam a fazer esse planejamento. Então é uma combinação de planejamento e de seguro para evitar essa inadimplência”, reforçou.

Para produzir os dados foram analisados cerca de 10 milhões de perfis de pessoas físicas que possuem financiamentos da modalidade rural e agroindustrial no Cadastro Positivo, donos de propriedades rurais com Cadastro Ambiental Rural ou Cadastro Federal de Imóveis Rurais, distribuídos em todos os estados e no Distrito Federal.

Fonte: Brasil 61

Crea-SP fiscaliza empresas de agronomia na região de Ribeirão Preto

O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP) está realizando uma força-tarefa de fiscalização na região de Ribeirão Preto até o dia 22 de setembro. A iniciativa tem caráter orientativo e preventivo, com o objetivo de garantir que profissionais qualificados estejam à frente das atividades supervisionadas pelo Conselho, garantindo a segurança da população. A ação envolve 15 agentes do Crea-SP, que realizarão 400 diligências em 17 cidades, verificando o exercício profissional em empresas do agronegócio, agroindústria, e produtores rurais, bem como a aplicação de defensivos agrícolas e o uso de drones na pulverização. O Crea-SP já realizou 290 mil ações de fiscalização no primeiro semestre deste ano e planeja atingir a marca de 600 mil operações em 2023.

A região de Ribeirão Preto, com sua expressiva participação no agronegócio, concentra diversas propriedades rurais e empresas do setor, tornando a fiscalização essencial para assegurar a conformidade das atividades com as normas e regulamentos. O Crea-SP tem buscado expandir suas ações de fiscalização e utilizar tecnologias para apoiar o trabalho dos agentes fiscais, aumentando significativamente o número de operações nos últimos anos.

Além disso, o Conselho oferece canais para o registro de denúncias e reclamações, contribuindo para a supervisão e segurança das atividades profissionais na área de engenharia e agronomia. Acesse o site para dúvidas.

Desmatamento imparável; terras privadas têm 62% do Cerrado nativo 

De acordo com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), 62% do Cerrado nativo no Brasil estão em propriedades privadas, levantando preocupações entre ambientalistas devido ao fato de o Código Florestal permitir que até 80% do Cerrado seja desmatado nessas terras. Dados do MapBiomas revelam que 85% do desmatamento ocorrido no Cerrado entre 1985 e 2022 ocorreu em terras privadas, e, atualmente, estima-se que o bioma tenha apenas 48% da sua vegetação nativa original. 

O avanço do agronegócio em estados como Tocantins, Bahia, Maranhão e Piauí indicam que o desmatamento no Cerrado deve continuar elevado, com aumentos significativos nas áreas de pecuária e agricultura. Com apenas 12% do Cerrado nativo em unidades de conservação e terras indígenas, há preocupações de que os proprietários privados possam comprometer a maior parte do bioma restante.

A diretora de Ciência do Ipam e coordenadora do MapBiomas Cerrado, Ane Alencar, destacou que é preocupante que a vegetação nativa do bioma esteja tão concentrada em terras privadas devido ao baixo nível de proteção legal do Cerrado.  

“Entretanto, o mercado tem sido cada vez mais cobrado por uma produção livre de desmatamento e com menor impacto ambiental. Essa cobrança pode ser aliada importante para reduzir a pressão sobre os remanescentes (de Cerrado Nativo) dentro de imóveis rurais”, ponderou.  

Para a especialista, o papel do Poder Público é o de fiscalizar o cumprimento das regras, além de melhorar os procedimentos para autorização do desmatamento, seja federal, estadual ou municipal, “aumentando a transparência e governança sobre essas autorizações e evitando que pessoas acabem desmatando de qualquer jeito”

O diretor executivo do Instituto Cerrados, Yuri Salmona, ressaltou a importância de mudanças na legislação para proteger o Cerrado não apenas em termos ambientais, mas também para a economia e a qualidade de vida no Brasil, dado que o bioma é a fonte de oito das principais bacias hidrográficas do país. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, recentemente defendeu o conceito de “desmatamento zero” no Cerrado, especialmente diante da taxa de desmatamento cinco vezes mais rápida do que a Amazônia, de acordo com um estudo da Universidade de Brasília (UnB).

Informações: Graça Adjuto/Agência Brasil